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domingo, 6 de janeiro de 2008

Revista de Imprensa

"Efluentes vão ser tratados na estação do Coimbrão"


A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) do Norte, situada no Coimbrão, Leiria, considerada o "projecto-chave" no processo de despoluição da bacia do rio Lis, está concluída e, dentro de dois meses, estará a funcionar em pleno, recebendo efluentes domésticos e suinícolas. Aquela que é uma das maiores estações de tratamento do país - resultante de um investimento de 15,6 milhões de euros - financiados em 86% pelo Fundo de Coesão da União Europeia, encontra-se desde o final do ano em testes. Para já, os resultados são bastante satisfatórios.

Para o administrador-delegado da SIMLIS (Saneamento Integrado dos Municípios do Lis, SA), Cláudio de Jesus, "esta mega-ETAR representa o elemento-chave de todo o processo de despoluição, interligando-se com a futura estação de tratamento de efluentes de suiniculturas (ETES), já que o tratamento final, que permite o lançamento da água para o rio Lis, será feito na ETAR Norte". A infra-estrutura, adianta, "apresenta um grau de sofisticação muito elevado e obedeceu a um estudo de impacte ambiental". Daí ter sido sujeita a uma série de ensaios, primeiro com água limpa, depois com águas residuais.

Finda esta fase, está tudo a postos para receber os efluentes domésticos, até agora tratados na ETAR da Ponte das Mestras, em Leiria, que vai ser desactivada. Em breve, serão também encerradas as estruturas de Monte Real (Leiria) e Garcia e Escoura, ambas na Marinha Grande. Dentro de um ano, prevê-se que trate cerca de 38 mil metros cúbicos de efluentes por dia, provenientes de 248 mil habitantes dos concelhos de Batalha, Leiria, Marinha Grande, Ourém e Porto de Mós, o que corresponde a 70% dos efluentes domésticos da bacia hidrográfica do Lis.

Dada a sua dimensão e localização, a ETAR tem uma longa lista de requisitos que deverá cumprir. O facto de se destinar também ao tratamento de dejectos suinícolas, esta estação de tratamento "terá capacidade para remover o azoto e o fósforo, compostos que se encontram naqueles efluentes e que se fossem lançados em grandes quantidades ao rio causariam o crescimento exagerado das plantas, desequilibrando os ecossistemas", explica o responsável.

A partir de Março, haverá condições para o tratamento de efluentes de cerca de 20 mil suínos. A ETAR Norte receberá diariamente 280 metros cúbicos de dejectos provenientes de suiniculturas, assim como 1500 metros cúbicos de efluentes pré-tratados na futura ETES, que deverá ser construída na freguesia de Amor. Este projecto, que não é pacífico, encontra-se em fase de consulta pública.

De futuro, parte da água a ser lançada para o rio vai ser integrada no processo de rega do vale do Lis, após a devida desinfecção dos efluentes. Em paralelo, a estação de tratamento irá produzir biogás. Os três motores colocados na infra-estrutura têm um megawatt de capacidade instalada, o que possibilitará que, a médio prazo, a produção de energia torne as instalações auto-sustentáveis.


(surripiado do Jornal de Notícias)

6 comentários:

Anónimo disse...

Finalmente, quase 20 anos depois de Macário Correia, Sec. de Estado do Ambiente na altura, ter vindo dizer a Leiria,que não voltaria às terras do Liz sem que o problema das suiniculturas e dos esgotos estivesse resolvida (de facto nunca mais cá pôs os pés), aparece luz ao fundo do túnel. Nestes quase 20 anos, muita merda passou debaixo das pontes e desaguou na Praia da Vieira, depois de ter provocado a morte de milhares e milhares de peixes.
Diz o povo que mais vale tarde que nunca e a verdade, se quizermos ser justos, é que as soluções que têm vindo a ser encontradas para os resíduos sólidos e para os esgotos, tiveram e têm o dedo de Sócrates.
Arrogante até à quinta costela, muitos vezes com um tratamento a roçar a grosseria,ele teve o mérito de acreditar nas soluções que propunha e de as implementar, apesar das guerras de capelinha e das intrigas e manipulações políticas, ao sabor dos interesses partidários do momento.
É óbvio que seremos nós, poluidores, que iremos suportar os custos com a defesa do ambiente e da saúde pública e em nome desses valores, apesar de me pesar no orçamento, nunca serei eu a pôr em causa o estatuto de pagador da poluição que produzo.
Os modelos encontrados para resíduos sólidos e esgotos merecem-me apreciação positiva, o que já não acontece com a captação, tratamento e distribuição de Água para consumo.
Neste caso, tendo em conta os recursos que existem em cada Concelho, Sócrates deveria aceitar o princípio do direito de opção a tomar por cada Município, podendo estes aderirem ou não a sistemas multimunipais e no caso de optarem pela gestão municipal deste recurso, não serem penalizados por isso, podendo recorrer a financiamentos comunitários, como acontece com os outros sistemas.
A ÁGUA é um recurso estratégico fundamental, com implicação directa nas políticas sociais dos Municípios e também uma importante fonte de receita, se for usada com critérios de equidade e justiça social, pode ser uma importante alavanca de desenvolvimento.
Se a minha opinião, que aqui partilho convosco, vale alguma coisa, eu acho que nós deveremos aderir, sem reservas, aos sistemas já a funcionar para resíduos e esgotos, mas manter em gestão municipal a exploração da Água.
De qualquer forma, o meu aplauso pela boa notícia aqui dada à estampa.

Anónimo disse...

Estas são muito boas notícias.
Até que enfim que aparecem coisa positivas! Já não é sem tempo.
Agora vamos lá a ver é se não começam a haver as habituais fintas ao sistema e se vamos continuar a assistir ao despejo da merdunga dos porcos para as ribeiras...

Anónimo disse...

Ao "Jovem" Eng. Cláudio de Jesus os meus sinceros parabéns.

Anónimo disse...

Amigo Vinagrete,
A água é mais que um recurso estratégico é o petróleo do sec. XXI.
Penso que a Câmara da Marinha Grande deveria realizar um estudo sobre este recurso e caso conclua sobre a abundância e qualidade do mesmo deve encarar todos os investimentos nesta área como prioritários, não só na rede de distribuição mas fundamentalmente nos equipamentos de captação, tratamento e armazenagem (rede em alta).
Simultaneamente deveria negociar a sua adesão a um dos sistemas existentes não apenas como cliente mas fundamentalmente como fornecedora do abastecimento desses sistemas aos concelhos nossos vizinhos “injectando” (como se faz na electricidade) água na rede.
Sobre a dificuldade de negociar este tipo de acordo, penso que o mesmo pode ser “forçado” pela vontade que existe de não ficarem municípios fora dos sistemas, pelo facto de terem de existir pontos alternativos de fornecimento de água e pelo facto deste recurso ter de ser fornecido em regime de proximidade.

Anónimo disse...

Uma correcção importante:
- Qualquer adesão a um sistema multimunicipal com centro-gravitico nas águas de portugal, implica obrigatoriamente uma cedência (venda/alienação de capital) de todos os activos referentes à captação, tratamento, aramazenamento e distribuição de água. À câmara fica a exclusiva responsabilidade de comprar à AdP para vender aos consumidores.

Este aspecto é fulcral para que uma qualquer populista presidente de câmara, não abdique a um qualquer preço, de tamanho recurso estratégico. 90% do nosso concelho engloba uns dos mais importantes aquiferos do pais - Sistema Aquifero Vieira de Leiria-Marinha Grande (ver página do INAG)
http://snirh.pt/snirh.php?main_id=4&item=4

Sendo toda a água captada e entregue em nossas casas proveniente do referido aquífero.

No nosso país de diminuídos, e cujo os atributos intelectuais não têm qulaquer valor quando se trata de gerir o funcionamento de uma cidade e ordenamento de território, é facilmente observável presidentes a receberem prémios chorudos a titulo pessoal, milhões a entrar ao desbarato para gastar em festas e obras incosequentes para a populaça, e depois, quando o dinheiro acabar, e quando a câmara se vê obrigada a vender e receber a água aos municipes e o dinheiro não chega para pagar a água entregue pela AdP, pois a batata quente fica do lado da câmara que terá que lidar com incobráveis e inefeciências do sistema, aì só resta um passo, privatizar também a distribuição com aumento em mais de 300% do valor a pagar por metro cúbico.

A câmara ao alienar tão importante activo à custa de uns bons milhões de euros, não se pode esquecer que o dinheiro acaba e quem acaba por pagar a factura daqui a uns anos é quem cá fica a consumir a água, pois o Sr. Prseidente, já estará com uma boa reforma à custa da exemplar gestão da causa pública e com os seus afilhados estratégicamente colocados nas inúmeras empresas prestadoras de serviços que irão gerir o sistema.

Anónimo disse...

O canto esquerdo tem razão, mas a mim não me parece que na Marinha Grande, este cenário que ele traça, se esteja a desenhar.
De qualquer forma, seria bom que os responsáveis políticos actuais e futuros candidatos, se vão manifestando sobre este tema.