Sempre que toma medidas impopulares de duvidosa eficiência logo abundam por aí escritos a enaltecer a “coragem” de José Sócrates.
Sou daqueles que tem consciência que se têm que tomar medidas duras para corrigir erros cometidos durante largos anos. Mas ir tomando medidas avulsas mediante as pressões de cada momento, não me parece acertado muito menos honesto.
Os Portugueses independente da classe ou camada social a que pertençam não podem estar à mercê das falhas de cálculo de quem nos dirige. Os Portugueses têm que saber e sentir que à frente dos destinos do País têm políticos que lhes dizem a verdade.
Os Portugueses não podem continuar nesta angústia colectiva que terá certamente consequências imprevisíveis.
Mas de facto há que respeitar a legalidade. Há prazos constitucionais a cumprir. Durante os próximos 6 meses a Assembleia da Republica não pode ser demitida. Se o Orçamento do Estado for rejeitado o actual Primeiro-ministro demite-se. Encontrar qualquer solução que respeite os resultados das últimas legislativas tem que passar pelo PS. Aceitará Sócrates que o PS indique outro Primeiro-ministro. Estará o PS nessa disposição? Ou antes os dirigentes do PS que sabem que José Sócrates já não esta só a ser queimado em “lume brando” mas a ser esturricado. Ou estará o PS refém da tal “coragem”.
Creio que já não é um problema de coragem. É mais um problema de teimosia do tipo do antes “quebrar do que torcer”. Aprecio a solidariedade do PS relativo a José Sócrates. Mas essa solidariedade não estará a levar o PS para uma posição de derrota e afundamento. Os resultados do Candidato Presidencial, não vão ser seriamente afectados por isto?
Não tenho dúvidas de que José Sócrates exerce o cargo de Secretário-geral do PS, democraticamente, pois para isso foi eleito. Mas será uma fatalidade? Não há mecanismos para que em face dos fracassos as coisas possam ser mudadas antes que seja tarde? Eu penso que já o começa a ser.
Não tenho qualquer dúvida de que as alternativas (credíveis) que se põem à sociedade portuguesa, passam pelo PS, mas urge que os seus dirigentes sejam capazes de tomar medidas para que a credibilidade que ainda tem, se mantenha e não deixar as coisas chegarem ao ponto de não haver retorno, pelo menos durante tempos, que serão sempre demasiados longos.
Convém esclarecer que embora apoiante, não sou, nunca fui e certamente nunca serei militante do PS.
3 comentários:
Caro Folha Seca,
Concordo na generalidade. Apenas um ponto ou outro que nem valeria a pena sublinhar. Mas lá terá que ser. Tem a ver com a legitimidade do voto aconteça o escrutinio onde acontecer. Para eleger um dirigente partidário ou um governante ou deputado... Hoje a democracia tende para a farsa da conquista da eeleição para de seguida de ir fazer exactamente o contrário do que se disse ser necessário fazer. Normalmente vem a justificação das causa externas. Nesse caso, então, a situação da Democracia passa de farsa a ópera bufa, porque se reconhece que o poder está fora das nossas mãos e não temos qualquer grau de autonomia...
(aliás, é mais ou menos isto aquilo que escrevo na homilia de ontem...)
Abraço
Claro que o PS a continuar assim vai de derrota em derrota até à derrota final. Nessa altura não vão faltar, daqueles que agora o bajulam a acusá-lo de todo o mal que ele fez ao Partido e ao País.
O que vale é que vai haver sempre um lugarzito de consolo, numa qualquer instituição internacional.
Sinceramente,
Se não fosse a falta de alternativas, estava-me bem a borrifar para o PS. Em relação a Sócrates, parece-me que ao estado a que isto chegou, a questão de ser corajoso ou meramente teimoso deixou de ser importante.
É que mesmo que as medidas tomadas venham a obter resultados muito positivos, a desconfiança, a descredibilização e o desgaste são tais que já não há volta a dar-lhe.
Agora, também é verdade que olhando à volta, só encontramos ... ninguém...
Bom Feriado.
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