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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

"Afinal Havia Outra..."


O cenário das eleições


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Uma crise política inultrapassável, que paralize o executivo camarário, é um dos cenários que podem conduzir a eleições intercalares. Esta ainda não é, de facto, o que se passa ainda no caso da Marinha Grande. Mas pouco falta.
Se a renúncia de Barros Duarte e a ascensão de Alberto Cascalho à presidência era uma solução politicamente aceitável, uma vez que o executivo manteria uma maioria estável, o impasse na decisão do presidente eleito caba por criar um clima de instabilidade, que não é nada bom para o concelho. E são precisamente os interesses da Marinha Grande, Vieira de Leiria e Moita que devem estar, neste momento, acima de outros interesses, sejam eles pessoais ou políticos.
Se até aqui tínhamos uma câmara centralizadora, baseada no egocentrismo presidencial, neste momento os problemas do concelho aguardam pelo regresso de Barros Duarte, que já fez saber que voltará à autarquia, após a baixa médica. O regresso do presidente eleito ampliará, muito provavelmente, uma crise política e, se assim for, os defensores de eleições intercalares terão toda a legitimidade política para exigir a ida às urnas. Mas este deve ser encarado como o pior dos cenários.

A inclusão de parte do conteúdo de uma reunião interna ocorrida no PCP da Marinha Grande, no último Verão, provocou uma série de reacções, sobretudo de estupefacção. A publicação teve dois objectivos: confirmar que as notícias do JMG sobre a vida autárquica eram verídicas e mostrar o lado obscuro da política. E por aqui nos ficamos. Se em algum momento voltar a ser colocada em causa a credibilidade do JMG e dos seus colaboradores, não teremos dúvidas em publicar o segundo capítulo desta história, que não dignifica os partidos e muito menos os políticos.


(transcrição de parte do editorial do JMG de 25 de Outubro 2007)

(ficção)



Como já alguém disse, o editorial do Jornal da Marinha da passada semana é candidato ao anedotário nacional.
Parecendo mais preocupado em manter uma guerra de contornos pessoais com João Duarte, o director António Ferreira vem a terreiro justificar a publicação da gravação duma reunião do PCP no seu jornal. Desta vez, e ao contrário da semana anterior, José Ferreira não vem justificar com o interesse público da sua divulgação, antes argumentando que a gravação veio provar as notícias que o seu jornal divulgou sobre o mal estar no seio do PCP ao longo dos últimos meses, sempre negadas por aquele partido. Se este é um dos argumentos, o mesmo não colhe. É que quando o conteúdo foi divulgado já todo o país tinha conhecimento público dessas discordâncias, pela voz do próprio PCP e pela ausência e silêncio do próprio João Duarte, estando assim justificadas as notícias do JMG. Mas se a questão é anterior e o seu jornal já tinha as provas desse mal estar (recorde-se que a reunião, e respectiva gravação, foi em Junho) porquê apenas agora a sua divulgação? Se só agora obteve a “cassete” pelo menos teria conhecimento do seu conteúdo uma vez que as notícias que publicou comprovam-no. Uma autêntica trapalhada.
Quanto ao outro argumento invocado, para “mostrar o lado obscuro da política”, sejamos intelectualmente honestos e deixemo-nos de hipocrisias, todos nós nos nossos mais íntimos círculos das mais variadas formas de relacionamento social (de trabalho, político, associativo, de amizade, familiar, etc), temos conversas que nunca nos atreveríamos a ter em público e que nunca ousaríamos divulgar. Não podemos esquecer que nestes círculos mais reservados as afirmações produzidas são muitas vezes reflexos das circunstâncias, da confiança e da própria dinâmica da discussão. O que não é honesto é, com a sua publicação extrapolar, definindo como obscuro o meio em que as mesmas afirmações foram produzidas. Eu imagino o que seria uma inocente gravação das conversas tidas nos bastidores dum qualquer jornal, na escolha e selecção dos seus conteúdos editoriais e nos contactos pessoais feitos para obtenção de informações/notícias. E uma redacção tem toda a legitimidade para o fazer e para manter na esfera estritamente privada essas conversas e esses contactos.
Mas o director José Ferreira dá a última cavadela (e um tiro em cada pé) quando ameaça com o 2º episódio, ou seja, há 2º episódio. Houve, desta vez sem a preocupação do inaudito “interesse público”, a reserva da publicação duma parte da gravação, um trunfo habilidosamente guardado para ameaçar os que puserem em causa a credibilidade do jornal e dos seus colaboradores. Inimaginável. Se a publicação do 1º episódio já é deprimente, a do 2º, já com ameaça feita, não tem qualificação.
O mais insólito de tudo isto é que José Ferreira tinha uma manchete que era uma autêntica bomba e por inabilidade deixou-a escorrer por entre os dedos. O Jornal da Marinha teve conhecimento de um crime e não fez disso notícia de primeira página (sim, porque a gravação duma conversa privada sem o conhecimento dos seus intervenientes, é um crime, obviamente). Imaginem só a manchete: “Quadro(s) do PêCêPê grava(m) reunião para pressionar saída do presidente”. Bombástico, não era? Era!... Ao invés o director preferiu, a coberto do falacioso argumento do interesse público, dar visibilidade ao crime, promovendo tempo de antena à bufaria e divulgando o conteúdo da reunião, obtido ironicamente com recurso a métodos pidescos, que teve como único e exclusivo propósito promover o assassinato político e de carácter de João Duarte. E a quem aproveita supostamente esta divulgação? Só se vislumbra uma resposta, a quem quer obrigar o presidente a renunciar, deitando sobre ele tudo o que de mau aconteceu durante os últimos cerca de dois anos de mandato.
Resta avaliar se aquilo que é dito não resulta no efeito contrário já que na maior parte da conversa transcrita João Duarte resiste à investida de alguns camaradas que pretendem utilizar a posição dominante na Câmara para alimentar, entre outros, os apetites das clientelas partidárias.

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Uma excelente posta.
Como alguém disse… anedotário nacional excepto se se pretende afastar JBD e desejar-se Cascalho na presidência, dito de outra forma, o JMG está bem com o PS (mais do que o PS foi o JMG que fez oposição a JBD) agora pretende estar bem com o PCP para, entre outras coisas, voltar a ter publicidade institucional da autarquia.

É lícito a um Jornal tomar partido, nada a opor.

Agora ao JMG só resta publicar o 2º episódio, isto se quiser ser levado a sério, claro está.
E por fim, para quando um jornalismo de investigação?

E já agora, pois tenho mais que fazer, Sr. Padre Cura (ou como alguém disse) refere que JBD despede-se dos seus leais colaboradores, renuncia esta 4ª feira…
as 4ªas feiras não são os dias mais indicados para renunciar, lembre-se das 4ªas feiras de cinza.
Quais leais colaboradores? Se os há, asseguro-lhe que não estavam ou estão no seu gabinete da presidência ou na câmara, e quando isso acontece, triste vida de um homem… só lhe conheço um leal colaborador, é virtual e gosta de vinho chileno,
Vamos dar um passeio, já estamos melhor o que nos levará da parte da tarde à câmara para reunir com uns amigos, diferentes dos outros de há uns tempos.
Bom avatar.

Anónimo disse...

Estou totalmente de acordo com o Post. O óbvio, só não vê quem não quer.

Anónimo disse...

Parabéns Mr. Bean. Aplaudo o seu poste a ambas as mãos. É verdade que o TóZé Berlusconi deu vários tiros nos pés e perdeu uma excelente oportunidade de estar calado.
Referencia o Mr. Bean o mau jornalismo da 'nossa' ex-Folha de Alface. Mas o que é que se pode esperar de um jornalismo produzido por quem tirou o curso do dito na Farinha Amparo?
Jornalismo de investigação? Qu'é lá isso? Para o fazer é preciso saber-se e, que eu saiba, na 'nossa' ex-Folha de Alface não existe ninguém que o saiba fazer.
Cá, na Terra do Cristal, nós não precisamos só de bons políticos. Precisamos também de bons jornalistas!
Haja Deus!!!