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terça-feira, 22 de junho de 2010

Revista de Imprensa (actualizada)

Monte Real procura low-cost para se afirmar como aeroporto de turistas


Um edifício parecido com um grande stand de automóveis, uma pista militar (que já existe desde os anos 1940), um parque de estacionamento e uma central eléctrica. É assim, simples e barato, o aeroporto de Valladolid, a infra-estrutura que serve de exemplo para o lobby em formação no Oeste e na Região Centro para construir, algures na zona de Leiria, uma infra-estrutura deste tipo vocacionada para o mercado turístico.

A ideia passa por aproveitar a base aérea de Monte Real, ou construir de raiz um pequeno aeroporto em Fátima ou em Leiria, perto da estação do TGV e da Linha do Oeste e da bifurcação da A8 com a A17 (numa prática de intermodalidade aero-rodo-ferroviária).
Em Valladolid, a adequação da base militar a aeroporto civil data de 1964, mas o grande salto qualitativo realizou-se em 2000, com a construção de um novo edifício terminal no valor de 9,6 milhões de euros. Um valor que António Carneiro, presidente da Turismo do Oeste, considera ao alcance de qualquer grupo de autarquias e que representa 1 por cento do aeroporto de Alcochete. "Não tem nada a ver", diz, explicando que pretende apenas uma pequena infra-estrutura que receba voos charter e low cost para os mercados dos resorts que estão a nascer no Oeste (ancorados no golfe), para o turismo religioso de Fátima e para as viagens de negócios do eixo Leiria-Marinha Grande.

Em Valladolid, a Iberia (através da sua afiliada Air Nostrum) realizava voos para Barcelona e Paris, mas a chegada da Ryanair em 2002 foi decisiva para o sucesso do aeroporto. Aquela low cost voa para Paris, Londres, Bruxelas, Milão, Frankfurt, Alicante e Málaga e representa, segundo Amadeo Estébanez, subdirector do aeroporto de Valladolid, 60 por centro do seu seu tráfego. De 190 mil passageiros em 2002, este aeroporto atingiu um pico de 600 mil em 2007, tendo a crise feito descer a cifra para 350 mil no ano passado (só a Renault, que detém em Valladolid uma das suas mais importantes fábricas, foi responsável pelo fim de algumas rotas para Paris porque, subitamente, cancelou todas as viagens de avião dos seus quadros).

A Ryanair fez com que pessoas de toda a província de Castela e Leão (e até de Madrid, que está agora a 50 minutos de Valladolid com a alta velocidade) acedesse a este aeroporto para viajar a partir daí a preços baixos.

Amadeo Estébanez diz que o perfil dos passageiros é diversificado e inclui viagens de lazer e de negócios e grupos turísticos.

"Nao se pode partir para isto sem ter uma Ryanair ou uma Easyjet", sublinha António Carneiro, presidente da Turismo do Oeste, que quer criar um lobby na região para se bater por um aeroporto deste tipo. Afinal, este tipo de coisas passa por acordos com as autoridades políticas da região, como reconhece o director do aeroporto de Salamanca, Pedro San Martín. Que também opera numa base militar e que, ao contrário do seu colega de Valladolid, não tem a sorte de ali ter uma low cost a operar.

Ainda assim, e mesmo aproveitando os controladores aéreos, que são militares, o aeroporto de Valladolid dá prejuízo (4,9 milhões em 2009). Amadeo Estébanez prefere nao revelar a estrutura de custos fixos da infra-estrutura, que emprega 50 pessoas da AENA (Aeropuertos Españoles y Navegación Aérea) e mais 70 empregos indirectos.


(surripiado do Público)

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