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sábado, 11 de dezembro de 2010

FIM

Ilidio Duarte de Carvalho
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«Quem nasce, morre!», frase da mais tradicional filosofia, que estoicamente deveria ser compreendida e abraçada, mas que, por fórma alguma, serve de lenitivo na Dôr cruciantissima dos que amam profundamente o ente que passa, que desaparece, que vai para a terra algida, para a decomposição, para o Nada!
A Marinha Grande, acaba de sofrer um rude golpe. A Perca, no seu lúgubre indiferentismo, ceifou-lhe uma Vida cara, arrebatou-lhe a mais solida energia, levando em seus braços descarnados para o Insondavel a Alma mais pura, o Coração mais nobre, o Cerebro mais bem formado!

Sim, Ilidio Duarte de Carvalho, aliava aos seus mais cativantes dotes de espirito, a sublimidade de fino Poeta, de Prosador cintilante, caustico sem chegar à ofensa, satirico cauteloso, sem produzir os laivos da indignação, por parte dos atingidos.
A sua pena, energica por vezes, comovedora na maioria dos casos, deu-lhe os foros, de mais ampla justiça, de primeiro intelectual marinhense.
E «O Imparcial» honra-se em ter dado à publicação uma das suas mais sentimentais produções - talvez a ultima - o sonetilho inserto em o numero 3, produzido já quando gravemente enfermo, demonstração do seu extremosissimo afecto pelo netinho, afecto que ia até à maxima idolatria.
Era um chefe de familia exemplar, um sabedor guarda-livros, um amigo dedicado, um marinhense ilustre, entre os ilustres!

Ilidio Duarte de Carvalho deixou toda a sua obra escrita. Representa ela um monumento literario que não póde ficar inedito. A Marinha Grande pela sua Câmara deve-o tornar publico, imprimindo-o e fazendo-o chegar ás mãos de todos os marinhenses, especialmente dos que as terras madrastas procuram o sustento quotidiano, e isto para que os vindouros possam conhecer e lembrar um lirico da sua terra, uma preclarissima intelegencia que soube elevar entre os primeiros o rincão onde viu a luz e cuja terra o cobriu.
É um grandioso Dever que se impõe e a que urge dar a mais rapida execução.

Ilidio Duarte de Carvalho era enciclopedico.
Poeta como musico, ele foi a alma da Serenata Marinhense, um dos Grupos mais perfeitos e mais afinados do distrito de Leiria e que deixou os creditos bem firmados na sua rutilante epoca, e funda recordação nos poucos que ainda hoje vivem e que dela fizeram parte.
Ilidio Duarte de Carvalho foi o herdeiro da bandeira da Serenata, mimo a que ele dedicava o holocausto duma sagrada reliquia e que cobriu, por sua vontade expressa, o caixão que guarda os seus restos mortais.
Escreveu para diversos jornais e para o teatro; para este a revista «Coisas da Minha Terra», que foi representada ha dois anos e que - coincidencia extraordinaria - teve a sua estreia em 10 de março de 1923, baixando á sepultura o corpo do autor em 10 de março de 1925.
Ilidio Duarte de Carvalho fez parte da Comissão Instaladora do Concelho, foi presidente da Câmara e administrador do Concelho, cargos que exerceu com a maxima imparcialidade e a contento de toda a gente.
Ilidio Duarte de Carvalho deixa o nome bem vinculada ao seu torrão natal. Espiritualmente não morreu. Na mente de todos os seus patricios, na alma literaria e nos corações dos numerosissimos amigos, ele revive sempre, envolto em saudosas lembranças da sua verve, das suas anedoctas, da sua fraternal convivencia e dos seus sabios e prudentes conselhos.
Vive espiritualmente; e no leito frio onde o seu corpo repousa, nesse sono profundo de onde não mais se volta, nós, frementes de crença, fazemos votos para que o descanço em que jaz não seja perturbado e que eolicas harmonias e canticos angelicais envolvam a sua Alma de poeta empirico, indomita domadora das Musas, rainhas do Pernaso!

A sua familia, e especialmente a Ilidio Pereira de Carvalho, que necessariamente ha de seguir os exemplos de seu amantissimo pai, enviamos a expressão sincera do nosso profundo pesar pelo passamento do ente querido, cuja falta não será menos sentida pela Marinha Grande, que tambem se envolveu em crepes, pranteando a grande perda do seu maior intelectual.

Antonio A. Santos


in: O IMPARCIAL - Nº 8
de 15 de Março de 1925

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Informação Final

Por uma questão de respeito, de rigor e de honestidade intelectual para com aqueles que sempre seguiram o Largo das Calhandreiras com interesse e admiração, contribuindo também eles de forma descomprometida para o enriquecimento do seu conteúdo, informamos que nenhum dos seus membros (Por Quinho, Folha Seca, FLC, Relaxoterapeuta, Zézé C’a Marinha, Mr. Bean e Torrente) têm qualquer relação directa ou indirecta com blogues de grafia ou fonéticas semelhantes ou confundíveis.

Informamos ainda que, até ao momento, apenas dois deles seguiram projectos pessoais na blogosfera, o que muito nos honra e orgulha, sobretudo pela forma digna e pela lisura com que o fizeram. Aliás, outra coisa não seria de esperar de pessoas que sempre demonstraram personalidade, carácter e lealdade.

Para os interessados, podem encontrar:

Folha Seca, no blogue “Folha Seca” (reactivado); e

Relaxoterapeuta, no blogue “O Conto do Vigário” (novo).

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Marinha Grande, 9 de Dezembro de 2010

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Há dias !!!

Recentemente o nosso “Largo das Calhandreiras comemorou “ 5 Anos” sem grande festa e nem uns rissolzitos, muitos menos uma garrafita de champanhe lá passou uma efeméride assim um bocado para o “triste”. Quem vos escreve estas linhas a não ser um post oportunamente publicado também não dava por ela. Isto porque quem para apanha o comboio em andamento não sabe qual foi o ponto de partida. Sim apanhei o “Largo” em andamento. Todos os dias havia novidades. Todos os dias havia “calhandrices”.

O Largo das Calhandreiras teve um papel importante na denúncia, no pôr “a nu” aquilo que se ia passando no dia-a-dia da nossa terra. Com mais ou menos urbanidade, muita gente escreveu pela primeira vez um comentário (ou um bitaite como aqui se chama) confesso que eu fui um desses. Também confesso que se calhar, escrevi coisas atrás do anonimato que provavelmente não escreveria por ex. Num jornal Local. “O Largo das calhandreiras” para além de alguns abusos e até algumas atitudes execráveis na caixa de comentários cumpriu um papel. Não sei se foi para isso que foi criado. Parece-me que não. A questão que se põe é que se nesta terra, que até tem um Largo que deu nome a este blogue, tem razão para continuar. A generalidade dos blogues existentes neste mundo da blogosfera são blogues individuais. Alguns são colectivos. Este seria um deles. Mas um blogue colectivo não é o que se verifica por aqui onde aparece por aqui uma “folha seca” a monopolizar o espaço para posts.

Ao longo da vida envolvi-me em vários projectos colectivos, nunca fui dos primeiros a abandonar o “Barco” mas quando senti que estava só, deixei de contar com os outros.
Tudo o que por aqui fui fazendo, nunca o foi por obrigação. Fi-lo com prazer e muita vez, foi uma forma de encontrar audição para os meus desabafos.

Ninguém me deve nada. Eu é que devo, aqueles que tiveram pachorra para me ler e aqueles que fizeram o favor de me convidar.
Na vida nada é definitivo mas a gente tem que pensar. Né?

domingo, 5 de dezembro de 2010

A chuva cai na poeira como no Poema

Domingo Inquietante

Os sábados e Domingos são por norma dias de descanso. São também dias em que se põe a escrita em dia e se faz o balanço de mais uma semana e naturalmente se toma balanço para a seguinte.
Neste pôr a escrita em dia está o tentar perceber” o que vai no meu País” coisa cada vez mais difícil.

Parece-me que os tempos estão virados para 2 atitudes possíveis. Primeira, enfrentar a realidade e tentar dentro do enquadramento legal, prepararmo-nos para a austeridade que já se faz sentir e que em 2011 é a doer e segunda, olhar para o umbigo e descobrir qual a habilidade com que nos podemos safar para que a crise e os seus efeitos não nos toquem muito. Talvez um dia chegue à conclusão que ao optar pela primeira, optei pela pior e me sinta assim um bocado paro o parvo. Mas se há coisas de que gosto é a de dormir descansado e de consciência tranquila.

Rendi-me à necessidade de se tomarem um conjunto de medidas de austeridade devidamente repartidas entre todos os sectores da nossa actividade económica, desde empregados e empregadores. De quem vive do seu salário aos pequenos e grandes aforradores. Aceitei a contra gosto o aumento do Iva sobre o consumo, medida que todos vão pagar independentemente dos que não podem, aos que podem muito e pouco.

Apesar de considerar que nestas medidas há muito de injusto e achar que a solução não passa por retirar aos que menos têm e desta forma penalizar fortemente o consumo, agravando a situação de grande parte das pequenas e médias empresas, com reflexo negativo no nível de emprego, lá me fui convencendo de que tinha mesmo que ser assim, porque percebi que estávamos completamente dependentes dos tais mercados e tínhamos que lhes demonstrar que estávamos a tomar fortes medidas de austeridade e penalizar fortemente o consumo de forma a reduzir o défice. Se convencemos os tais mercados, não sei e até me parece que não. Eu é que não estou nada convencido. Sobretudo como escrevi no post anterior a pouca vergonha em que isto se tornou. Grandes grupos a antecipar a distribuição de dividendos, sectores da nossa função publica a usar todos os truques para que parte (os médicos por Exemplo) passem a receber não um mas três salários e por ultimo, daquilo que é conhecido até agora, sim porque para isto a imaginação não tem limites, a compensação atribuída aos funcionários públicos da Região autónomo dos Açores prejudicados com a redução de rendimentos.

Enquanto isto vamos assistindo ao espectáculo de um ministro das finanças e um primeiro-ministro considerarem imorais as distribuição antecipadas de dividendos para fugirem aos impostos e quando um outro Partido procura que esse fuga não aconteça, vemos a pouca vergonha que se passou no grupo parlamentar do PS, quando parte dos deputados se não a maioria estariam na disposição de aprovar legislação que impedisse aquela fuga.

Pena que com tantos tiros nos pés o PS esteja a dar de mão beijada o poder à direita e a contribuir decisivamente para que o sonho do Homem cuja morte há 30 anos, se comemora nestes dias se esteja finalmente a concretizar: Uma Maioria um Governo e um Presidente.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Xico - Espertice

Sem qualquer dúvida se algum dia houver uma tabela que meça o nível de Xico- Espertice a nível de um determinado numero de Países, Portugal vai de certeza ficar nos primeiros lugares da tabela.
Naturalmente que não me refiro ao tradicional Xico-Esperto de trazer por casa. Que pratica pequenas ” espertezas” desde o cravar um copo aqui e ali ou passar à frente numa qualquer bicha duma qualquer repartição Publica.

Refiro-me aos habilidosos de maior gabarito que sempre foram encontrando formas de contornar leis para seu benefício pessoal, de mais alguns amigos e familiares e de algumas das corporações em que estão ou são afectos.
Este desabafo naturalmente de um pregador no deserto é motivado por alguns dos acontecimentos e notícias dos últimos dias. O PEC (nº não sei quantos) determina um conjunto de medidas, algumas já em vigor outras para terem início em 2011. Tudo com o objectivo de controlar o défice Nacional e recuperar a confiança nos mercados. Coisa que ainda não consigo perceber bem o que é.
Então não é que ”vamos ouvindo e lendo” que parte dos dinheiros que se pensava (e provavelmente alguém fez contas com isso) entrarem nos cofres públicos estão a ser antecipadamente distribuídos, fruto de habilidades contabilísticas que se não existentes foram entretanto à pressa inventadas. Refiro-me claro aquela antecipação da distribuição de resultados antes que seja tarde (apetece-me repetir aquela expressão, ó meu dá cá o meu)

Como se não bastasse esta cena que meteu ameaças de demissão e tudo, assistimos a que varias corporações ligados a empresas do Estado ou participadas andam a engendrar planos para que a crise seja paga apenas por alguns. As excepções começam a ser tantas que tudo parece fazer crer que se inverta a velha expressão de que “não há regra sem excepção” pois as excepções parecem ser tantas que vão ser mais que as regras.

Desgraçado de País, onde só não se safa quem não pode e são estes últimos que ficam para pagar a conta.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dia da indepedência de Portugal (2)

Dia da independência de Portugal

Para a maioria dos Portugueses hoje é apenas mais um dia feriado. Aliás cada vez mais os feriados não passam de isso mesmo.
Seria naturalmente um dia de regozijo Nacional. Se efectivamente sentisse-mos que a nossa soberania era a sério e não um faz de conta. Cada vez mais as decisões sobre o nosso País são tomadas por instituições internacionais capitaneadas por burocratas, em que alguns deles nunca puserem sequer os pés em Portugal .

Não sei porque não estava cá , se a ditadura dos Filipes era pior do que à que hoje estamos sujeitos, esta de facto é insuportável e sufocante e está a tirar-nos o que nos restava do orgulho de ser Português.
Sempre achei que aqueles milhões todos despejados à “palete” nos primeiros anos da nossa integração na Europa, seriam bem pagos. Adormeceram-nos de tal forma que hoje estamos atados de pés e mãos e assim um bocado, para o sem saber que fazer, porque os “criados” dos novos “Filipes” nos vão dizendo isso. Ou seja quem manda são eles e o resto é conversa.
Isto de ter que comer e calar, dá-nos cabo da capacidade de exercer o direito à nossa Cidadania.

Tenho esperança que uma expressão em tempos usada por um dos candidatos a um órgão de soberania se transforme num clamor popular e possamos todos dizer alto e bom som “A MIM NINGUEM ME CALA!”

VIVA PORTUGAL