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sábado, 11 de dezembro de 2010

FIM

Ilidio Duarte de Carvalho
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«Quem nasce, morre!», frase da mais tradicional filosofia, que estoicamente deveria ser compreendida e abraçada, mas que, por fórma alguma, serve de lenitivo na Dôr cruciantissima dos que amam profundamente o ente que passa, que desaparece, que vai para a terra algida, para a decomposição, para o Nada!
A Marinha Grande, acaba de sofrer um rude golpe. A Perca, no seu lúgubre indiferentismo, ceifou-lhe uma Vida cara, arrebatou-lhe a mais solida energia, levando em seus braços descarnados para o Insondavel a Alma mais pura, o Coração mais nobre, o Cerebro mais bem formado!

Sim, Ilidio Duarte de Carvalho, aliava aos seus mais cativantes dotes de espirito, a sublimidade de fino Poeta, de Prosador cintilante, caustico sem chegar à ofensa, satirico cauteloso, sem produzir os laivos da indignação, por parte dos atingidos.
A sua pena, energica por vezes, comovedora na maioria dos casos, deu-lhe os foros, de mais ampla justiça, de primeiro intelectual marinhense.
E «O Imparcial» honra-se em ter dado à publicação uma das suas mais sentimentais produções - talvez a ultima - o sonetilho inserto em o numero 3, produzido já quando gravemente enfermo, demonstração do seu extremosissimo afecto pelo netinho, afecto que ia até à maxima idolatria.
Era um chefe de familia exemplar, um sabedor guarda-livros, um amigo dedicado, um marinhense ilustre, entre os ilustres!

Ilidio Duarte de Carvalho deixou toda a sua obra escrita. Representa ela um monumento literario que não póde ficar inedito. A Marinha Grande pela sua Câmara deve-o tornar publico, imprimindo-o e fazendo-o chegar ás mãos de todos os marinhenses, especialmente dos que as terras madrastas procuram o sustento quotidiano, e isto para que os vindouros possam conhecer e lembrar um lirico da sua terra, uma preclarissima intelegencia que soube elevar entre os primeiros o rincão onde viu a luz e cuja terra o cobriu.
É um grandioso Dever que se impõe e a que urge dar a mais rapida execução.

Ilidio Duarte de Carvalho era enciclopedico.
Poeta como musico, ele foi a alma da Serenata Marinhense, um dos Grupos mais perfeitos e mais afinados do distrito de Leiria e que deixou os creditos bem firmados na sua rutilante epoca, e funda recordação nos poucos que ainda hoje vivem e que dela fizeram parte.
Ilidio Duarte de Carvalho foi o herdeiro da bandeira da Serenata, mimo a que ele dedicava o holocausto duma sagrada reliquia e que cobriu, por sua vontade expressa, o caixão que guarda os seus restos mortais.
Escreveu para diversos jornais e para o teatro; para este a revista «Coisas da Minha Terra», que foi representada ha dois anos e que - coincidencia extraordinaria - teve a sua estreia em 10 de março de 1923, baixando á sepultura o corpo do autor em 10 de março de 1925.
Ilidio Duarte de Carvalho fez parte da Comissão Instaladora do Concelho, foi presidente da Câmara e administrador do Concelho, cargos que exerceu com a maxima imparcialidade e a contento de toda a gente.
Ilidio Duarte de Carvalho deixa o nome bem vinculada ao seu torrão natal. Espiritualmente não morreu. Na mente de todos os seus patricios, na alma literaria e nos corações dos numerosissimos amigos, ele revive sempre, envolto em saudosas lembranças da sua verve, das suas anedoctas, da sua fraternal convivencia e dos seus sabios e prudentes conselhos.
Vive espiritualmente; e no leito frio onde o seu corpo repousa, nesse sono profundo de onde não mais se volta, nós, frementes de crença, fazemos votos para que o descanço em que jaz não seja perturbado e que eolicas harmonias e canticos angelicais envolvam a sua Alma de poeta empirico, indomita domadora das Musas, rainhas do Pernaso!

A sua familia, e especialmente a Ilidio Pereira de Carvalho, que necessariamente ha de seguir os exemplos de seu amantissimo pai, enviamos a expressão sincera do nosso profundo pesar pelo passamento do ente querido, cuja falta não será menos sentida pela Marinha Grande, que tambem se envolveu em crepes, pranteando a grande perda do seu maior intelectual.

Antonio A. Santos


in: O IMPARCIAL - Nº 8
de 15 de Março de 1925

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Informação Final

Por uma questão de respeito, de rigor e de honestidade intelectual para com aqueles que sempre seguiram o Largo das Calhandreiras com interesse e admiração, contribuindo também eles de forma descomprometida para o enriquecimento do seu conteúdo, informamos que nenhum dos seus membros (Por Quinho, Folha Seca, FLC, Relaxoterapeuta, Zézé C’a Marinha, Mr. Bean e Torrente) têm qualquer relação directa ou indirecta com blogues de grafia ou fonéticas semelhantes ou confundíveis.

Informamos ainda que, até ao momento, apenas dois deles seguiram projectos pessoais na blogosfera, o que muito nos honra e orgulha, sobretudo pela forma digna e pela lisura com que o fizeram. Aliás, outra coisa não seria de esperar de pessoas que sempre demonstraram personalidade, carácter e lealdade.

Para os interessados, podem encontrar:

Folha Seca, no blogue “Folha Seca” (reactivado); e

Relaxoterapeuta, no blogue “O Conto do Vigário” (novo).

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Marinha Grande, 9 de Dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Há dias !!!

Recentemente o nosso “Largo das Calhandreiras comemorou “ 5 Anos” sem grande festa e nem uns rissolzitos, muitos menos uma garrafita de champanhe lá passou uma efeméride assim um bocado para o “triste”. Quem vos escreve estas linhas a não ser um post oportunamente publicado também não dava por ela. Isto porque quem para apanha o comboio em andamento não sabe qual foi o ponto de partida. Sim apanhei o “Largo” em andamento. Todos os dias havia novidades. Todos os dias havia “calhandrices”.

O Largo das Calhandreiras teve um papel importante na denúncia, no pôr “a nu” aquilo que se ia passando no dia-a-dia da nossa terra. Com mais ou menos urbanidade, muita gente escreveu pela primeira vez um comentário (ou um bitaite como aqui se chama) confesso que eu fui um desses. Também confesso que se calhar, escrevi coisas atrás do anonimato que provavelmente não escreveria por ex. Num jornal Local. “O Largo das calhandreiras” para além de alguns abusos e até algumas atitudes execráveis na caixa de comentários cumpriu um papel. Não sei se foi para isso que foi criado. Parece-me que não. A questão que se põe é que se nesta terra, que até tem um Largo que deu nome a este blogue, tem razão para continuar. A generalidade dos blogues existentes neste mundo da blogosfera são blogues individuais. Alguns são colectivos. Este seria um deles. Mas um blogue colectivo não é o que se verifica por aqui onde aparece por aqui uma “folha seca” a monopolizar o espaço para posts.

Ao longo da vida envolvi-me em vários projectos colectivos, nunca fui dos primeiros a abandonar o “Barco” mas quando senti que estava só, deixei de contar com os outros.
Tudo o que por aqui fui fazendo, nunca o foi por obrigação. Fi-lo com prazer e muita vez, foi uma forma de encontrar audição para os meus desabafos.

Ninguém me deve nada. Eu é que devo, aqueles que tiveram pachorra para me ler e aqueles que fizeram o favor de me convidar.
Na vida nada é definitivo mas a gente tem que pensar. Né?

domingo, 5 de dezembro de 2010

A chuva cai na poeira como no Poema

Domingo Inquietante

Os sábados e Domingos são por norma dias de descanso. São também dias em que se põe a escrita em dia e se faz o balanço de mais uma semana e naturalmente se toma balanço para a seguinte.
Neste pôr a escrita em dia está o tentar perceber” o que vai no meu País” coisa cada vez mais difícil.

Parece-me que os tempos estão virados para 2 atitudes possíveis. Primeira, enfrentar a realidade e tentar dentro do enquadramento legal, prepararmo-nos para a austeridade que já se faz sentir e que em 2011 é a doer e segunda, olhar para o umbigo e descobrir qual a habilidade com que nos podemos safar para que a crise e os seus efeitos não nos toquem muito. Talvez um dia chegue à conclusão que ao optar pela primeira, optei pela pior e me sinta assim um bocado paro o parvo. Mas se há coisas de que gosto é a de dormir descansado e de consciência tranquila.

Rendi-me à necessidade de se tomarem um conjunto de medidas de austeridade devidamente repartidas entre todos os sectores da nossa actividade económica, desde empregados e empregadores. De quem vive do seu salário aos pequenos e grandes aforradores. Aceitei a contra gosto o aumento do Iva sobre o consumo, medida que todos vão pagar independentemente dos que não podem, aos que podem muito e pouco.

Apesar de considerar que nestas medidas há muito de injusto e achar que a solução não passa por retirar aos que menos têm e desta forma penalizar fortemente o consumo, agravando a situação de grande parte das pequenas e médias empresas, com reflexo negativo no nível de emprego, lá me fui convencendo de que tinha mesmo que ser assim, porque percebi que estávamos completamente dependentes dos tais mercados e tínhamos que lhes demonstrar que estávamos a tomar fortes medidas de austeridade e penalizar fortemente o consumo de forma a reduzir o défice. Se convencemos os tais mercados, não sei e até me parece que não. Eu é que não estou nada convencido. Sobretudo como escrevi no post anterior a pouca vergonha em que isto se tornou. Grandes grupos a antecipar a distribuição de dividendos, sectores da nossa função publica a usar todos os truques para que parte (os médicos por Exemplo) passem a receber não um mas três salários e por ultimo, daquilo que é conhecido até agora, sim porque para isto a imaginação não tem limites, a compensação atribuída aos funcionários públicos da Região autónomo dos Açores prejudicados com a redução de rendimentos.

Enquanto isto vamos assistindo ao espectáculo de um ministro das finanças e um primeiro-ministro considerarem imorais as distribuição antecipadas de dividendos para fugirem aos impostos e quando um outro Partido procura que esse fuga não aconteça, vemos a pouca vergonha que se passou no grupo parlamentar do PS, quando parte dos deputados se não a maioria estariam na disposição de aprovar legislação que impedisse aquela fuga.

Pena que com tantos tiros nos pés o PS esteja a dar de mão beijada o poder à direita e a contribuir decisivamente para que o sonho do Homem cuja morte há 30 anos, se comemora nestes dias se esteja finalmente a concretizar: Uma Maioria um Governo e um Presidente.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Xico - Espertice

Sem qualquer dúvida se algum dia houver uma tabela que meça o nível de Xico- Espertice a nível de um determinado numero de Países, Portugal vai de certeza ficar nos primeiros lugares da tabela.
Naturalmente que não me refiro ao tradicional Xico-Esperto de trazer por casa. Que pratica pequenas ” espertezas” desde o cravar um copo aqui e ali ou passar à frente numa qualquer bicha duma qualquer repartição Publica.

Refiro-me aos habilidosos de maior gabarito que sempre foram encontrando formas de contornar leis para seu benefício pessoal, de mais alguns amigos e familiares e de algumas das corporações em que estão ou são afectos.
Este desabafo naturalmente de um pregador no deserto é motivado por alguns dos acontecimentos e notícias dos últimos dias. O PEC (nº não sei quantos) determina um conjunto de medidas, algumas já em vigor outras para terem início em 2011. Tudo com o objectivo de controlar o défice Nacional e recuperar a confiança nos mercados. Coisa que ainda não consigo perceber bem o que é.
Então não é que ”vamos ouvindo e lendo” que parte dos dinheiros que se pensava (e provavelmente alguém fez contas com isso) entrarem nos cofres públicos estão a ser antecipadamente distribuídos, fruto de habilidades contabilísticas que se não existentes foram entretanto à pressa inventadas. Refiro-me claro aquela antecipação da distribuição de resultados antes que seja tarde (apetece-me repetir aquela expressão, ó meu dá cá o meu)

Como se não bastasse esta cena que meteu ameaças de demissão e tudo, assistimos a que varias corporações ligados a empresas do Estado ou participadas andam a engendrar planos para que a crise seja paga apenas por alguns. As excepções começam a ser tantas que tudo parece fazer crer que se inverta a velha expressão de que “não há regra sem excepção” pois as excepções parecem ser tantas que vão ser mais que as regras.

Desgraçado de País, onde só não se safa quem não pode e são estes últimos que ficam para pagar a conta.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia da indepedência de Portugal (2)

Dia da independência de Portugal

Para a maioria dos Portugueses hoje é apenas mais um dia feriado. Aliás cada vez mais os feriados não passam de isso mesmo.
Seria naturalmente um dia de regozijo Nacional. Se efectivamente sentisse-mos que a nossa soberania era a sério e não um faz de conta. Cada vez mais as decisões sobre o nosso País são tomadas por instituições internacionais capitaneadas por burocratas, em que alguns deles nunca puserem sequer os pés em Portugal .

Não sei porque não estava cá , se a ditadura dos Filipes era pior do que à que hoje estamos sujeitos, esta de facto é insuportável e sufocante e está a tirar-nos o que nos restava do orgulho de ser Português.
Sempre achei que aqueles milhões todos despejados à “palete” nos primeiros anos da nossa integração na Europa, seriam bem pagos. Adormeceram-nos de tal forma que hoje estamos atados de pés e mãos e assim um bocado, para o sem saber que fazer, porque os “criados” dos novos “Filipes” nos vão dizendo isso. Ou seja quem manda são eles e o resto é conversa.
Isto de ter que comer e calar, dá-nos cabo da capacidade de exercer o direito à nossa Cidadania.

Tenho esperança que uma expressão em tempos usada por um dos candidatos a um órgão de soberania se transforme num clamor popular e possamos todos dizer alto e bom som “A MIM NINGUEM ME CALA!”

VIVA PORTUGAL

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chuva Dissolvente


Pronto! Estou chateado com o S.Pedro. Queria aproveitar esta vespera de feriado para visitar um dos grandes acontecimentos culturais que nesta terra ainda vão subsistindo . Mas a chuva não pára e nada pior que a chuva para estragar uma programada noite, onde se incuía uma jantarada, mais uns digestivos que já só se vão encontrando por aqui  (tipo ginginha legítima) e ver o artesanato que vai sobrevivendo à concorrência vinda algures da Asia.
Pronto fico em casa esperando que esta chuva de Inverno dissolva grande parte da porcaria que anda por aí! (Tal como não acredito no S.Pedro, tambem não acredito em milagres. Acho que a chuva passa sem dissolver a porcaria, a dita) Mas às vezes há coisas...

Um bitaite que devia ser post

Publicado no post do folha seca, com o titulo "Más Memorias"

Cigano Rico, que já foi pobre disse...

As notícias da nossa terra, envolvendo crianças onde as únicas refeições que deglutam, são as que são consumidas nas escolas, (penso que o município da Marinha Grande foi pioneiro) não me espanta nada. Quando há uns anos fizeram um estudo sobre as refeições nas “nossas” escolas, frequentadas pelas “nossas” crianças, ficaram a sabe que: a maior parte das “nossas” crianças, o unico leite que ingeriam, era o que bebiam na escola, isto é, tomavam o pequeno-almoço, a primeira refeição do dia, na escola!
Julgo que está tudo dito, ou não, porque respeitante à fruta; em cada 35 alunos, 6 comiam fruta em casa!

Presentemente, ler que a nossa autarquia (e não só) vão fornecer refeições ao fim de semana para que as crianças sejam minimamente alimentadas, não me faz sentir ”vergonha”, nem me alivia a consciência, eu continuo a contribuir para que algumas tenham um pouco mais. Não sinto vergonha por isso, agora tenho pena, é das crianças que alguns e algumas vão levar à escola, em boas viaturas TG, e os filhos, fruta e outros… apenas "papam" na escola. É o que temos, vivência e atitude, acima das possibilidades.
E não estou a falar de lcd´s e telélés com visores tácteis, nem vou falar da higiene oral da maioria das nossas criancinhas, mesmo descontando o tal cheque dentista!
Há uns anos, quando visitava uma certa escola, uma ou duas vezes por ano, conforme a logística e as possibilidades, entregava gratuitamente iogurtes, algumas crianças diziam-me: que eram muito bons!, outras: quando é que eu voltava?, sentia-me pequeno, pequenino, eu… e as professoras. Já lá vão mais de 10 anos, ainda não havia: euros 2004, helicópteros, submarinos, tgvs, bpn bpp, pec´s 1,2,3 e se calhar o 4, nem se falava de crise, ou da crise, mas… já havia carências e fome nas “nossas” bem frequentadas escolas.
Por isso, a “Sopa dos Pobres”, junto da FEIS, (depois da galeria, sensivelmente a meio do edifício) que outrora foi um projecto humano e importante, junto dos mais carenciados desta Cidade, não seria desajustado (já existem noutros municípios) ser posto em prática pelo nosso Município e Juntas de Freguesia. Infelizmente a pobreza cresce a níveis assustadores por todos os Países.
Existe muita miséria escondida, por este Portugal a fora, e a Marinha Grande, não é excepção!
Por mim, pode e deve abrir, reabrir com este nome, ou outro nome parecido, é me totalmente indiferente.
Mais vale combatermos a miséria e a fome, do que esconde-la ou manifesta-la através de bandeiras pretas!
Não sei se já constataram, se já observaram, ou já se aperceberam e deram conta, que todos os dias, incluindo os Domingos, existe cada vez mais prostituição diurna nas ruas da nossa cidade, não falando da toxicodependência e das abordagens por eles praticadas.
É disto que eu tenho vergonha, ver seres humanos na Marinha Grande (a minha terra), seres humanos que desistiram, que já não se importam com nada, nem com ninguém e que se vão expondo, vendendo à luz do dia, o resto que têm… o seu corpo.
É desta realidade que tenho vergonha, jamais terei vergonha de colaborar para que alguém deixe de ter fome, e passe um dia com o estômago aconchegado.
Alguns, lembram-se dos pobrezinhos, dos aleijadinhos, dos coitadinhos e dos sem abrigo, apenas e só... na véspera do Natal, porque, no Natal esquecem-se.

Para mim, é Natal todos os dias, espero, que seja todo o executivo camarário a envolver-se nesta causa digna e altruísta, foi para isso que foram eleitos, para estarem ao serviço da população, e neste particular caso, ajudarem aqueles que mais carecem.
Uma causa, que pode não dar votos, mas… dá alegria, esperança e dias melhores a alguém que já nada espera.

30 Novembro, 2010 17:58

Fernando Pessoa (75 anos depois)

Não Digas Nada!

Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender —
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Caridadezinha.


Após publicar o post anterior lembrei-me desta canção cantada pelo José Barata Moura, julgo que pela primeira vez em 1973. A letra é uma sátira à caridadezinha doutros tempos, onde se praticava como  uma espécie de lavagem de consciências. Creio não ser este tipo de caridade, que os pobres, que já o são e os que sempre o foram, mais os que estão a caminho de o ser, precisam. O que se precisa é que a riqueza seja melhor distribuida e que a  de uns, não seja feita à custa da pobreza de outros.

Más Memórias

Algumas notícias, divulgadas na imprensa Regional, dão-nos conta que a Autarquia Marinhense se prepara para proceder à abertura das cantinas das escolas durante o fim-de-semana.
A razão prende-se com a indicação que a autarquia tem de que algumas crianças, as únicas refeições que comem são as fornecidas nas cantinas. “Fenómeno que acontece um pouco por todos o País”.
Durante o fim-de-semana, publiquei alguns posts que remetiam para as nossas ”memórias”.
As nossas memórias não conseguem apagar o passado e muito menos alterá-lo, consequentemente fazem-nos temer o futuro.
36 Anos depois da Madrugada libertadora, ver a recolha de alimentos para os mais carenciados tornados num assunto “noticioso” que preencheu vários minutos em praticamente todas as televisões. Ver notícias de que na nossa terra há crianças, que a únicas refeições que tomam, são as fornecidas pelas escolas. Ler que a nossa autarquia (e não só) vai ter que fornecer refeições ao fim de semana para que estas crianças sejam minimamente alimentadas, faz-me sentir ”vergonha” e não me alivia nada a consciência, dizer que não tenho culpa. Sinto que todos temos. Sinto que passámos a olhar demasiado para o nosso umbigo e deixámo-nos convencer que estava tudo resolvido.
Na minha memória ainda está a existência, algures na Avª 18 de Janeiro, em instalações, presumo, cedidas pela FEIS, um lugar designado por “Sopa dos Pobres”. Esperemos que tantos anos depois de ter encerrado, não a vejamos reabrir com este nome, ou outro parecido.

sábado, 27 de novembro de 2010

Memórias

A propósito do ultimo post em que se fala de memórias decidi publicar aqui uma foto que encontrei num blogue dos vários que se referiram ao falecimento do resistente anti-fascista e militante comunista , Joaquim Gomes. Não consigo referenciar o respectivo blogue, pelo que apresento as minhas desculpas.
Quando se fala da memória , naturalmente que não se trata de ser saudosista. Nesta foto que me parece ter sido tirada na FEIS e tambem me parece ter reconhecido pelo menos 4 dos fotografados, vemos para além de adultos, várias crianças que pela minha própria experiência deveriam ter entre 11 a 13 anos que era a idade em que faziam alguns dos trabalhos que se vêm a executar.
Quando se recordam estes momentos é precisamente para que nunca mais crianças destas idades tenham que trabalhar, quer seja nas fábricas da Marinha Grande a levar a cima e a fechar o molde, ou em Felgueiras a cozer sapatos. O 25 de Abril contribuiu para isto e muito mais. É por isso que chamem-nos o que quizerem, recordaremos esta data como um marco na história de Portugal.

Um Bitaite que devia ser Post

Publicado no Post anterior
Vinagrete disse...

ENTRE O CORAÇÃO E A RAZÃO
Há mais 30 anos, no meu carro, com despesas de minha conta, desloquei-me a Lisboa para trazer para a Marinha Grande este virtuoso artista e resistente anti-fascista e a sua companheira Luisa Bastos.
O Pavilhão do clube da Embra estava cheio. A acústica era horrível. Mas ouvir, algum tempo depois da alvorada de Abril, os acordes de uma guitara e a voz de um povo que luta e teima em manter a esperança, era suficientemente reconfortante.
Por o ter revisitado, através deste post e talvez porque o Orçamento foi aprovado, apeteceu-me escrever, para tentar partilhar estados de alma que nos deprimem e amordaçam o grito que queremos dar, mas as cordas vocais teimam em o impedir.
Carlos Paredes, Zeca Afonso, Adriano, Fausto, Vitorino, José Mário Branco, Ary dos Santos, Sérgio Godinho, Paulo de Carvalho e tantos outros, cantaram-nos um Portugal de miséria, atrasado décadas, orgulhosamente só, fechado, pobre, sem educação, em que as crianças da minha terra iam levar acima, nas fábricas de vidro, aos dez e doze anos de idade, muitas delas ainda transportadas ao colo pelas mães. Um País onde se ia preso, sem julgamento, por um qualquer pide se lembrar denunciar alguém que se manifestava contra o regime. Um País que mandava para uma guerra colonial os seus filhos mais jovens e promissores. Um País sem cobertura escolar para o Preparatório e Secundário, o que fazia com que a grande maioria dos jovens se ficava pela 4ª. classe, deixando para as classes sociais mais altas a faculdade de poderem estudar nas capitais de Distrito e mais tarde, em Lisboa, Porto e Coimbra. Um País sem vias de comunicação, sem electricidade em grandes parcelas do território Nacional, sem água canalizada, sem esgotos e sem dignidade.
Este País, que é o nosso, era também o que tinha as contas públicas em ordem e os cofres do Banco de Portugal a abarrotar de ouro.
É o mesmo país onde viveram os João Salgueiro, os Mellos, os Ferraz da Costa e tantos outros, que agora, usando a liberdade que Abril nos restituiu, consomem horas de tempos de antena a reclamar a destituição do governo, este ou outro, alegando que nós o "Povo", não eles os "parasitas", gastámos mais do que produzimos, temos um estado social que não conseguimos alimentar e uma legislação de trabalho demasiado rígida ( entenda-se que ainda não permite os despedimentos a gosto).
Nasci na década de 40, comecei a tarbalhar aos 14 anos, tive que emigrar com a fmília aos dezasseis, só tinha acesso aos hospitais com atestado de pobreza, só existia uma auto-estrada com 20 Kms entre Lisboa e Vila Franca e a Ponte entre as dua margens do Tejo iniciou-se na década de 50.
De Lisboa a Leiria demoravam-se 6 horas num carro acessível à classe média.
Era esse o nosso País sem dívida externa e com descomunais reservas de ouro.
O Portugal de hoje, o dos meus filhos e o dos meus netos é outro.
Temos dificuldades? Desbarataram-se alguns recursos? Há pouca transparência nalguns actos da acção do Estado?
Sem dúvida.
Vivemos em democracia, saibamos usá-la para tentar recrificar o que vai menos bem, mas tenhamos a capacidade de comparar o Portugal que fomos, ovelha ranhosa da Europa democrática e o Portugal que somos.

27 Novembro, 2010 11:19

Intervalo (13)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Dia internacional contra a violência sobre as Mulheres.


A casa abrigo para vítimas de violência doméstica, da Santa Casa da Misericórdia da Marinha Grande, está concluída há um ano, mas mantém-se fechada porque ainda não foi assinado o protocolo com a segurança social, disse o provedor.
«Estamos desde Outubro do ano passado à espera da celebração do protocolo financeiro com a Segurança Social», explicou à agência Lusa Joaquim João Pereira, sustentando que sem acordo a Misericórdia «não tem hipótese de assegurar o funcionamento» da casa abrigo, cujo investimento é de 250 mil euros.
Segundo o responsável, «o argumento da Segurança Social para não comparticipar o equipamento, é que a Misericórdia tem uma gestão equilibrada».
«Gerimos bem e somos castigados», observou o provedor, frisando que «a casa abrigo está pronta e, porque não é usada, está a degradar-se».
Joaquim João Pereira acrescentou que quando a instituição decidiu avançar para a construção do equipamento consultou a Segurança Social, que reconheceu a existência de «carências» neste tipo de espaços, tendo «chegado a sugerir alterações ao projecto que tiveram de ser feitas».
O director do Centro Distrital da Segurança Social de Leiria, Fernando Gonçalves, reconheceu que esta «resposta social, de facto, esteve incluída na previsão do orçamento programa de 2010».
«Ocorre, porém, que não foi possível o seu financiamento devido à prioridade que foi dada à deficiência e outras problemáticas igualmente prioritárias», esclareceu Fernando Gonçalves, garantindo que o processo para a abertura da estrutura «está em análise».
Portugal Diário 04/11/2010

Nostalgia

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Só por se Justificar

Pronto! Chamem-me fura greves ou outros nomes feios. Ma não resisto a publicar uma foto que me veio parar ás mãos via internet.
Mas o que é que a avestruz tem a ver com o dia de hoje? Nada claro!
Este bicho não é aquele que enfia a cabeça na areia para não ver o que se passa à sua volta?
Pronto. O resto deixo à imaginação dos ilustres calhandreiros.

Este blogue durante o dia de hoje, encontra-se encerrado por motivos Óbvios.

Imagem surripiada no Blogue /quanto tempo tem o tempo.
Dado o pré-aviso recebido na administração do "Largo das Calhandreiras" em devido tempo, somos obrigados a manter no dia de hoje o respectivo Blogue encerrado. No entanto e se tal se verificar necessário, utilizaremos o que está consignado na lei ou seja, o recurso aos serviços mínimos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Agenda


Conferências JMG/SOM

Henrique Neto pensa o futuro do concelho

O Jornal da Marinha Grande e o Sport Operário Marinhense promovem na próxima quinta-feira, dia 25 de Novembro, mais uma conferência. A iniciativa, subordinada ao tema “Pensar o futuro do concelho”, será desenvolvida por Henrique Neto

O empresário marinhense será o próximo convidado do Ciclo de Conferências promovidas em parceria pelo JMG e pelo SOM.

Henrique Neto falará sobre os principais sectores económicos do concelho, nomeadamente vidro e moldes, e fará uma abordagem relativamente aos erros do passado e presente (más opções estratégicas), como ponto de partida para a reflexão sobre o futuro. Ou seja, pretende-se identificar as políticas que “deveremos” implementar no concelho para sermos vanguardistas nos próximos anos.

Durante a conferência será igualmente aflorada a questão da educação e da formação como factores de competitividade.
A temática do eixo Marinha Grande - Leiria estará igualmente em cima da mesa.
A conferência “Pensar o futuro do concelho” decorrerá na sala de exposições do Operário, pelas 21h, com entrada livre.

"Portugal tem de ser qualquer coisa de Asseado"

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Revista de Imprensa

Marinha Grande: Credores aprovam encerramento e liquidação da empresa Jasmim

22/11/2010 16:08


Os credores da empresa de produção manual de vidro Jasmim, que encerrou em junho na Marinha Grande, deixando no desemprego 15 pessoas, deliberaram hoje o seu encerramento e liquidação, disse à agência Lusa o administrador de insolvência.

“Foi aprovado por unanimidade o encerramento e a liquidação da empresa”, afirmou Carlos Inácio, acrescentando que na assembleia de credores, que decorreu no Tribunal Judicial da Marinha Grande, estiveram representados 81,15 por cento dos credores que têm créditos reconhecidos no valor de cerca de 200 000 euros.

Segundo o administrador de insolvência, as dívidas da empresa até à data são de 280 mil euros, explicando que o próximo passo é a venda da empresa num todo e, na eventualidade de não ser possível, a transação vai ser feita “emparceladamente”, admitindo o responsável que, neste último caso, “é mais fácil”.

Carlos Inácio adiantou que “o que a empresa tem não permite a satisfação de todos os créditos”, esclarecendo que, perante esta situação, “é feito o rateio, conforme sentença proferida de graduação de créditos”.

A empresa Jasmim, uma das últimas unidades de produção de vidro manual na Marinha Grande, fechou no verão.

No último fim de semana de junho o forno foi desligado e os funcionários, a maioria vidreiros, suspenderam os contratos.

O coordenador do Sindicato Democrático da Energia, Química, Têxtil e Indústrias Diversas (SINDEQ), José Pedro Adrião, declarou que resta agora aos trabalhadores aguardar, manifestando-se esperançado de que seja realizada a venda de todo o conjunto da unidade fabril.

Se assim for, a empresa pode ser viabilizada, admitiu José Pedro Adrião, reconhecendo que, caso contrário, “se for vendida em lotes, não vai haver viabilização”.

José Pedro Adrião esclareceu que aos funcionários a unidade fabril ficou a dever “dois salários e um subsídio”, além da indemnização “por cada ano de trabalho”.

O sindicalista destacou a importância da Jasmim, uma das últimas unidades de produção manual de vidro, no concelho, restando agora “duas empresas sem grande expressão”, considerando que a unidade “era a sala de visitas da Marinha Grande”.

“Tinha os melhores mestres vidreiros, é uma pena fechar esta sala de visitas”, lamentou o coordenador do SINDEQ.

SYR.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa

"Os Bandalhos"

Na sequência da atribuição do prémio "Dardos" ao blogue " Venham mais Cinco" animado por Filipe Gomes http://venhammaiscinco.blogspot.com/ fomos brindados com o video do espectaculo dos "Bandalhos“ Um grupo da Marinha Grande que Filipe Gomes Integra. "E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, tocado na alvorada de 25 de Abril de 2010. Na Marinha Grande.
Os nossos agradecimentos