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sábado, 17 de janeiro de 2009

Revista de Imprensa

"Crise marca comemorações, com exigências de apoios do Governo à indústria vidreira"

As comemorações dos 75 anos da revolta armada de 18 de Janeiro de 1934, na Marinha Grande, são este ano assinaladas sob o signo da crise, com sindicato, patronato e câmara a exigirem apoios do Governo para a indústria vidreira. "A situação é extremamente preocupante", avisou o presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Alberto Cascalho, lembrando que "o preço dos combustíveis é um garrote colocado às micro, pequenas e médias empresas".
"Não posso deixar de fazer um apelo ao Governo para que tome as medidas adequadas", disse o autarca, reclamando um "olhar atento" para este sector, de forma a que, "não só o que resta tenha condições para sobreviver", como seja possível "retomar a actividade de algumas unidades que entretanto encerraram".
As contas do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira (STIV) apontam para o encerramento de pelo menos 10 grandes empresas deste sector na última década no concelho da Marinha Grande, que atiraram para o desemprego cerca de 1.400 trabalhadores. As fábricas Manuel Pereira Roldão, Mandata, J.F. Custódio, Mortensen, Ivima, Dâmaso, Marividros ou Canividro estavam entre as mais emblemáticas unidades fabris que fecharam portas.
A coordenadora da Zona Centro do STIV explicou que se nalguns casos podem remeter-se as culpas para administrações com "gestão incorrecta" e noutros as unidades fabris "não evoluíram no tipo de produto" que desenvolviam.
A isto acresceu, "desde os anos 90 e até hoje, o preço da electricidade e do gás", custos de produção que muitas empresas não conseguiram suportar.
Números oficiais apontam para 1.580 desempregados
O director do Centro de Emprego da Marinha Grande, Álvaro Cardoso, admitiu "existir, efectivamente, um número significativo de pessoas no desemprego oriundas do sector da cristalaria".
Lembrando que os números oficiais apontam para 1.580 desempregados no concelho em 2008 - o maior das duas últimas décadas -, o responsável destacou que este número conseguiu mesmo ultrapassar os dados de 2006. Neste ano, eram 1.400 os desempregados no concelho, naquele que tinha sido, até então, "o maior pico", devido ao encerramento de 16 empresas, de vidro, de moldes e de cartonagem, relatou Álvaro Cardoso.
O director do Centro de Emprego explicou que, neste momento, "o crescimento do número de desempregados tem decorrido mais por redução de quadros de pessoal do que por encerramento de empresas", mas isso não lhe dá "tranquilidade". "A informação que temos é que 2009 não será um ano fácil", declarou.

Apenas uma empresa produz vidro de forma manual

Também o presidente da Associação Industrial da Cristalaria (AIC), Carlos Martins, concorda com as projecções de um ano difícil para o sector que representa. "Está muito complicado", reconheceu, apontando: "Há linhas de produção paradas, encomendas há poucas e há empresários com muitas dificuldades".
Carlos Martins pede "o que sempre foi pedido": "medidas do Estado face aos preços dos combustíveis". Neste momento, a AIC representa oito empresas. "O nosso peso é reduzido", reconheceu Carlos Martins, recordando que houve empresas associadas que fecharam portas.
Os dados do STIV indicam que, actualmente, no âmbito da produção de vidro manual, resta uma empresa na Marinha Grande, com 30 trabalhadores.
No vidro automático, sobra outra unidade, com 250 trabalhadores, e nas empresas de embalagem (garrafeiras) três fábricas absorvem cerca de 1.150 trabalhadores. Este último subsector é, aliás, "o mais estável neste momento", referiu Etelvina Rosa, que reclama do Governo "uma pequena atenção".
"As empresas já reduziram tanto. Com a crise podem entrar num descalabro que ninguém imagina", advertiu a sindicalista
A coordenadora do STIV recordou ainda "as dificuldades da classe trabalhadora": a geração mais nova tem na actividade laboral a marca da "precariedade", enquanto os mais velhos são "descartáveis". "Com este clima, é quase para dizer que estamos na altura de fazer um novo 18 de Janeiro", desabafou.



(surripiado do Diário de Leiria)

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas atão a culpa agora já não é da Câmara?
Cadê as manifes, os assaltos aos correios com o camarada José Augusto à cabeça.
Que é feito das marchas ao Governo civil.
Ninguém se oferece para dar umas pedradas aos autarcas e uns pontapés no carro do Presidente.
Era giro ver o Moiteiro, agora, despir a camisola de vereador devidamente remunerado (no Sindicato ganhava pouco) e vir para a Praça, com uma bandeira negra, chamar mentirosos aos seus camaradas que são poder na Autarquia e não mexeram uma palha para encontrar soluções.
Outros tempos...

Anónimo disse...

MARIMBAL - mais uma em processo de insolvência que já mandou para casa os trabalhadores. Alguém ouviu alguma coisa? Um protesto, uma bandeira negra, uma manifestação? É a prova provada que o PCP instrumentaliza os sindicatos a seu belo prazer. O povo trabalhador na prática pouco conta. O que conta é a agitanção, a continha bancária cheia e o topo de gama último modelo.