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domingo, 4 de julho de 2010

Para memória Futura...

9 comentários:

Anacleto Fontaínhas disse...

Desde os mais tenros anos da minha infância que me habituei a admirar a arte do 'maçarico', que, de resto, não é exactamente esta que este bem realizado documentário nos mostra.
Mas seja este ramo da arte (uma arte que, apesar de produzir peças em miniatura, não deixa de ser uma arte maior!), seja a do maçarico propriamente dito, é necessário serem particularmente acarinhadas e incentivadas.
Agora que foi anunciado o encerramento da Jasmim, pouco mais resta a esta pobre ‘capital’ vidreira, para não deixar morrer a sua memória e a sua identidade, do que incentivar este tipo de projectos e dá-los a conhecer de uma forma mais ampla, mais universal, se assim quisermos.

Depois de tudo o que tem vindo a acontecer à nossa indústria vidreira manual, as responsabilidades do nosso Museu do Vidro ficam acrescidas se não quiser, ele próprio, desaparecer, se não no sentido de deixar de existir, pelo menos no de deixar de ser algo concreto onde os portugueses (e não só) possam colher informação e conhecimento sobre o que a indústria vidreira representou para Portugal.
Se o projecto do Museu do Vidro tivesse contemplado, como devia, logo à partida, uma pequena operação onde alguns (poucos) mestres vidreiros mostrassem a sua arte, hoje o seu projecto estaria substancialmente mais consolidado e poderia ser apresentado como um sólido pilar do nosso minguado cartaz turístico.
Oxalá os poderes locais (e os marinhenses no seu todo) saibam fazer a leitura correcta da situação que actualmente se vive e metam ombros à tarefa de dotar a Marinha Grande e o seu Museu do Vidro com um estúdio onde experimentados artistas do vidro continuem a perpetuar a arte que nos foi legada e que foi a alma desta nossa terra.
É evidente que não estamos a preconizar a criação de uma estrutura pesada que levaria, inevitavelmente, ao fracasso de tal projecto. O que preconizamos é um projecto simples, onde um limitado número de artistas mostrassem a encantadora arte de fazer peças em vidro e onde quem nos visita veja como é belo fazer peças em vidro!

Vinagrete disse...

Infelizmente, uma após outra, as memórias de um povo caldeado à boca do forno, vão-se apagando.
Mesmo que muitos não gostem de ouvir falar em fim de ciclo, é chegada a hora de encarar os factos e tentar preservar, na medida do possível a arte e a tradição vidreira, porque é esta a matriz a que todos estamos ligados. Poucos marinhenses não terão, na sua família, algum dos seus membros que não "levou acima".
Artistas como o mestre Esteves, o Poeiras e muitos outros, terão que ser os actores do relançamento da arte de manipular o Vidro, agora num contexto diferente.
Como diz o "Anacleto Fontaínhas", não sendo possível manter um tecido produtivo e empresarial viável, é possível e desejável, que se concretize a parte do projecto do Museu do Vidro que ficou na Gaveta. O Museu Vivo.
Sem empresas a produzir, com a porta aberta para os visitantes, como era o caso da Jasmim, o Museu do Vidro vai perdendo importância e definhará, sem apelo nem agravo, lentamente, até ele também fechar portas.
É bom lembrar que a ambição de ter um Museu ligado à nossa história, remonta a 1967, altura em que foi criada uma Comissão Instaladora.
Durante décadas, nada aconteceu, mas a partir de 1995, as coisas começaram a mudar. Se a estratégia do Estado não passava por criar mais museus nacionais e se era esse o grande obstáculo, "albardou-se o burro à vontade do dono" e deram-se passos consequentes no sentido da concretização deste velho sonho.
A Autarquia, com o apoio unânime de todas as forças políticas e socias do Concelho, conseguiu concretizar uma negociação difícil com o Governo e a cedência das instalações da FEIS, ainda que em regime de comodato, permitiu termos o Palácio a funcionar como Museu e o edifício administrativo como Biblioteca.
Era na altura e deveria ter continuado a ser, um desígnio dos autarcas de então, criar o Museu Vivo, complemento fundamental do que foi feito na primeira fase.
Para dar consequência estratégica à fabricação de peças ao vivo, a Câmara tentou adquirir a marca Stephens que era propriedade da Mortensen, com a vantagem de manter aquela marca histórica como património da cidade e do museu e injectar capital na Mortensen, que passava por momentos difíceis que a levaram ao encerramento.
No auge de disputas políticas e pessoais absurdas, foi o então Presidente do Sindicato Vidreiro, na primeira página de um jornal regional, acompanhado por um conhecido comendador cá da terra, que declararam que a marca "Stephens" não valia nada e a Câmara se preparava para desbaratar dinheiros públicos.
Não sei quem tem a posse da marca que tornou a FEIS conhecida no Mundo, mas é fundamental que ela seja posta ao serviço do Museu.
Para mim, mais importante que discutir piscinas, apoios sociais de duvidosa bondade ou o mercado mais acima ou mais abaixo, é a manifestação clara e inequívoca da Câmara de que não vai deixar morrer a arte do vidro manual, avançando com o projecto do Museu Vivo, onde alguns daqueles, que atirados para o desemprego, desesperam por não saber onde exprimir o saber e qualidade artística que fazem parte do seu código genético.
Haverá muita coisa que nos divide, mas neste caso, é minha convicção pessoal, que até mesmo aqueles que desvalorizaram a marca Stephens, cerrarão fileiras para que se não percam as raizes que nos ligam a esta terra.

Pirolito disse...

Apoio incondicionalmente ambos os comentários anteriores e aproveito para saudar as intervenções, tanto a do Anacleto Fontaínhas como a do Vinagrete. Ambos sabem bem do que falam.

Gostei muito daquela lembrança sobre a atitude do presidente do Sindicato Vidreiro no que diz respeito à marca Stephens.
Brilhante carola aquela, sim senhores!... E que elevado amor à sua terra e ao sector que representava!... Foi com ajudas destas que a nossa indústria vidreira progrediu. Vê-se.

Anónimo disse...

Para mim é inequívoco que a Marinha Grande sem a "ARTE VIDREIRA", deixará de ter uma identidade própria. Assim, apelo a todos os meus conterrâneos marinhenses, e não só, também a todos que têm uma grande afinidade com esta linda terra, e sei que são muitos, que por todas as formas façam chegar ás forças políticas um apelo à reflexão, sobre esta "CATÁSTROFE", que está a fazer desaparecer a Marinha Grande.

Anónimo disse...

http://imgs.sapo.pt/sapovideo/swf/flvplayer-sapo.swf?file=http://rd3.videos.sapo.pt/m3Y6VARouOS58Fz6kotC/mov/1

Flor do Liz disse...

Apoio os comentários anteriores.
Relativamente á atitude do Sr Presidente do Sindicato Vidreiro só tenho a dizer:
É o que dá, porem pessoas a falar sobre assuntos para os quais nem têm o mínimo de sensibilidade.

MFerrer disse...

Cheguei aqui por via doutro blog.
E gostei.
Pena que a situação da indústria do vidro, esteja como está quase tudo neste nosso Portugal.
Não sou nem serei pessimista mas também não compreendo como se quer salvar uma indústria importante ...fazendo um museu?!
A situação de quase toda a média indústria portuguesa como a cerâmica, o vidro e a cortiça encontra-se neste estado por via da ignorância do marketing que foi coisa que nunca interessou aos donos das fábricas. Eles julgavam-se industriais e que o comércio era uma actividade menor e até sem categoria...
Vamos à Rep. Checa e os cristais estão por todo o lado onde estiver um turista. Em Praga há centenas de lojas dedicadas à pequena manufactura nacional.
Se formos a Veneza, então ficamos corados de vergonha: O que produzem nem se pode comparar em qualidade com os vidros portugueses. Mas vendem às carradas!
Porque^Porque investiram nas marcas, no design e na variedade. Quando se vai à ilha de Murano até s epode comprar um lustre de 3.000 peças que eles encarregam-se de o entrtegar em Lisboa ou em Caracas, incluindo seguro e montagem do mesmo. Depois, garantem peças de substituição por toda a vida.
Em Gusano são as rendas que se vendem. Tudo da melhor qualidade e a preços que pagariam muitos salários em Portugal...
Alguém conhece a cerâmica de autor na Galiza? O que vende?
Aqui vamos fazer um museu?
Um museu?
Santo Deus!
Uma pergunta?: Onde estão as lojas da Marinha Grande no Algarve e na Madeira?
Ou em Londres e Paris?
Cumprimentos!

Cigano Rico, com livre trânsito para New York, ao contrário de outros. disse...

Bom, sobre a Jasmim, eu espero que abra novamente portas, que sejam pagos os 60% do ordenado em falta e o mês de Junho. Estamos a falar de um Empresa e logo de funcionários que suportam essa mesma empresa e que agora continuam com contas por pagar.
Julgo que não foi pela falta da marca, da qualidade ou do design, que levou a que mais esta empresa também fecha-se as portas para “remodelação”. Se calhar até se gastou demais nessa mesma promoção. E agora faltou o tal fundo de maneio. Quanto à “nossa” MARCA do “nosso” vidro, andou por ai, com lojas aqui e acolá e também do outro lado do oceano, quanto é que isso nos custou? E a quem custou? Que dividendos tira-mos? Apenas 0 (zero)!
Porque a verdade, é que além de copiarmos, se vamos falar de tapetes de Arraiolos - foram ensinar e fazer para a China, Vinho do porto - foram ensinar e fazer para a China, Calçado – foram ensinar e fazer para a China, Mobiliário -foram ensinar e fazer para a China, Moldes e plásticos – foram ensinar e fazer para a China, cerâmica, foram também ensinar e fazer para a China. Mas…, se vamos falar de
Vidro artístico da Marinha Grande, escusam de ir, porque vai demorar muito tempo para eles aprenderem a fazer como se faz por cá, e ponho dúvidas se o vão conseguir fazer.
Venha dai o museu vivo para completar o projecto, porque sem as nossas raízes não somos nada!

folha seca disse...

Caro Mr Ferrer

Não posso deixar de em meu nome pessoal e no do largo das calhandreiras, deixar de lhe agradecer a sua visita e sobretudo o seu comentário. Aprendi há muito a perceber que para visualizar um "quadro" há que estar na distãncia certa. O meu caro demonstrou quão válida se mantem esta teoria.
Espero (esperamos) vê-lo por cá mais vezes.
Cumprimentos