Com algum atraso, quero dar os parabéns ao Jornal de Leiria pela organização do “Fórum Inovação e Futuro”, no passado 17 de Março.
Abordagens inovadoras às nossas realidades, são, sempre, fonte de reflexão e inspiração, ajudando-nos a desbravar novos caminhos.
Não podia deixar de partilhar com o “Largo”, transcrevendo, o relato do “Fórum”, pelo Jornal de Leiria, onde participaram Paulo Ferreira da Silva (Renova), Elvira Fortunato (Universidade Nova de Lisboa), Edmundo Nobre (YDreams), Guta Moura Guedes (Experimenta Design), Carlos Fiolhais (Universidade de Coimbra), Manuel Ramalho Eanes (Administrador Optimus), António Cunha (Reitor Universidade do Minho) e Daniel Pink (Autor norte-americano).
Maior ligação entre ciência e cultura estimula inovação
Para Guta Moura Guedes, directora da Experimenta Design, é preciso “reformular estratégias”, invertendo a tendência actual da generalidade dos Estados e das empresas, que “não vê a cultura como um vector de desenvolvimento estratégico”. “Estamos a desperdiçar um potencial enorme, que reside na interligação entre a cultura, a criatividade e a ciência.”
Também a investigadora Elvira Fortunato considera que “tem de haver uma aproximação muito maior entre os artistas e os cientistas”, com a criação de equipas multifacetadas, com diversas formações e origens culturais. “A inovação parte dessa transversalidade”, defende a directora do Centro de Investigação de Materiais da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que conta com um artista na sua equipa de investigadores.
Socorrendo-se de uma citação de Einstein, que dizia que “a imaginação é mais importante do que o conhecimento, porque o conhecimento é limitado e a imaginação dá a volta ao mundo”, Carlos Fiolhais destaca a importância da criatividade na aquisição de conhecimento. “O mais importante não é o que se sabe, mas a forma como se sabe”, diz o físico, para quem a “imaginação é a arma do saber”, fundamental nas actividades criativas e na ciência.
A importância do contexto e do ambiente na capacidade inovadora das pessoas foi outro dos temas abordados pelos oradores. “Nascemos inovadores, mas educa-se também para a inovação”, defende Carlos Fiolhais, afirmando, no entanto, que “não há receitas, nem cursos para a inovação” e que esta surge, sobretudo, da obsessão em resolver problemas.
“A inovação é não fazer mais do mesmo. É o valor acrescentado da criatividade”, acrescenta Elvira Fortunato, que reconhece que “o contexto poder fazer a diferença, mas não é determinante”. Perante a “incapacidade de Portugal de competir com os grandes”, Guta Moura Guedes diz que a solução passa por “descobrir caminhos ainda em aberto”. Até porque, como ironiza Carlos Fiolhais, “o cérebro português não tem nenhuma inferioridade em relação aos outros”.
Inovação quer-se “sexy e glamorosa”
Conhecido pelo carácter inovador que tem imprimido à Renova, Paulo Pereira da Silva, presidente do Conselho de Administração, defende que, para uma inovação ser viável, “tem de fazer sentido, ser desejada pelas pessoas, ser glamorosa, sexy, bem vendida e competitiva do ponto de vista dos custos”. O empresário lamenta a falta de cultura científica em Portugal, mas ressalva o salto dado nos últimos anos, com o aumento do investimento das empresas em inovação e em criatividade. “A nossa sobrevivência como empresas vai depender disso mesmo.”
José Ribeiro Vieira, director do JORNAL DE LEIRIA, explica que o fórum pretendeu “sensibilizar os empresários e agentes económicos para as novas formas de abordagem e de análise do mundo”, promovendo a reflexão sobre a inovação, com “o intuito de caminhar para um futuro melhor”.
Sociedade e ensino ´turvam´ céu das crianças
Para Edmundo Nobre, o problema da inovação e da criatividade não se resolve apenas com maior investimento, mas sim com alterações ao nível da educação e na “maneira da sociedade se organizar em torno” dos mais novos. “Para uma criança, o céu é o limite, mas durante o seu percurso até à faculdade os seus horizontes vão sendo progressivamente nublados”,constata o administrador da Ydreams. No seu entender, o investimento em inovação “será muito mais eficaz se se começar a tentar garantir, desde cedo, que o céu das crianças não fique nublado”, criando estímulos que ajudem a contrariar a “aversão ao risco”. Guta Moura Guedes defende também mudanças no sistema de ensino, lamentando que os alunos do 1º ciclo não tenham qualquer contacto com áreas artísticas e a inexistência, na generalidade das escolas, de “uma contaminação cultural, tão determinante e transformadora” nas sociedades actuais.
Jornal de Leiria
Maria Anabela Silva com Elisabete Cruz
2 comentários:
Pressuponho que o CL tenha ido ao seminário.
Talvez assim ele possa possa concluir que inovação não é própriamente aquilo que ele tem dito ou tem feito.
Como disse Elvira Fortunato “A inovação é não fazer mais do mesmo. É o valor acrescentado da criatividade”.
Não fui, mas no artigo nota-se a pena da Elisabete.
Quanto aos anónimos continuam o mesmo... anónimos de ideias e abastados no mal dizer.
Enviar um comentário