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sábado, 10 de abril de 2010

Adriano 68 anos



Osvaldo Castro no seu blogue “a carta a Garcia” lembrou Adriano Correia de Oliveira que teria feito ontem 68 anos se não tivesse partido prematuramente. Como disse em resposta amável ao comentário que fiz mantinha com o Adriano uma grande amizade desde os tempos de Coimbra, que se manteve até á sua partida.
O Adriano veio à Marinha Grande dezenas de vezes ainda nos tempos em que o regime obscurantista deposto no 25 de Abril, não lhe permitia cantar livremente. Ainda recentemente circulou por vários blogues a história de um “concerto” no Sport Operário Marinhense, pouco tempo antes desta data, em que o Adriano, O Zeca e o José Jorge Letria foram impedidos de cantar pelas “autoridades” desse mesmo regime.
O Adriano Vinha regularmente à Marinha Grande, para cantar, pernoitar ou simplesmente visitar amigos onde estava o Osvaldo, mas especialmente o Joaquim carreira.

Osvaldo Castro ao postar uma das mais belas e significativas canções do Adriano “menina dos olhos tristes” quis deixar (interpretação minha) um recado. Se este Cantor da resistência e da liberdade marcou a minha geração com inúmeras canções com grande significado, há uma que provavelmente se sobrepõe “A Trova do Vento Que Passa” poema de Manuel Alegre, brilhantemente interpretada pelo Adriano. Perdoa-me caro Osvaldo, mas acho que era esta a canção que querias postar, mas?

5 comentários:

folha seca disse...

Na primeira versão deste post, atribui uma idade errada ao Adriano, apesar de já ter corrigido, creio dever desculpas a quem eventualmente tenha lido o primeiro post.Aqui estão.

Anónimo disse...

Adriano Correia de Oliveira foi um resistente anti-fascista e um combatente pela liberdade.
A sua voz limpida e de ouro encantava todos quantos tiveram o previlégio de ouvir Adriano.
Adriano era generoso,persistente e um homem que não virava a cara à luta.
Nesse sessão no Operário que a Pide impediu a sua realização,Adriano cantou na fábrica J.Ferreira Custódio (do Vareda e do Xico Ganiço),até altas horas da madrugada.
Era assim mesmo~,fazia da canção a tal arma,contra o fascismo e depois em defesa do 25 de Abril e das suas conquistas revolucionárias.
Lembro-me numa altura depois da revolução,em Pedrogão Grande,que a reacção não queria deixar cantar Adriano.Mas ele com o seu saber e a sua persistência do cima do palco,lá acabou por convencer os arruaceiros de que estava ali para cantar e que dali não saia.E assim foi.
Que viva Adriano e todos os Adrianos,que hoje resistem e lutam por uma sociedade mais justa e mais fraterna.
Adriano merece mais do que simplesmente de vez em quando evocarmos a sua memória.

Sancudo disse...

Se vivesse hoje, Adriano era daqueles Homens que não haveria de dobrar a espinha por meia dúzia de lentilhas, nem por nada, tal como o Dr. José Afonso, José Mário Branco ou Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias

Rogério G.V. Pereira disse...

Amigos do meu amigo, meus amigos são.

Amigo e saudoso Adriano

Folha Seca! Tal como prometi, cá estou

Anónimo disse...

Um testemunho

Este poema de Manuel Alegre simboliza a esperança pela Liberdade e foi cantado por Adriano Correia de Oliveira. O cantor era um amigo do poeta e companheiro das lutas estudantis em Coimbra.
Anos antes, o convívio entre os dois possibilitou a criação de um poema-cantiga que ficou na história da resistência à Ditadura. *Conta-se que numa noite, em plena Praça da República em Coimbra, Manuel Alegre exprimia a sua revolta:
«Mesmo na noite mais triste/ Em tempo de servidão/ Há sempre alguém que resiste/ Há sempre alguém que diz não».
E Adriano Correia de Oliveira disse «mesmo que não fiquem mais versos, esses versos vão durar para sempre». Ficaram. António Portugal compôs a música . «E depois o poema surgiu naturalmente». Tinha nascido a Trova do vento que passa.
Três dias depois vieram para Lisboa, para uma festa de recepção aos alunos na Faculdade de Medicina. Manuel Alegre fez um discurso emocionado, depois Adriano Correia de Oliveira cantou e quando acabou de cantar:
«foi um delírio, teve de repetir três ou quatro vezes, depois cantou o Zeca, depois cantaram os dois. Saímos todos para a rua a cantar. A Trova do vento que passa passou a ser um hino».

*Eduardo M. Raposo, Cantores de Abril – Entrevistas a cantores e outros protagonistas do Canto de Intervenção, Lisboa, Edições Colibri, 2000