Iniciada a auscultação aos fregueses pelo presidente da ajunta, cicerone de serviço, tomou da palavra a mais velha moradora do Largo, a dona Hermínia Marreca, para se queixar do mau cheiro que vem dos esgotos do seu prédio. Segundo as suas contas o problema está na tubagem que liga os esgotos ao colector e que é muito estreitinho. “Ora se o prédio tem quinze pessoas a comer quatro refeições por dia, no mínimo são… é só fazer as contas, mas no mínimo… três vezes seis… portanto, uns… dezoito quilitos de cocó por dia, é muito cócó e o tubo de ligação não dá vazão” concluiu a anciã.
O vereador responsável tomou de imediato a palavra para dizer que anotou a situação e que vai tentar resolver o problema, mas que não se lembra de ver nos estaleiros tubos com mais de duas polegadas de diâmetro, pelo que vai ser difícil, até porque que "o Barroca cortou o crédito". Ainda segundo o vereador, parece que um dos moradores come seis refeições por dia o que complica mais as coisas. Enquanto o problema não se resolve o autarca sugeriu aos moradores para evitarem as feijoadas e os cozidos e de quando em vez comerem "uns sabonetes Lux que assim cheira menos mal, eh, eh, eh”, gracejou com humor.
O sr. presidente da cambra também usou da palavra para acrescentar que a culpa é do anterior executivo que gastou todo o tubo de vinte polegadas que existia “e agora nós vemo-nos aflitos e constrangidos para resolver o problema da falta de vazão”.
De seguida falou a dona Gracinha para perguntar porque é que a cambra mudou o nome do Beco da Passarinha para Beco da Pardala, o que lhe tem causado muitos transtornos, ao que o vereador responsável explicou que a toponímia “tentou acompanhar o crescimento da ave” que está na origem do nome do beco. O sr. presidente da cambra, tomando da palavra aproveitou para acrescentar que a culpa é do anterior executivo que deixou a passarinha engordar.
O terceiro freguês a falar foi o sr. Borracho que se queixou da sinalização vertical existente no Largo, “há um stop em frente à minha porta, já lhe preguei três cabeçadas”. O vereador disse desconhecer a localização do sinal mas que vai mandar fazer um estudo sobre o assunto sugerindo ainda ao freguês: “para a próxima que acertar com a mona no sinal, chame a polícia para tomar conta da ocorrência e aproveite para soprar no balão, eh, eh, eh” respondeu divertido. O sr. presidente concordou e acrescentou que a culpa é do anterior executivo mas que não sabe bem porquê.
Jorginho Sapo foi o penúltimo a falar e, com a inocência dos seus dez anos acusou a cambra de andar a tapar os buracos que tinha feito para jogar ao “belindre”. Desta vez a resposta veio directa do presidente que acusou o garoto de "estar feito com o anterior executivo" e que tapar buracos é com ele e só não tapa os buracos do ozono porque não tem pessoal especializado, já que a anterior cambra despediu todos os tapadores de buracos de ozono "que tanto custaram a formar".
Por último tomou da palavra o sr. Manel Anjinho para questionar a cambra sobre diversos assuntos, nomeadamente, para quando uma resolução sobre o problema do mercado novo e do mercado velho, quais são os planos para o centro histérico, para quando o alargamento da zona industrial, qual o futuro da empresa de transportes, qual a política de juventude para o concelho, a política cultural, quais as prioridades do executivo relativ…blá, blá, blá, blá.
Vendo que o homem não se calava o cicerone interrompeu-o para informar que dado o adiantado da hora estava tudo muito cansado e a sessão ía ser encerrada ao som da música dos Patinhos. “Boa noite e bons sonhos! E não se esqueçam que estes encontros são muito importantes!” rematou.