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segunda-feira, 30 de abril de 2007

"Também tu, Brutus?"

Abril floriu, a Primavera rompeu o céu cinzento de Inverno, o Equinócio irmanou os dias e as noites, tornou-os iguais, desabrochou o cravo rubro da Liberdade - floriu a esperança, grelou o discurso. O psitacismo deitou grelo, não um grelo úbere, antes uma incontrolável mas previsível verruga arapuca.

Do cimo da varanda dos Paços do Concelho a centúria saudou o povo trabalhador e outros. O Presidente democraticamente eleito, demais autarcas, acólitos, capatázios, emplastros, empresários de espírito de Abril, imbuídos da mais fina e imaculada cultura democrática, impregnados do delicado aroma da liberdade, devolvem à cidade o esplendor das comemorações, a fulgência doutros tempos...
Barba non facit philosophum, é bem certo, mas o povo aguentou a pé-firme, para ouvir o que lhes tinha para dizer o mestre-de-cerimónias. Quando tem tempo o povo sabe esperar.
O exórdio nem correu mal, banal, como habitual, um pouco viscoso mas, fluído. A dinâmica e a capacidade de empolgar não são coisa que se adquira com facilidade, sabe-se, são um dom com que o Criador assinala os predestinados (o que manifestamente não é o caso!).
Bem, mas o pior, pior, estava para vir. A “ocasião faz o ladrão” e o parlador não se fez rogado. Passado o intróito seguiram-se pétalas de neo-sectarismo atípico, desenterrado sempre que convém identificar e afrontar o inimigo para não nos olharem para o umbigo. Clamando contra outros “neo”, os do grande capital (sim, que os do pequeno são uma bênção dos céus!…), o iluminado não resistiu a falar em nome da classe operária, a dar conselhos, a alertar os assalariados desatentos para os perigos dissimulados que apenas a bola de cristal da ortodoxia desvenda ante tempus, na saúde e na doença, no trabalho e no emprego, na educação. Moralista, discorre sobre os pecados da carne, da carne de meninas de alterne, de rameiras que ocuparão sem pudor e sob o olhar complacente dos obcecados pelo défice, as escolas dos meninos. Adulteram-se e aviltam-se os valores morais duma sociedade justa mas dá-se às putas o direito de por uma vez na vida frequentarem um estabelecimento de ensino oficial.
Mas o imaculado estava impenetrável e “avante camarada”, zurziu sem dó nem piedade neste governo de classe (estranho epíteto vindo de quem vem…) que procura na construção dos centros educativos mais umas negociatas para o apetite voraz do grande capital, zurziu sem dó nem piedade nos governos anteriores que também esbulharam o povo (sem que o compadre se apercebesse da alusão a Durão e a Santanão), zurziu sem dó nem piedade nos magnatas da comunicação, da propaganda, da manipulação, Balsemões e Tózés, que o tamanho não conta, o que conta é a intenção. Enfim, e com tanto por onde zurzir…
Foguetes anunciando o fim de festa e já Carla Alexandra, aluna do 11º ano, volta a casa sem saber o que o presidente pensa do futuro, Joaquim Rosa, vidreiro desempregado, sem saber o que se pode fazer para salvar a indústria vidreira, Cármen Sousa, viúva, pensionista, sem saber quando poderá ir de Picassinos ao Centro de Saúde nos transportes públicos, Afonso Prata, artista, sem saber qual é a política cultural para os próximos anos, Claudete Bernardes, comerciante, sem saber qual o futuro do Centro Histórico, Marco Rafael, fresador, sem sabor como a industria de moldes vai ultrapassar a crise, Zélia Aires, universitária, sem saber se um dia poderá voltar à sua terra, Relaxoterapeuta, andarilho, sem saber se vale a pena…

É bem certo, os nossos prosélitos políticos parecem talhados para esbanjar oportunidades, mas o povo não dorme. Quando tem tempo o povo mantém-se vigilante.
E já agora, não me venham com a conversa da “legitimidade democrática”, porque o uso que faço da "pena" tem a mesma natureza, se o presidente debita o que mais lhe aprouver também eu posso discordar do destempero da prosa. Viva Abril! Tenho dito!

quinta-feira, 26 de abril de 2007

25 de Abril - O Discurso

Discurso do Presidente da Câmara, Sr. João Barros Duarte, na noite das comemorações da Revolução de 25 de Abril de 1974, na Praça Stephens.



Amigos

Camaradas

Nesta data festiva, comemorativa da Revolução dos Cravos, que devolveu ao povo Português a liberdade e a cidadania democrática, em meu nome próprio e em nome da Câmara Municipal, desta tribuna, vos dirijo uma saudação Amiga e Fraterna.
Aos Militares de Abril, autores dessa preciosa herança que doaram ao Povo Português, aqui os recordamos com saudade e reconhecimento pela sua coragem e empenhamento democrático, que os determinou ao derrube da ditadura Salazarista, que nos oprimia, inspirada nos regimes de Mussolini e Hitler e, na altura apoiada pelo Governo da vizinha Espanha, dirigido pelo ditador fascista Francisco Franco.
Franco que na última Grande Guerra se havia aliado, e disso beneficiou para chegar ao Poder, aos Governos Fascistas beligerantes da Alemanha e da Itália.
A herança democrática da Revolução dos Cravos que os militares de Abril legaram ao País e ao Povo, trouxe-nos mudanças muito significativas e substanciais, que alteraram profundamente para melhor a qualidade de vida de todos os Portugueses.
Passou a haver Liberdade, direito de opinião e de reunião, sem risco de se ser preso e torturado pela polícia política como até então.
Passou a haver uma mais justa distribuição da riqueza produzida no país, que melhorou os ordenados dos trabalhadores alargou-se e democratizou-se no país, o direito ao ensino e à educação.
Melhorou-se e alargou-se significativamente a assistência social aos Portugueses, com aumento do número de beneficiados e do valor das miseráveis pensões de reforma.
Melhorou-se e alargou-se a assistência à saúde, com melhores cuidados médicos a custos acessíveis a todas as camadas da população a que até então muitos trabalhadores não tinham acesso.
Iniciou-se em todos os Concelhos do país, o alargamento das redes públicas de distribuição de água ao domicílio e de esgotos domésticos, que até então beneficiavam apenas reduzidas camadas da população.
A Revolução Militar e Social do 25 de Abril, foi o acontecimento mais importante na história de Portugal do século passado.
Acabou com a guerra colonial que ceifou milhares de jovens, estropiou outros milhares e destroçou centenas de famílias.
Cumpre-nos, em defesa de um futuro melhor, evocar neste dia a Revolução dos Cravos, como o marco que trouxe mais qualidade de vida, mais justiça social e mais alegria a mais alargadas camadas da população Portuguesa.
Foi o acontecimento com repercussão e admiração mundial, que repôs internacionalmente a credibilidade de Portugal como país livre e democrático.
Evocamos, agradecidos, com respeito e admiração, nesta data, do 33º Aniversário do 25 de Abril, a todos os seus Heróis, Civis e Militares, que tornaram possível o êxito da Revolução que nos retornou a Liberdade.
Aos militares que a concretizaram, desalojando do Poder o Governo despótico e obscurantista que governava, daqui os saudamos.
E aos civis, que com seus sacrifícios, alguns da própria vida, vinham há muitos anos, lutando contra a ditadura policial e belicista, daqui lhes prestamos a nossa homenagem. Esses civis com o seu trabalho revolucionário que desenvolveram ao longo dos quarenta e oito anos de ditadura, e que criaram junto do povo as condições para o êxito dos militares de Abril, na Revolução Social que hoje aqui e sempre comemoramos com regozijo e alegria.
É com sentido cívico e de justiça que nesta data comemorativa e festiva, recordamos com saudade, os momentos felizes que a todos e ao povo Português em geral, proporcionou a vitória dos ideais e da luta desses civis e militares do 25 de Abril.
Passados que estão trinta e três anos, rendemo-nos reconhecidos pela virtuosidade da vossa luta, numa entrega total pela conquista dos valores mais nobres do Homem . A Liberdade, Solidariedade e Fraternidade.

Mas Amigos e Amigas

Dirijo-me agora às camadas mais jovens sobretudo.
Não basta recordarmos e reconhecermos do porquê do 25 de Abril e dos benefícios que ele nos trouxe.
Alerta!
Porque o Regime de Liberdade e Democracia implantado após o 25 de Abril, começou de imediato a ser traído pelas Forças Políticas e Sociais, que com ele perderam algum Poder e Privilégios.
Perderam poder, mas não perderam influência e meios que lhes possibilitou moverem-se nos salões onde se armaram as traições, e definiam os ataques contra a Democracia e os seus defensores.

E meus Amigos,

Aqueles de nós que viveram esses difíceis momentos da periclitante consolidação da transformação, do que muitos pensavam ser apenas um golpe militar, mas que veio a ser uma Revolução Social o 25 de Abril, sabem por experiência própria, de que em política, nenhuma vitória é eterna, e nada se pode dar como conquistado em definitivo.
Hoje como então, temos um Governo de classe, que privilegia os poderosos e os interesses do grande capital que, como os Governos anteriores, vai a pouco e pouco esbulhando o povo que vive do trabalho, dos benefícios que o 25 de Abril deu.
Atente-se na política de propaganda e manipulação que tem ao seu serviço os patrões dos grandes órgãos de Comunicação Social, e até de alguns pequenos.
Como eles vendem gato por lebre.
É assim que, em nome de melhores cuidados de saúde encerram centros de saúde, roubando ao povo a única possibilidade que têm as pessoas de ter acesso a um médico.
Em nome, de falta de médicos, que se fosse real, e razão suficiente só os Governos eram os únicos culpados, pela continuada politica de numerus clausus que têm mantido no ensino superior, contra os interesses do país e das populações.
Nisso escondem que a principal razão e único objectivo da política de encerramento que o Governo está a levar a cabo dos Centros de Saúde, das maternidades e das urgências que deixa a maioria da população sem acesso a cuidados médicos, tem por único e exclusivo objectivo, criar condições para entregar aos interesses de capital privado a exploração do negócio da saúde.
É para favorecerem interesses privados e colocar professores no desemprego, domando e castrando a sua consciência democrática de resistência á implantação rasteira e sub-reptícia do autoritarismo e de programas elitistas, que o medo do desemprego alcança, que este Governo define e propõe como politica o encerramento de escolas por esse país fora.
Não importa que isso desenraíze os alunos das suas aldeias, e os retire do seio das famílias, criando condições para se adulterarem os valores de família e de solidariedade entre gerações.

Não importa, porque os edifícios onde actualmente funcionam as escolas vão ser vendidos contribuindo assim para no imediato ajudarem a tapar o buraco do Orçamento Geral do Estado.
E, nesses edifícios ex . escolas, passarem a funcionar discotecas e bares de alterne e prostituição, que adultera e avilta os valores morais duma sociedade justa.
É preciso criar negócios ao grande capital fabricando desta forma artificiosa, necessidade de construção de novos edifícios para instalação dos anunciados Centros Escolares.

É assim Meus Amigos:

Que este Governo com a capa da democracia, nos vai adormecendo e, impondo aumentos dos bens de primeira necessidade, como do pão, da saúde, dos combustíveis, da água, da luz e dos impostos.
E vai, causticando as classes mais modestas da população, depois de castrar
o poder reivindicativo do povo trabalhador com o desemprego e favorecimento dos salários em atraso, do encerramento de Empresas, que o grande capital, face á condescendência e até colaboração dos políticos que nos governam, vai deslocando seus negócios para outras paragens, onde têm melhores condições de exploração da classe trabalhadora.
E o atrevimento deste Governo dito Socialista mas ao serviço do capital, já chegou ao ponto de reduzir as pensões de reforma e os ordenados e demais regalias, que há anos estavam concedidas e consignadas nos contratos de trabalho, negociadas entre empregados e empregadores.

Foi assim, caros amigos, que se implantou o regime ditatorial que governou e explorou o país durante 48 anos, antes do 25 de Abril.

Meus amigos,

Nesta hora, em que há 33 anos a canção do Zeca Afonso foi a palavra de ordem da Revolução dos Cravos contra a opressão e a exploração de um povo martirizado pelas condições que agora o Governo vem tentar repornos, é hora de dizermos BASTA!
Tomemos consciência dos sinais preocupantes de desigualdades em que os ricos cada vez o estão a ser mais e em menor quantidade, e os pobres cada vez mais pobres, com mais dificuldades, impostas pela terrível política do desemprego e da precariedade.
Os salários dos trabalhadores cada vez são mais baixos e, escândalo dos escândalos, as remunerações dos administradores e outros dirigentes das empresas e instituições nacionais estão muito acima de média europeia.
Chegou-se ao cúmulo de a um ex-administrador da instituição bancária, a única ainda nacionalizada, se conceder uma pensão de reforma superior ao ordenado do Presidente da República pela prestação de, apenas, meses de trabalho.
Isto não são apenas sinais, são factos deveras preocupantes, que nos devem mobilizar para lutarmos contra o retorno ao passado, sem futuro para os nossos filhos.

Camaradas e Amigos,

A miséria e a pobreza nas formas mais deprimentes e odiosas, porque fruto da exploração do homem pelos poderosos detentores do capital, estão aí.
Só no nosso distrito são actualmente 23 mil os desempregados.
Não obstante, o crescimento exponencial do trabalho precário e sem direitos, é assustador.
Os jovens, as mulheres e os demais idosos são sempre os mais atingidos e os que mais sofrem.

Camaradas e Amigos,

É preciso todos tomarmos consciência das dificuldades e sacrifícios que esta política está a impor ao povo e determinarmo-nos e integrarmo-nos na luta por políticas que retomem os ideais de Abril e contra a recuperação das condições de exploração do passado.
Estamos numa terra de fraternidade, cheia de história, de tantas lutas pelas causas da Democracia, da Liberdade e por melhores condições de vida, onde o POVO É QUEM MAIS ORDENA.
Como cidadão e como autarca, convosco reafirmo o compromisso de prosseguir a luta pelo progresso e pela justiça social e pelos direitos e liberdades consagrados na Constituição de Abril de 1976.

Precisamos de Abril sempre renovado que valorize quem trabalha e quem produz. Precisamos de transmitir aos mais novos os valores e os princípios de Abril que nos animaram nos primeiros anos da Revolução dos Cravos.
Viva a LIBERDADE,
Vivam os revolucionários que fizeram a Revolução de Abril, civis e militares,
Vivam os trabalhadores,
Vivam os empresários de espírito de Abril,
Viva Portugal.

Marinha Grande, 24 de Abril de 2007

Discurso proferido pelo sr. Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande nas comemorações do 25 de Abril de 2007


Para ler e digerir...
Já agora, por acaso alguém sabe se o Sr. Bereador Artur aplaudiu o discurso do camarada presidente?

quarta-feira, 25 de abril de 2007

O Pior Português de Sempre!



Este homem,
mandou assassinar
mandou torturar
mandou calar
mandou prender
não descolonizou
alimentou uma guerra colonial sem sentido
fechou Portugal ao mundo
favoreceu o corporativismo
fomentou o analfabetismo
foi um ditador
foi um facínora!

Que jamais se apague da memória, para que jamais se permita que se volte a repetir.

VIVA O 25 DE ABRIL!

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Já era!...

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Para sermos sérios numa matéria destas há duas coisas que era importante nós, humildes municípes desta cidade, sabermos:
1) em que circunstâncias, por quem e com base em que argumentos é que a cambra tomou esta decisão
2) qual é a política de transportes e de mobilidade para a nossa cidade
Já agora, só para avivar a memória:
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REDE VIÁRIA, TRANSPORTES, E TRÂNSITO
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Criação de novos parques de estacionamento, nomeadamente na zona central da cidade.
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Criar um novo Terminal Rodoviário.
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Implementar o sistema de transportes urbanos do concelho.
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O FLC oferece um balde de pipocas a quem adivinhar que coligação ou partido inscreveu estas medidas no seu programa eleitoral. Vá lá, eu sei que há por aí quem saiba...
Aqui também havia qualquer coisa, mas pelo sim pelo não a informação já não está "on line".
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(tratou Agência Barbas & Autocolante)

sábado, 21 de abril de 2007

REVELAÇÕES BOMBÁSTICAS!

Ao contrário de outros o FLC não anuncia que vai fazer revelações bombásticas, o FLC faz revelações bombásticas. Ora aqui vai:

- Aproveitando a “boa onda”, a Universidade Dependente vai abrir um pólo em Leiria. O Ministério da Justiça já autorizou e deu luz verde às pretensões da Dependente de se instalar na Prisão Escola.

- Afinal confirma-se. O Primeiro Ministro é detentor duma Pós-Graduação em Engenharia Sanitária e o FLC pode prová-lo. Apresentamos aqui em primeira-mão o trabalho final de avaliação do Dr. Engº. Sócras relativo a essa Pós-Graduação, esta magnífica e revolucionária peça de mobiliário sanitário simplex, também conhecida por “Galactika”. Esta trabalho valeu a Sócras dezassete valores e o Prémio de Excelência e Inovação atribuido pela APLEPGES - Associação Portuguesa de Licenciados em Engenharia com Pós-Graduação em Engenharia Sanitária.
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- João Barbas Pedrosa, guia espiritual dos Socialistas do Distrito de Leiria e mentor do projecto "Fazer Filhos dá Saúde e Faz Crescer", afirmou estar convenciado que Marques Mentes está por trás de toda a “campanha difamatória” montada em torno da licenciatura de Sócras. O que JBP não sabe é que Marques Mentes está imparável e que depois de não ter ficado convencido com as explicações do primeiro ministro se prepara para desmascarar mais um “falta de carácter”. Desta vez as baterias vão ser apontadas a Rui Costa. Marques Mentes está “firmemente convencido” de que o médio benfiquista não é Maestro. As dúvidas parecem ter sido levantadas no decorrer duma conversa que Mentes teve com Vi Torino d'Almeida. Marques Mentes ter-se-à referido a Rui Costa como “o seu colega maestro”, ao que Vi Torino largou a rir - “meu colega, ah, ah, ah, essa é boa!”. Ganda nóia!
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- O neo-liberal João Barbas "the president" (inspirado pelo pequeno líder laranja), obcecado com o equilíbrio orçamental e preocupado com a falta de flexibilidade da lei que não lhe permite despedir pessoal e com o excesso de doutores & inginheiros na cambra, já mandou recolher todos os certificados de habilitações a ver se apanha algum com curso tirado na Dependente. Cuidado pessoal, pelo sim pelo não mais vale apresentarem o diploma da quarta classe dos adultos do que o canudinho. Vai lá vai...

terça-feira, 17 de abril de 2007

2007 Odisseia na Praça

Fez sábado de Aleluia oito dias que cumpri um ritual que há anos deslembrara. Desde que Dona Cintinha foi devolvida-sem-retorno à sua mamã (e minha prestimosa sogra!), por manifesta “falta de condições psicológicas para aturar um matóide da pior espécie”, que não madrugava pelas sabatinas para ir à praça.
Espreguicei-me a primeira vez marcavam os ponteiros sete e dez, mas só me ergui, constrangido por um incontrolável aperto na bexiga e com a uretra quase alagada, já o das horas tocava no oito. Levei a coisa a rigor como noutros tempos - tomei banhoca, escanhuei, untei os sovacos de desodorizante e vesti o fato de treino Desportex, impecavelmente vincado pela Lurdes Rata, a minha nova mulher a dias. Sobre uma camisa às riscas com três botões por casar, casaco de fato de treino aberto a três quartos, a adivinhar as peitaças, lá parti eu de bicicleta para a praça, exibindo com garbo um magnífico fio de oiro com a cruz de Cristo e um corno em marfim de dimensões generosas.
“É carago, Relaxoterapeuta, não foste à cama ou quê? Onde é que o vacão vai todo apinocado?” disparou Maria Suzete, calhandreira profissional do Bairro Mariano, mal tinha eu transposto o portão do quintal. “Foscasse Suzete, já um gajo não se pode levantar cedo para ir à praça. E a seguir vou à comprativa. Queres que te avie alguma coisa?”, “não vale a pena que ainda ontem fui ao Lider com a minha comadre”, despachou a vinagreira.
Chegado à praça decidi introduzir-me no funcional e arejado equipamento pelo “portão do peixe”. “Ó freguês, ó freguês, olha o carapau fresquinho!”, esganiçava uma pexina entradota acenando com dois exemplares meio esverdeados, agitados freneticamente nas mãos erguidas acima da cabeça. Olhei em redor, um asseio, um brinco, digno duma vistoria de olho arregalado dum zoiatra atento e dum acipreste voluntarioso. Ainda aprecei um robalote p’ra escalar, dos poucos que não eram de aviário (afiançou-me a pexina), mas quebrou-se-me logo o talante ao ver a balbúrdia que reinava na baiuca imunda e sarrosa - peixe, tripas, escamas, moscas, baldes de água suja por onde passava todo o “pexinho” amanhado, mais moscas, uma balança suja e desconchavada, um saco com notas e moedas (e escamas), uma caneca de café, restos de pão do pequeno almoço, uns tamancos e uma tabela de preços com moscas. Literalmente “uma caldeirada”. Mas pior fiquei quando olhei para o chão e vi a porra das calças de fato de treino, impecavelmente vincadas pela Lurdes Rata, e as alpercatas beiges, completamente encharcadas e decoradas com escamas. Francamente irritado não consegui conter um “foscasse, já me caguei todo!”. Pus as calças por dentro da meia branca com raqueta de ténis e segui caminho desconfortado.
Deixei para trás a gritaria das pexinas, mais as moscas, mais o peixe de aviário, mais as tripas, mais o ambiente climatizado, mais-grau-menos-grau, mais os baldes de “águas correntes” e mais as escamas, e entrei na “nave” principal da praça. Leguminosas, tubérculos, frutas, verduras, “o que me apetecia mesmo era um caldinho verde!”, pensei. Numa busca rápida tentei localizar a D. Alice do Valado, ou a D. Conceição de Amor, ou a Edite dos Cavalinhos. Em vão. “Já não conheço ninguém”, conformei-me. Foi então que ouvi uma voz trémula: “não leva nada?”. Virei-me e fixei um rosto cujos traços há muito não via mas que me eram familiares. “Então não se lembra de mim?” perguntou a anciã. “Sou eu, a Velhinha das Maçãs”. E era. “Aos anos que a não via…”, suspirei de saudade, “e eu a si”, retorquiu ela. “Então e a sua senhora, a dona Cintinha?”, “Está melhor que nunca!...”, despachei eu. “Então e vossemecê, como vai a venda?” questionei-a. Foi então que a Velhinha das Maçãs começou a desfiar o rosário. Contou-me que era a última (e a única) vendedora que ainda cultivava o que vendia, que o resto do pessoal não estava para isso e que compravam tudo aos espanhóis para depois venderem na praça e alguns nas suas lojas. Queixou-se da falta de fregueses, dos supermercados onde se vende tudo o que ali se encontra “e a preços mais em conta”, da falta de condições, e mais isto e mais aquilo e aqueloutro. A ladainha terminou como seria suposto, com a previsível e invariável frase “antigamente é que era bom!”. “Pois era, mas já lá vai…” rematei eu. Acabou por me oferecer uma couvinha p’ró caldo verde, com votos de “muitas felicidades e cumprimentos à dona Cintinha”. “Serão entregues!” afiancei-lhe despedindo-me da Velhinha das Maçãs.
Retomei a marcha e caminhei para nascente sem ter de romper por entre magotes de povo, como noutros tempos. Fui ao pão. O mesmo esmero, o mesmo asseio, o mesmo rigor regulamentar, aqui com a nítida vantagem dos farináceos não terem escamas nem cheiro a “pexinho”. Broa, bolos, enchidos, queijos. “Eram dois de centeio e uma broa, se faz favor”, pedi eu à jovem “padeirinha”, vestida com uma bata que carregava mais nódoas do que pecados a minha almanicha. Mostrou-me um sorriso com menos três dentes e enfiou a mão, envolta num saco de plástico “higiénico”, no ceirão do pão. “Aiiii, aiiii, um rato! Aiiii, aiiiiii, acudam...”. Rapazes, quando vi a cachopa a desfalecer e um ratinho empoleirado no cesto, saltei p’ra dentro da banca em socorro da catraia, espetei dois pontapés no ceirão, foi rato, foi padeirinha, foi pão! Pus cobro à aflição. O povo rodeou a banca, a padeirinha recobrou o ânimo e pasme-se, começou a insultar-me: “já viu, deu-me cabo da fornada! E agora? Parece impossivel, este espalhafato só por causa dum ratinho! E agora, quem é que me paga o prejuízo? E agora?”. “Agora, vou-me embora!” atirei eu já com a mostarda a subir-me ao nariz, “olha qui carago, vou em socorro da menina e ainda sou eu que tenho a culpa de estar um ratinho no poceiro do pão? Já não chegavam as calças a feder a peixe, ainda caguei o casaco de fato de treino com a porra da farinha!”. Senti-me injustiçado. Virei costas e deixei “meia praça” a discutir o sucedido e a dar razão à padeirinha. O costume...
Varado, contornei o recinto para me ir embora “por hoje e para os próximos dez anos já chega de praça!”. Absorto nos meus pensamentos de auto-comiseração nem reparei que entrei na zona das aves de criação. Apressado tentei alcançar o mais rapidamente possivel a porta da rua para evitar uma infindável sessão de espirros alérgicos. Mas a visita de estudo estava destinada a terminar em beleza. O chão, anti-derrapante e lavável, desinfectado três vezes ao dia, como obriga o normativo aplicável, encontrava-se abetumado de poia de galo, galinha, pintainho e pato. Nem vos conto. Perdi o pé numa cloaca avantajada e espalhei-me ao comprido, de bruços, sob a macia couvinha do caldo verde e meia dúzia de ovos duma senhora que estava a comprar pintos. Uma desgraça. Uma merda. Uma autêntica merda foi como ficou o fato de treino e mais a bela da couvinha oferecida pela Velhinha das Maçãs, decana dos produtores dos campos do Liz.
Ferido no orgulho (e numa asa), levantei-me e pontapeei com toda a fúria o que sobrava da couvinha. Passei pelo corredor das flores sem lhes respirar o pólen, para evitar novo ataque alérgico, e apressadamente cruzei a porta da rua com o alívio de quem acorda dum pesadelo. No preciso momento em que transpunha a soleira, em sentido inverso, um senhor já de idade, cabelho grisalho e pose institucional, envergando uma impecável réplica da fatiota de D. Quixote de la Mancha, entrava ufano e triunfal no mercado, saudando graciosamente vendedores, vendedeiras e fregueses, seguido de perto por um minorca barbudo que lhe servia de escudeiro. Ainda hoje estou para saber quem eram aquelas figuras saídas do livro de Miguel de Cervantes.
A caminho de casa, com a auto-estima em farrapos e o fato de treino em frangalhos, matutei na questão: “Será que vale a pena perder tempo com esta coisa do mercado? Por mim está o assunto arrumado! Enterrado! Vou à “comprativa” que é mais barato!”.

sábado, 14 de abril de 2007

Dois em Um - Frase da Semana e Adivinha da Semana

"Eles (comerciantes) têm aqui um aliado"

(Artur Oliveira ao Diário de Leiria)

Pois, pois...
Ainda segundo a notícia do Diário de Leiria sobre o transtorno que as obras no centro da Marinha estão a causar aos comerciantes e a alegada falta de estacionamentos, ficamos a saber que:
"Quanto ao estacionamento, Artur Oliveira garante que após a conclusão das obras serão criados lugares, com paquímetros, sendo que a primeira meia hora será gratuita. Revelou ainda que o actual estaleiro das obras será transformado num parque de estacionamento com capacidade para 300/400 lugares, e que estão já a ser estudados outros locais, como por exemplo a antiga fábrica de vidro J. Ferreira Custódio."
É caso para dizer: Em terra de moldes quem tem paquímetro é rei! (parece que os paquímetros são para medir a espessura da primeira meia hora)
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Adivinha da semana:
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como é que se introduz uma moeda num paquímetro?
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(fotografias do beredor das obras, devidamente autografadas, para as dez primeiras respostas correctas)

Ração de Combate


quarta-feira, 11 de abril de 2007

"Mercado Municipal - Não Obrigada!"

"Socialistas fizeram declaração de voto e ausentaram-se da sala"

Vereadores do PS recusaram discutir futuro do Mercado

A tentativa de discussão sobre o futuro do novo Mercado Municipal fracassou ontem em reunião de Câmara da Marinha Grande, depois dos três vereadores do PS terem feito uma declaração de voto e de se ausentarem da sala.
O presidente do Executivo , João Barros Duarte, não gostou da posição dos socialistas e transmitiu aos vereadores com pelouros, que a reunião de Câmara ficaria suspensa e continuou à tarde (18h00), como acabou por acontecer., mas os socialistas informaram o Executivo de que não podiam estar presentes por motivos de ordem profissional.
As divergências entre o Executivo liderado por João Barros Duarte e os vereadores da oposição, prendem-se com o destino a dar ao novo Mercado Municipal, construído há três anos junto ao Centro Comercial ‘Atrium’, mas que nunca funcionou por razões de ordem técnica.
Na declaração de voto, os vereadores do PS acusam o presidente da autarquia de ter adjudicado o estudo, para correcção das anomalias ao espaço apontadas pelo delegado de saúde, a uma empresa sua conhecida.
“Em 12 de Janeiro de 2007, o presidente da Câmara adjudicou a uma empresa por si escolhida, cujos critérios, capacidade e saber para esse efeito concreto nos é totalmente desconhecida, para sabermos agora avaliar da viabilidade da recuperação das instalações do Mercado Municipal e para fazermos uma avaliação económica do imóvel”, alegam os socialistas, criticando o facto da autarquia ter encomendado o estudo, que custou cinco mil euros, e que aponta um investimento de 2,3 milhões de euros no Mercado Municipal para que a infra-estrutura possa funcionar.
Na opinião dos socialistas, o estudo serviu apenas para “corroborar as posições políticas contra a abertura do mercado e não para solucionar as suas insuficiências. É o que se chama o dinheiro público ao serviço das posições político-partidárias”. “Não se trata efectivamente de um estudo, trata-se apenas de meter para o papel a posição política de um partido (PSD) que sempre se manifestou contra a abertura do novo mercado. Acredito até que este seja o tributo a pagar pela CDU ao PSD pela manutenção de coligação no Executivo camarário”, referem os vereadores.


Novo mercado?

O vereador das Obras Públicas do PSD, Artur Oliveira, lamenta a posição dos socialistas por não quererem decidir sobre o futuro do Mercado Municipal, que poderá passar pelo investimento de 2,3 milhões de euros, como aponta o estudo, ou pela construção de um novo edifício noutro local. “Estas são as duas soluções, mas em primeiro lugar é necessário a autarquia decidir, porque herdamos o problema do anterior Executivo”, alega o vereador.
O presidente da autarquia, João Barros Duarte, afirma que o estudo vai ser enviado à Assembleia Municipal - uma vez que a sugestão da elaboração do estudo partiu dos membros que integram o órgão deliberativo -, e só depois é que o Executivo tomará uma decisão
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(notícia retirada do Diário de Leiria)
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Vá lá a gente perceber estas cabecinhas pensadoras. Então a malta manda fazer um estudo para correcção das anomalias (em português corrente leia-se: um orçamento para obras de adaptação) pela módica quantia de 5.000 aerios, o dito estudo diz que as obras custam 2,3 milhões de aerios (milhões? ou andam a jogar muito monopólio ou anteciparam o dia de S. Martinho!...), e como ainda há muito tempo para decidir enviam o estudo à assembleia municipal para coisa nenhuma. E o Sr. Bereador das Obras ainda fica muito indignado porque os beriadores da oposição não querem decidir o futuro do mercado municipal. Ó Sr. Artur, então o Sr. ainda não percebeu que o único que está contra a abertura do novo mercado é V. Exa. e que o que está em causa é uma decisão política que compete aos senhores tomá-la?
Bom, uma coisa parece certa a crer nas palavras do ilustre responsável pelas obras, só há duas soluções, ou se gastam o 2,3 milhões ou se constroi um mercado novo, pelo que o velho só pode ser para fechar. Até porque, se para remodelar o novo são 2,3 milhões, para acondicionar os ratos no velho, upa, upa, nem consigo dizer o número que se me enrola a língua...
E já agora, não seria bom que a cambra disponibilizasse o estudo para consulta pública no seu sítio?

Agenda Cultural - Efemérides

A 1 de Abril comemora-se:

- Dia Internacional das Aves
- Dia Nacional dos Políticos
- Dia das Mentiras
- Dia Internacional do Livro Infantil

(informação retirada da Agenda Cultural de Abril/2007 da CMMG)

As coisas que a gente aprende...

terça-feira, 10 de abril de 2007

Premonição


Sempre que passo ao pé do Cristal Patium acontece-me uma coisa estranhíssima, sinto umas vibrações, uns tremores, uma espécie de energia transcendente. De súbito na minha mente forma-se uma imagem, a imagem duma sala de cinema e dou comigo a dizer de mim para: ó Zézé, o que aqui ficava bem era um cineminha.

Estou a ficar preocupado e começo a suspeitar que estou possuído. Se por acaso já mais alguém sentiu o mesmo, agradeço que partilhe essa experiência comigo.

segunda-feira, 9 de abril de 2007

E nós por cá?

Já começaram as obras em S. Pedro e esta é uma das placas que foi colocada à entrada.




Sr. Bereador Responsável Pelas Obras, não seria possivel arranjar umas placazinhas destas para por no centro da Marinha? É que ainda a semana passada fui para ir a um funeral e perdi-me...

Quem Mente? (vá lá ver se a gente descobre)

Afinal parece que o Quinho tinha razão, já há candidatos para inaugurar o gabinete de mediação de conflitos:

"Construção embargada em S. Pedro de Moel divide vereador e presidente de Câmara"
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João Paulo Pedrosa abandonou reunião de câmara
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O vereador do PS na Câmara da Marinha Grande, João Paulo Pedrosa, abandonou a reunião do Executivo de quinta-feira passada em conflito com o presidente da autarquia, João Barros Duarte.
A posição assumida por João Paulo Pedrosa surge na sequência de um artigo publicado no seu blog, onde chama mentiroso ao presidente da edilidade, por causa do sentido de voto numa reunião de Câmara em relação à construção (embargada) de duas vivendas em S. Pedro de Moel.
O vereador do PS diz que votou contra o projecto e o presidente da autarquia alega que o assunto foi aprovado por unanimidade. Na acta do dia 26 de Maio de 2006, João Paulo Pedrosa assegura que votou contra, mas o presidente da edilidade justifica que o assunto foi aprovado por unanimidade, numa outra reunião do dia 4 de Outubro de 2006.
“Estou de consciência tranquila porque o assunto estava bloqueado há vários anos e este Executivo desbloqueou-o, por isso não admito que me chamem mentiroso, como fez o senhor vereador”, afirma João Barros Duarte.
O autarca acusa João Paulo Pedrosa de “irresponsável” e “desonesto” ao ter abandonado a reunião de câmara de quinta-feira. “Sempre falei a verdade, e por isso não aceito a posição dele”, acrescenta Barros Duarte, adiantando que o assunto foi tratado pelo Executivo com toda a transparência.
Por seu turno, João Paulo Pedrosa justifica que a “deselegância” do presidente da autarquia levou-o a decidir pelo abandono da reunião. “Não gostei da forma como fui tratado pelo senhor presidente, por essa razão abandonei os trabalhos”, sublinha o vereador.
Com o abandono de João Paulo Pedrosa e a saída dos outros dos vereadores do PS antes do final da reunião, por razões de ordem pessoal, os restantes elementos do Executivo decidiram suspender os trabalhos e dar-lhe continuidade hoje de manhã.
Dois dos assuntos que irão estar em discussão são a reparação do mercado novo e a análise do parecer jurídico sobre as viaturas pesadas e ligeiras de mercadorias dos Transportes Urbanos da Marinha Grande.
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(notícia retirada do Diário de Leiria)

Bom, da reunião de cambra de 26 de Maio, confirma-se que o bereador João Barbas Pedrosa votou contra e com declaração de voto. Agora quanto à reunião de 4 de Outubro ninguém sabe porque as actas a partir de 21 de Setembro não estão disponíveis no sítio da cambra. Estranho não é? Vá lá Sr. Presidente João Barbas Duarte, dê lá indicações aos "técnicos que não têm utilidade" para botarem lá no sítio as actas em falta, dava tanto jeitinho...

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Ainda a Entrevista (DeFundo)

Um biataite do Vinagrete Doce a respeito da grande entrevista (ou será entrevista grande?) do "Presidente de Quase Todos os Marinhenses", ou seja, dos marinhenses que o convidaram a candidatar-se e que dos que votaram nele, e que merece chamada de 1ª página em forma de "poste":
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vinagrete doce disse
Isto não foi uma entrevista de "fundo". Isto foi uma entrevista que bateu no "FUNDO".
Um autarca com o perfil e a experiência de JBD, deveria ter a honestidade intelectual para dizer:
1 - As Câmaras só podem contrair empréstimos para obras de INVESTIMENTO. Isto é, o dinheiro adiantado pelos bancos é utilizado para antecipar obras, que sem esses empréstimos, obrigariam os munícipes a esperar por elas muitos anos.
Dito isto, JBD deveria ter identificado, claramente, que obras faraónicas ou elefantes brancos foram construidos pela Câmara anterior, com votos contra da CDU e dele próprio, que era vereador da oposição.
Para lhe avivar a memória, vou só citar algumas que representam uma grande fatia do total do endividamento, sendo que as mais importantes foram para adquirir património, a saber:
1 - Aquisição de um terreno de pinhal para permutar com o Estado a área suficiente para ampliar a Zona Industrial, vital para o desenvolvimento económico, por 1.700.000,00 €, cerca de 20 vezes menos do que o Estado avaliou o pinhal do Casal da Lebre e que exigia que a Câmara pagasse.
2 - Aquisição ao Estado do terreno da Cerca Stephens, ao abandono desde há décadas, para o transformar num parque público. Os 65 hectares custaram 1.300.000,00 € e o seu valor real não tem preço.
3 - Remodelação do Palácio Stephens e construção do Museu do Vidro, que o Estado Novo prometia desde 1969 e a CDU inscrevia em todos os seus planos de actividade desde que dominou a autarquia durante 15 anos.
4 - Remodelação do edifício central da FEIS e construção e instalação da BIBLIOTECA MUNICIPAL, outra obra emblemática que a CDU prometia desde 1980.
5 - Construção do Arquivo Municipal, no espaço da Feis, para guardar a memória histórica dos marinhenses, que os ratos comiam no sótão do velho mercado municipal, perante a criminosa indiferença dos autarcas que só se preocupavam em inspecionar a conta bancária.
6 - Aquisição e remodelação da Casa do Vidreiro e do Palácio Barosa, para instalar o Museu Joaquim Correia, impedidndo que o espólio deste ilustre marinhense fosse parar a Leiria.
7 - Remodelação do Parque Municipal de Exposições que a CDU deixou ao abandono durante anos, (enquanto a Expolação se consolidava) criando condições para a realização de grandes eventos, com qualidade e dignidade.
8 - Construção de Pré-Primárias na Comeira, nas Trutas, na Fonte Santa, no Pilado e noutros locais, ao mesmo tempo que todas as Escolas do Primeiro Ciclo foram restauradas e criados espaços exteriores com grande qualidade.
9 - Construção da Piscina Coberta aquecida de Vieira de Leiria.10 - Construção do Pavilhão Gimno Desportivo Nery Capucho.
11 - Aquisição e recuperação do teatro Actor Álvaro e construção de uma moderna sala de cinema.
12 - Construção da Estrada Atlântica com pista de ciclistas, estrada para o Pilado, estrada do Pero Neto, estrada da Pedra Fonte Santa, a estrada Picassinos Albergaria, estrada Marinha Grande/Vieira de Leiria, acessibilidades à Ordem, a Picassinos, etc, etc.
13 - Concretização do Programa Polis, no valor superior a 7.000.000,00 €, 30% dos quais tiveram que ser financiados pela autarquia.
14 - Construção de mais de 50 fogos de habitação social, na forma de moradias unifamiliares, coisa que a CDU nunca fez, nos 15 anos em que dominou a Câmara.
Não é preciso ser-se economista ou revisor oficial de contas, ou mesmo inspector bancário, para se perceber que a Câmara está mais rica, porque nas suas contas tem inscrito, como património, um valor 5o vezes superior ao seu passivo de médio longo prazo.
Já é tempo de JBD assumir a realização de um debate aberto e democrático, onde se possa discutir o conceito do endividamento e do bom ou mau investimento, deixando de se esconder por detrás da pouca informação da população, para disfarçar a sua falta de competência para assumir os desafios dos tempos modernos.
Só mais um comentário para tentar interpretar o seu pensamento quanto aos chamados bloqueis de gestão por ter poucos pedreiros e carpinteiros e excesso de técnicos.
Qualquer cidadão normal, com dois dedos de testa, percebe que num Concelho Industrial como o nosso, a gestão do Poder Local não pode estar focada na prestação de serviços operativos, com legiões de cantoneiros, pedreiros, asfaltadores, carpinteiros, condutores de máquinas, etc.Basta fazer contas, coisa que JBD reclama fazer melhor que ninguém.
O horário dos funcionários é de 35 horas por semana. Pegam às 8H00 no estaleiro, picam o ponto e ficam à espera de transporte para se seslocarem para a obra. Chegam à dita cerca de meia hora depois das 8. Tirar ferramenta, começa, não começa, por volta das 9H00, dão a primeira marretada. Às 10H00 param para a bucha. Cerca das 11H35 param para arrumar a ferramenta e esperar o condutor e a viatura que os deve trazer ao estaleiro a tempo de formar fila antes das 12H00 para poderem marcar o ponto.Tudo recomeça no período da tarde, com a agravante de que o tempo é mais curto. Às quintas feiras saem às 16H00 e às sextas não trabalham de tarde. Contas feitas, o tempo real de trabalho, que deveria ser de 35H00 semanais, é, na verdade e por excesso de 20.
Nestas condições, como é que alguém, com a responsabilidade de um JBD, pode afirmar que é a falta desta estrutura que o impede de fazer obra?Como é que se pode dizer, num ambiente de trabalho em que a macro gestão se faz com a integração da mais avançada tecnologia, que se tem técnicos a mais e que isso bloqueia a Câmara?
Pensava eu, que os novos desafios que se colocam às Câmaras exigiam recursos altamente qualificados. Estava eu convencido que a grande tarefa dos responsáveis políticos deveria ser o planeamento estratégico da cidade, o controlo de execução, a fiscalização de obras contratadas, a capatação de investimento, a definição de uma política de educação, a implementação de um modelo de intervenção cultural, a adopção de políticas de formação dos funcionários.
Pelos vistos, interpretando o que li, JBD acha que não. Ele precisa é de cantoneiros para levantar as tampas de esgotos, para desentupir sargetas, para tapar buracos, para....para...??Já nem seque comento as insinuações de que se previlegiou a sub-contratação de serviços em empresas especializadas, porque elas seriam "próximas" de alguns autarcas. Estas insinuações são próprias de um homem já desequilibrado, com o seu carácter feito em farrapos e intelectualmente desonesto.Só mais uma nota. Concordo com ele quando diz que os dossiers Valorliz e simlis foram mal conduzidos.
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1 de Abril de 2007 5:32:00 PDT

domingo, 1 de abril de 2007

Eles Andem Aí...




"5 - NOVA LOCALIZAÇÃO DO MERCADO DO LEVANTE
01 - A proposta para a nova localização do mercado do levante, constante do projecto anexo (Anexo 1), apresentada pelo Sr. Vereador Artur de Oliveira, foi aprovada por maioria, com 3 votos a favor, 2 votos contra dos Srs. Vereadores Dr. João Paulo Pedrosa e Dr. Álvaro Pereira, e 2 abstenções dos Srs. Vereadores Dr. João Pedrosa e Dr.ª Cidália Ferreira."



O FLC teve acesso a um documento ultra-ultra-secreto da AZIA (Autoridade para a Zegurança Inconómica e Alimentar) dirigido à Cambra que dizia o seguinte:

"A AZIA agradece reconhecidamente à Cambra da Marinha em Grande a mudança da Feira do Alevante para a Zona Desportiva, uma vez que fica mais perto da A8 e assim já não nos perdemos, como aliás aconteceu a semana passda quando nos deslocámos à ex-capital do vidro para vesturiar, entre outros, a referida feira. Já agora agradecíamos que nos enviassem por fax um croqui da localização do mercado velho (o que tem os ratos) para promovermos uma acção de sensibilização junto dos mesmos, no sentido de os alertar para os perigos de saúde que correm pelo facto do seu espaço estar a ser constantemente invadido por humanos cheios de micróbios e outros parasitas e bichos que não se veêm. Obrigados!"