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sábado, 25 de abril de 2009

Discurso do Sr. Presidente da CMMG

25 de Abril - 2009

Viva o 25 de Abril
25 de Abril Sempre

Boa noite a todos os cidadãos e cidadãs marinhenses e sejam bem vindos às comemorações dos 35 anos do 25 de Abril de 1974.

Permitam-me, antes de mais, que saúde, na pessoa do Dr. Waldir de Lima que hoje nos honra com a sua presença, todo o município de Várzea Paulista que aqui representa e envie, em nome da Marinha Grande, um abraço fraterno ao povo irmão do Brasil, neste momento de festa e alegria para todos nós.

Há 35 anos, por esta hora, os marinhenses e todos os portugueses estavam à beira de viver um dos mais notáveis e empolgantes acontecimentos da nossa História. Concluía-se assim o 24 de Abril sob o peso da opressão, do sofrimento e da negação dos mais elementares direitos de cidadania.

Sobre o 25 de Abril já muito se escreveu e disse mas é sempre tempo de lembrar os que prepararam e concretizaram o movimento que rapidamente se transformou em Revolução, aos quais aqui prestamos, mais uma vez, a nossa homenagem e manifestamos a nossa gratidão.

Estão também connosco, nas nossas memórias e nos nossos corações, todos os que ao longo de quase 50 anos sofreram, dia após dia, a injustiça e a indignidade impostas pelo regime fascista.

Lembramos e honramos a memória dos muitos milhares de portugueses que tiveram a coragem de lutar persistentemente para que os seus direitos fossem respeitados e a Democracia e a Liberdade fossem conquistados. De todos somos devedores, especialmente daqueles que, pelos seus ideais, tudo sacrificaram inclusive a própria vida.

Entre eles ocupam lugar de destaque muitos marinhenses dos quais lembramos, muito em especial, os revoltosos do 18 de Janeiro de 1934 a quem homenageámos recentemente com a inauguração da Casa-Museu de Casal Galego, em 2008 e com a medalha comemorativa dos 75 anos, em 2009.

Mas estas comemorações dos 35 anos do 25 de Abril de 1974, que apenas nos deveriam encher de alegria e de júbilo pela prossecução dos ideais de Abril, e pelo fortalecimento da vida democrática, ficam também marcadas pela profunda crise económica e social provocada pelas políticas neo-liberais traduzidas no liberalismo económico mais selvagem implementadas pelos sucessivos governos e agora agravada pelo colapso do sistema capitalista que o Governo e alguns partidos teimam em negar.

Há um ano, quando nesta mesma tribuna, alertámos para a realidade e os efeitos das medidas governamentais que vinham sendo seguidas, já então “dolorosamente vividas por muitos”, apenas antecipámos o cenário que hoje todos conhecemos e que na Marinha Grande nos enche de preocupação.

Não podemos ignorar que o desemprego neste concelho marcadamente industrial, é um drama sentido por um grande número de famílias, que tem vindo a crescer e que lhes provoca um sentimento de desespero, de depressão e de incerteza em relação ao futuro.

Ao contrário do que se esperava, e apesar de profusamente anunciadas, as medidas de combate à crise que ao Governo competia garantir, não se sentem no dia-a-dia da vida das empresas e dos cidadãos que delas tanto necessitavam, para além de que são, muitas delas, marcadamente demagógicas e desenvolvidas à custa das receitas dos municípios, chamados a assumir cada vez mais encargos que ao Estado cumpre assegurar para satisfação das necessidades básicas da população e em estrito cumprimento das suas funções tal como são definidos na nossa Lei Magna – a Constituição de Abril.

Ao invés do que Abril nos ensinou e deixou como herança, hoje, passados 35 anos, verificamos que se acentuaram os níveis de pobreza, aumentaram as desigualdades sociais, aumentou o desemprego para níveis incomportáveis, aumentou a precariedade no emprego e degradaram-se os serviços públicos essenciais, como por exemplo a segurança social, a educação, a saúde e o acesso à justiça, factos reconhecidos por todos excepto pelo Governo e pelos seus defensores.

É contra este estado de coisas que nós, democratas, estamos atentos, e fazemos ouvir a nossa voz para exigir, a cada momento, o cumprimento dos mais elementares direitos democráticos dos cidadãos e dos municípios, defendendo um poder local forte, interventivo e dotado dos meios necessários e suficientes para satisfazer as necessidades das populações e, dessa forma, contribuir para a elevação dos seus níveis de bem-estar e de qualidade de vida.

É necessário retomar os princípios, os valores, os caminhos de Abril, sob pena de deixarmos o País prisioneiro de um sistema iníquo, responsável pelas mais condenáveis desigualdades e injustiças sociais traduzidas na infelicidade e na miséria de milhões de seres humanos.

A Marinha Grande tem sabido, ao longo destes 35 anos de Liberdade, manter bem vivo o espírito de Abril e tal tem sido possível graças à elevada consciência cívica e democrática de inúmeras instituições e personalidades, entre as quais destacamos as escolas e os professores, as autarquias do nosso Concelho e o forte movimento associativo que inclui largas dezenas de associações, clubes e colectividades que abrangem as nossas 3 freguesias e as mais diversas áreas de intervenção social.
A todos deixo, em nome do Município, o reconhecimento pelo seu empenhamento e magnífico trabalho em prol do bem comum e de uma sociedade mais justa e mais fraterna.

De todos a Marinha Grande necessita para continuarmos a trabalhar pelo desenvolvimento e afirmação do nosso Concelho como um território de inovação e de progresso.

Por tudo isto aqui estamos, ano após ano, a festejar a Revolução dos Cravos e a afirmar que no País de Abril O POVO É QUEM MAIS ORDENA e que, como tal, exigimos que Abril se cumpra e se faça por todos cumprir.

2009 é um ano em que a democracia vai ser posta à prova. Um ano em que os marinhenses e todos os portugueses vão assumir o direito e o dever de escolher os seus representantes no Parlamento Europeu, na Assembleia da República e nas Autarquias Locais. É absolutamente fundamental para o futuro de todos nós que saibamos garantir através do voto que Portugal é o País de Abril, tal como a Marinha Grande é uma terra de Abril, escolhendo aqueles que estão, nas palavras como nos actos, ao serviço do Povo e dos valores de Abril.

O 25 de Abril constituiu a condenação de um dos períodos mais trágicos da nossa História e a ruptura com os valores do passado. Porque, para a Marinha Grande como para o País, o futuro tem de ser de progresso, só há um caminho a seguir – recusar os erros cometidos nestes 35 anos e retomar e cumprir os valores e os ideais de Liberdade, Igualdade, Progresso e Justiça Social de que Abril é portador. Seguir este caminho, os caminhos de Abril, é um dever que cabe a cada um de nós, a cada democrata e amante da liberdade, sob pena de se aprofundar o empobrecimento da nossa Democracia.

Sim, é possível se, como dizia o poeta garantirmos que
“Agora ninguém mais cerra
As portas que Abril abriu!”

Viva a Revolução de Abril
Viva a Liberdade
Viva a Marinha Grande
Viva Portugal




Alberto Cascalho
Presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande


Discurso proferido nos Paços do Concelho, em 25/04/2009, nas comemorações do 35º aniversário do 25 de Abril de 1974.

6 comentários:

Anónimo porque tem de ser disse...

Já li, reli e voltei a ler. Esforço-me para adivinhar porque é que ninguém reage a este discurso e dou comigo a pensar que a razão se funda na essência do " NADA " na sua construção. Lugares comuns, chavões, palavras e frases feitas, a par de um aproveitamento ridículo do 25 de Abril para um apelo ao voto naqueles que o reclamam como propriedade sua.
Que se saiba, o PCP/CDU nunca esteve no arco do poder, excepção feita ao PREC e sabe-se os riscos de ruptura que o País correu e quão perto estivemos de um conflito sangrento entre irmãos.
Gradualmente, o PCP foi perdendo influência, as Instituições Democráticas consolidaram-se. A democracia funciona, os regimes do Leste desmoronaram-se e os farois que iluminavam o caminho do PCP foram perdendo força e sem esses guias ideológicos, o PC foi-se acomodando à realidade e aceita fazer o jogo da democracia. Submete-se ao sufrágio universal e directo, através de eleições livres e o seu score fica-se por um dígito. Participa nos foruns Europeus, mas finge que é contra e enche o peito de ar, como a rã que quiz ficar do tamanho do boi.
Sou dos que pensa, como Melo Antunes, que o PCP faz falta à democracia, mas a verdade é que, desde que ele o disse após o 25 de Novembro até hoje, o PCP pouco mais fez do que introduzir alguma cosmética na sua imagem, substituindo a velha geração de anti fascistas e resistentes, por alguns jovens, com e sem gravata, que falam em nome do Partido nas tribunas que lhe dão visibilidade, mas o fazem sem alma, sem convicção e sem esperança.
Como eles, o indigitado Presidente da Câmara não foi autêntico, reduzindo-se ao papel de câmara de eco de discursos elaborados numa qualquer reunião, em que o texto final está de acordo com a regra do Centralismo Democrático.

Acintoso disse...

Eis um bitaite que merecia ser puxado à primeira página do Fórum!

Anónimo disse...

Dou-lhe razao Acintoso.

Cumprimentos às calhandreiras e aos calhandreiros (ladies first).

Ano Nimo

tristonho disse...

A falta de ideias é tanta, que não lhes restou alternativa que usar o mesmo slogan que outro partido tinha usado em anterioes eleições:

"CDU faz toda a diferença"

Será que faz !?!?

Wolverine disse...

Nem há mais a dizer...

Anónimo disse...

Escusado era o speaker com voz de cana rachada, sempre a martelar:

25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...
25 de Abril, Sempre,
Fascismo nunca mais...


... e continua