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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Um bitaite que deveria ser post

A. Constâncio disse...
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Por falta de tempo, não tenho tido uma intervenção directa mais assídua neste Largo.
Devo reconhecer que, quer ao nível dos conteúdos, quer dos comentários, se verifica um aumento claro de nível, o que revela que os visitantes normais deste blogue desejam participar de forma construtiva, na diversidade das suas opiniões, deixando de lado o amesquinhamento pessoal dos que se pronunciam sobre aquilo de que se não gosta.
Quanto à Conferência, devo dizer que fui um dos convidados para moderador, convite que muito me honrou e que decidi aceitar, depois de me entregarem o programa e me terem explicado os objectivos.
Para mim, estavam reunidos quatro pressupostos essenciais, dos quais muito vai depender o futuro da Marinha Grande:- Desde logo a intervenção do Sr. Presidente da Câmara, porque tinha a expectativa de que ele iria enunciar os princípios fundamentais de uma estratégia nova para o Concelho, onde ficassem plasmadas as razões que levaram ao anúncio do Mercado para os Estaleiros e o fim do Plano de Pormenor da Zona Desportiva, amputando-o do Complexo de Piscinas que agora se anunciam para a Stephens.
Apoiei o Dr. Álvaro Pereira na sua candidatura e ainda não encontro razões suficientes para retirar apoio ao Presidente eleito. No entanto, por coerência e por respeito pelas minhas convicções, confesso que a sua comunicação ficou aquém do que era expectável.
O outro tema que me suscitava interesse, era o das empresas e sectores em fim de ciclo e devo dizer que Henrique Neto foi igual a si próprio e, depois do diagnóstico, a receita que deixou é que, sem uma aposta forte na educação das nossas crianças, a partir dos primeiros meses de idade, é vital para quebrar os ciclos de pobreza, criar igualdade de oportunidades e fomentar uma formação intelectual e cívica que seja o motor da mudança deste País.
Manuel Queiró trouxe-nos um tema que deveria ser bandeira das forças vivas da Região, o futuro Aeroporto de Monte Real, que é verdadeiramente estratégico para o desenvolvimento do nosso distrito e finalmente Paulo Bàrtolo, que nos deu a conhecer que é possível, a partir daqui, na Z. I. da Marinha Grande, começar a dar passos decisivos para o aparecimento de empresas e produtos de segunda geração.
Medina Carreira, como sempre, estando certo e sendo acertivo no que diz e denuncia, deixa-me sempre com um nó no estômago e com a terrível sensação de que uma ditadura a prazo seria a solução para os nossos problemas.
Em resumo, assentar uma estratégia de desenvolvimento na educação, criando redes de Infantários, de equipamentos pré-escolares e de escolas modernas, é garante de sucesso.
Lutar por modernas e rápidas acessibilidades e aproximar os nossos empresários aos centros de decisão, através de um Aeroporto Internacional é correcto e necessário, podendo o Turismo tirar grandes vantagens.
Apostar nos Centros de Excelência e de saber, localizando-os junto às empresas, parece-me fundamental para nos continuarmos a manter entre os melhores na Inovação e Tecnologia.
Falta aqui o cimento que una tudo isto e é aí que a Câmara, se olhar para estas iniciativas como ferramentas que se querem ao dispor do Concelho e não como armas de arremesso contra moínhos de vento, pode ser crucial.
Aproveite a oportunidade Sr. Presidente. Ninguém quer disputar a liderança ou assumir o protagonismo. Assuma as responsabilidades que tem e use as disponibilidaes dos que querem o melhor para o Concelho.

10 Junho, 2010 18:42

7 comentários:

Apartidário disse...

Caro A. Constâncio,

Os meus parabéns pela sua análise.
É simpática e sente-se que fez um esforço enorme para espremer o pouco sumo que havia para espremer.

Embora tente ver só a parte meio cheia do copo (como interveniente não lhe ficaria bem ir mais longe, sob pena de ser mal agradecido), não deixa de colocar o dedo na ferida e fazer um desafio ao actual Presidente da Câmara que eu estenderia aos outros autarcas e dirigentes políticos locais.

Aproveito para fazer uma reflexão sobre aquilo que considero o principal obstáculo ao desenvolvimento da nossa terra. A sua resolução nunca será condição suficiente, mas é seguramente uma condição necessária.

Sem o problema da relação entre os dirigentes do PS e do PC resolvido, nunca poderemos desenvolver a nossa terra. Com as atitudes e o histórico da relação das pessoas actuais, quer dum quer do outro lado, dificilmente iremos a algum lado. Longe de mim querer que estejam sempre de acordo. O mínimo que lhes pediria, seria que se respeitassem para não prejudicarem os marinhenses.

Pena que o PSD nunca tenha conseguido ter vereadores sem interesses para lá da função de vereador (sejam interesses ligados a instituições, necessidades financeiras ou amizades pessoais fortes), que assumissem uma posição autónoma e de fiel da balança. Os sucessivos vereadores têm-se sistematicamente aliado a quem está no poder, independentemente da qualidade e da bondade (ou falta dela) das decisões. Assim nunca será alternativa.

Restava-nos a alternativa de haver independentes que conseguissem assumir o papel que os partidos já demonstraram não ser capaz de desempenhar. Houve aquele fogacho do "Amar a Marinha", que parecia uma boa ideia, mas parece ter nascido torta e com os vícios que são apontados aos partidos. Aliás até parece que já se estão a acomodar e a preparar para o poder. Só para dar um exemplo, a vontade é tanta que o seu principal impulsionador até se ofereceu (a titulo gracioso!) para ser membro do Conselho de Administração da TUMG. Que raio de estratégia independente!

Infelizmente, não me parece que esta iniciativa tenha conseguido os objectivos “facilitação do diálogo” e a “união de esforços” para unir e agregar aqueles que, a favor ou contra, estejam ligados ao poder local.

Muito gostaria de estar enganado.

A. Constâncio disse...

Caro Apartidário
Não percebi a sua referência ao copo meio cheio, porque quem me conhece sabe que não sou adepto de "meias tintas".
Convidaram-me para moderador e eu acedi. Pediram-me para fazer um comentário e eu fi-lo, sem ambiguidades, dizendo aquilo que penso.
Quanto à sua reflexão, pelo que enuncia, não colhe a minha concordância.
A realidade sócio-cultural e política dos marinhenses é o que é e não será a maior ou menor representatividade do PSD que a vai alterar.
PS e PCP, na Marinha Grande, têm o mesmo tipo de relacionamento que no resto do País e daí não vem mal ao Mundo. Para mim, a eficácia de um Governo Local será tanto maior, quanto maior for a Homogeneidade dos seus eleitos. É por isso que defendo a alteração da Lei Eleitoral para as Autarquias, conferindo á lista mais votada o direito de indicar o Presidente e este de escolher entre os membros da lista, independentemente do lugar que cada um tinha nessa lista, aqueles que lhe merecem mais confiança para formar um executivo.
Para contrabalançar, a Assembleia Municipal deveria ter poderes muito mais alargados na fiscalização e controlo da Câmara, incluindo o poder da sua dissolução, em determinadas circunstâncias.
Nestas condições, nunca se poderiam diluir as responsabilidades na gestão da coisa pública e todos saberíamos, em qualquer momento, a quem pedir contas pelo bom ou mau que se fizesse.
Coisa diferente e necessária, seria a capacidade de gerar consensos com todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal e com os sindicatos para, logo que identificados problemas estruturais graves, se encontrem plataformas de entendimento que permitam atacá-los e resolvê-los.
Aqui é que podemos antecipar enormes constrangimentos. Se me parece relativamente fácil estabelecer pontes com o PSD, já se me afigura muito difícil envolver o PCP e os sindicatos, face à natureza de luta de classes que os caracteriza.
Vivemos tempos difíceis. Perderam-se milhares de postos de trabalho na cristalaria. O vidro automático, agora controlado por capitais estrangeiros, já teve melhores dias.
Resta-nos o vidro de embalagem, mas se insistirmos em perder competitividade salarial, com os custos de transporte a crescer, será uma questão de tempo a deslocalização das nossas melhores unidades para Espanha. Gostaria de estar enganado mas receio bem que não estou.
Por tudo isto e também face ao acelerado desaparecimento de empresas do sector dos moldes, acho que é preciso fazer alguma coisa, a começar por um pacto para salvar o emprego na Marinha Grande.

Apartidário disse...

Caro A. Constâncio,

Agradeço a sua resposta, partilho de algumas ideias, nomeadamente aquela de se permitir ao Presidente maior liberdade na escolha da equipa.

Gostaria de esclarecer o seguinte:
-A interpretação que fez da expressão "copo meio cheio" não tem a ver com cinzentismo mas sim com a sua interpretação optimista relativamente às intervenções feitas na conferencia.
-Não me referi à "quantidade" de PSD mas sim à importância que o PSD poderia ter tido no sentido de ser fiel da balança.
-Sobre de que lado está a culpa… O senhor até conhece os dois lados. A mim parece-me que "um teimoso nunca teima sozinho".
-O problema do emprego é um sintoma (como a dor de cabeça) que tem origem em muitas outras coisas. É como tratar a dor de cabeça originada por um problema de estômago. Se se tratar do estômago a dor de cabeça passará. Sendo um dos efeitos graves o desemprego, para o resolver temos de identificar e resolver as causas raiz, entre outras, as causas da perca de capacidade de empreendorismo dos marinhenses e da insuficiente atractividade do concelho para novos negócios.

Porém, antes de tudo temos que construir uma visão comum para a nossa terra. Depois, tudo o que seja feito deverá ter sempre como referencia essa visão. Podemos ir por caminhos diferentes mas sabemos onde queremos chegar.

A. Constâncio disse...

O seu último parágrafo resume o que, de essencial temos que fazer, colectivamente.
Não posso deixar de estar de acordo.
Cumprimentos

A.C.

zé lérias (?) disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zé lérias disse...

A conversa acima (tal como a Conferência) esteve curiosa mas, quanto a mim, não trouxe nenhuma novidade, como solução plausível para a crise local,

a não ser esta, em que (pareceu-me), se deve recorrer, por via legal a um governo mais ou menos musculado para resolver alguns problemas do Concelho:
"... a eficácia de um Governo Local será tanto maior, quanto maior for a Homogeneidade dos seus eleitos"

Para mim, o que falta aqui é um saudável bairrismo e não um inconsequente bota-abaixismo permanente. E isto não é um mal exclusivo dos partidos. Infelizmente.

Conheço municípios (com as características do nosso concelho) onde não existe tão acentuado egocentrismo e facciosismo e talvez por isso tenham, depois do 25 de Abril, progredido de forma sustentada e coerente.

Sem verdadeiros consensos, e a definhar assim, não há voluntarismo nem alterações de leis que salvem esta terra.

Saudações democráticas.

Anónimo disse...

Embora seja verdade que a relaçãoo PCP/PS tem sido quese sempre pessima, a verdade é que não tem sido isso que impediu qq camara de governar até hoje uma vez que o PSD com maior ou menor ginástica, la vai aprovando as coisas ao PC e ao PS..parece obvio que o problema tem a ver é com a notoria FALTA de CAPACIDADE DE REALIZAÇÂO dos actores politicos locais, a quem os marinhenses desde sempre confiam cegamente (e irão confiar sempre) o seu voto....