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segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Bursaphelenchus Xylophilus

A coisa é grave! O bursaphelenchus xylophilus, de baptismo, mais conhecido entre a súcia pelo nemátodo do pinheiro, até agora confinado a algumas regiões a sul do rio grande, está inapelavelmente a dirigir-se para norte. “Que se cuide o Pinhal do Rei”, parece gritar por entre estridentes gargalhadas guturais o longicórnio do pinheiro, insecto vector que transporta na sua traqueia, imagine-se, o microscópico facínora que nutre especial devoção e apetite pelo pinheiro bravo. “Agulhas amareladas e murchas, começando pelas mais jovens, que ficam na árvore por longos períodos de tempo”, “árvores com a copa total ou parcialmente morta”, “murchidão generalizada e súbita”, eis alguns dos sintomas agonizantes, após infligido o letal ataque do bárbaro agressor.



Bastou que o mercado na Wall Street cedesse, para que o mercado na Feira dos Porcos vacilasse, fazendo jus ao dichote popularucho – até a barraca abana! - coisas da globalização. Mas se lá foi a ganância pelo argém que acendeu o rastilho, cá foi a ganância pela legalidade, das leis, essas estranhas e curiosas linhas que delimitam a acção e o modo, umas vezes mais esticadinhas e niveladas que um prumo, outras vezes mais flácidas e serpenteantes que uma jibóia perguiçosa, tudo dependendo do olho director do sicrano ou do beltrano que as mire, de vesgo soslaio ou com modos de mirante conhecedor. É conforme.
A verdade é que, após uns quantos meses a estagiar em cascos de carvalho francês nas bafientas sub-caves dos paços (ainda se está para perceber porquê…), foi servido a contra-gosto à oposição, um parecer de violação dos pormenores da zona de implante do barracame, com rótulo de agarranado e com indicação de proveniência - comissão de região demarcada de origem duvidosa. “Cá está!” exclamou a oposição, finalmente o elemento que faltava para completar o puzzle da infracção e fazer soltar o gás. Logo a madre de Calcultá encabeçou a rebelião e brandindo o documento-prova diante dos prestimosos servidores da comunicação de massas, sequiosos de sangue quentinho para uma cabidela avinagrada, reclamou em tom de cantilena pueril: “violaram, violaram, violaram! Bem-feita, bem-feita, bem-feita!”. Mas espera que não se ficaram sem resposta! Logo um arcediago sabido e um cacifeiro ofendido (este na dupla qualidade de vendedeiro e de utenteiro), a duas vozes, afinadinhos, saltaram em defesa da honra, devolvendo a cantilena monocórdica sob a forma de argumentação barata e bacoca: “vocês é que violaram, vocês é que violaram! Queixinhas, queixinhas, queixinhas!”.
Psschiuu!!! Então meninos? Compostura! Tino, porra! Mas por acaso vocês acham que nós estamos interessados em saber quem violou mais vezes a lei? Vocês acham que nós acreditamos nas vossas intenções quando nos dizem aquilo que vos convém em cada momento? Vocês acham que somos parvos, ou quê? Nós estamos interessados é que as leis se cumpram, e em primeiro lugar pelos que nos devem o exemplo. Nós estamos interessados é que subam, não o tom, mas o nível da discussão. Nós estamos interessados é que tenham e-s-t-r-a-t-é-g-i-a! Nós estamos interessados é que tenham i-d-e-i-a-s e as c-o-n-c-r-e-t-i-z-e-m, que sejam c-o-e-r-e-n-t-e-s! Será que é pedir muito? Vá lá meninos, tento na língua, olhem para o exemplo dos vossos colegas aí à direita, caladinhos, sossegadinhos, bem comportados, com umas asinhas brancas e uma auréola beatífica. E porquê? Porque fazem sempre os deveres e portam-se sempre bem. ENTENDIDO?



Cidadãos de Santa Maria da Marinha, a quem o ministro marquês um dia dispôs que se chamasse, para nossa honra e glória, Marinha Grande, anuncio-vos o óbvio: o bursaphelenchus xylophilus há muito que tomou conta dos pinheiros da nossa cidade, em particular daqueles em quem fomos confiando, seguros das suas fundas raízes, tronco firme, sombra generosa e seiva abundante. Afinal, estão murchos.



Há duas estratégias possíveis para combater este flagelo do nemátodo do pinheiro. A primeira estratégia, a que está em curso, resulta do estado de letargo geral e aponta para uma sépsia generalizada das diversas espécies de pinheiros, no pressuposto de que quando já não houver mais cuníferas para infectar o nemátodo se erradica a si próprio. É uma estratégia destrutiva e causadora de incalculáveis prejuízos.
A segunda estratégia, a mais difícil, resulta da vontande inconformista e de não resignação, apontando no sentido dum combate feroz e ingente ao longicórnio do pinheiro, o tal insecto vector que transporta o minúsculo macaréu. Este insecto de ambição desmedida, que pulula e parasita indiferente em torno das nossas florestas, é ele próprio também uma praga que urge fulminar, pois parecendo inofensivo e inócuo é o terrível e abominável hospedeiro que permite a disseminação desta abjecta doença, que mina a saúde e a alma dos nossos pinheiros.

7 comentários:

Anónimo disse...

Tenho tentado manter o silêncio mesmo lendo todas as patetices que um pequeno grupo de inteligentes aqui escreve e que apenas se representa a si mesmo. Há falta de melhor argumentos para combater a câmara e à beira de eleições que sabem que vão perder é o vale tudo. Só que há coisas que não podemos ficar calados. Então não é importante saber que o PS violou o PDM? Isso não interessa? Ou só interessa um parecer escrito pelos compadres? O Dr. Guerra e o Saúl têm toda a razão e puzeram a nú a pouca vergonha que é esta oposição. Creio que é do desespero.
Quanto ao sr. relaxado é também o costume, escreve uma coisas que ninguém percebe e acrescenta umas inverdades. Melhor fosse que desse bons exemplos em vez desta veborreia.
Passem bem.

Anónimo disse...

"Tenho tentado manter o silêncio mesmo lendo todas as patetices que um pequeno grupo de inteligentes aqui escreve e que apenas se representa a si mesmo".
Este Confiante é um espectáculo!!!
Para ele todos escrevem 'patetices'.
Claro, como iluminado e detentor de sapiência que é, ele mantêm-se em silêncio (uma espécie de reserva moral), só aparecendo quando pensa que a sua douta voz fará toda a diferença.
Há gente assim - impante do seu ego.
Conhecemos o género.

Quanto à violação do PDM pelo PS para a instalação de uma gasolineira naquele local que, logicamente, parece ter sido arrancado à famosa zona desportiva, também não a compreendemos e bom seria que alguém que conheça do assunto nos viesse esclarecer.

Quanto às preocupações que o Confiante denota na defesa da actual Câmara... bem, estamos conversados.
Se nela vê assim tantas virtudes e capacidades, das duas uma: ou se mantêm no seu silêncio de reserva moral (para não deixar sair asneira), ou então que desenvolva o rol das benfeitorias com que este executivo tem presenteado o nosso concelho.

Anónimo disse...

Este tal de relaxoterapeuta não se percebe muito bem o que é que ele quer. É muita basófia.

Anónimo disse...

Lá se é muita basófia ou não, não discuto. Agora que há nesta nossa sociedade (e infelizmente não só na marinhense!) muito boa gentinha que é autêntico 'longicórnio' propagador de várias espécies de 'nemátodo' que vão correndo tudo e todos, lá isso é verdade e eu entendo muito bem.
Mas, como acontece com o tal de nemátodo do pinheiro, o problema está em saber como erradicá-lo!

Anónimo disse...

Não é para admirar que, ao centro esquerda e mais para o lado do coração haja estas constantes disputas, assim como nada admira que haja comentadores dos dois lados da barricada a vociferar contra este (bem) escrito do Relaxoterapeuta - ao seu melhor estilo, diga-se.
Cá por mim (que até sou de compreensão retardada), não me foi nada difícil descodificar a mensagem e ver que ela se dirige a ambos os lados desta trincheira parola.
Mas porque será que ela – a mensagem - não agrada nem a gregos nem a troianos? Será que sentem as canelas doridas, ou as orelhas a arder?
Seja como for, era bom que atentassem naquilo que é soletrado no texto - "Nós estamos interessados é que tenham e-s-t-r-a-t-é-g-i-a! Nós estamos interessados é que tenham i-d-e-i-a-s e as c-o-n-c-r-e-t-i-z-e-m, que sejam c-o-e-r-e-n-t-e-s! Será que é pedir muito?".
Isto é que é IMPORTANTE. O resto é paisagem! Mas é bem possível que o Relaxoterapeuta esteja a pedir a lua!...

Anónimo disse...

Bem-haja meu caro Confiante!!!
Estava cheio de saudades suas!!!

Começo por lhe endereçar o meus mais profundos pêsames por não conseguir descodificar uma mensagem até bastante fácil de entender lavrada pelo nosso amigo Relaxoterapeuta. O mesmo se estende ao anónimo das 14:16.

Continuando, pela parte que me toca, não me preocupo com quem ganha ou perde as eleições. O mais importante para mim, é que quem venha a compor o próximo executivo seja capaz de levar este barco a bom porto.

Seguramente, e penso que não sou o único a pensar assim, este executivo não chega aos calcanhares do executivo anterior nem tão pouco ao executivo da CM de Peniche que, por sinal, até é da mesma cor.

Se fosse a si, não estaria assim tão confiante, se bem que por outro lado e por enquanto não vislumbro qualquer solução para este marasmo em que caiu a Marinha Grande e a sua política local...

Anónimo disse...

Caro relaxoterapeuta,
Entendi perfeitamente a mensagem metafórica com que presenteou este blog.
Quem escreve assim sabe o que está a escrever e também sabe ser isento, qualidade que vai rareando.
PARABÉNS!...
Quanto aos bitaites troliteiros de alguns comentadores do seu texto...só tenho que lamentar e esboçar um sorriso amarelo...
Na verdade é urgente encontrar o remédio certo para que os nossos queridos pinheiros recuperem a saúde e a alma.