A Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres (CADRM) denunciou ontem uma nova descarga poluente naquele afluente do rio Lis.
"É o acumular de vários dias, em que vão sendo lançados, sistematicamente, efluentes para a ribeira", explicou Rui Crespo, porta-voz da CADRM, adiantando ter dado conhecimento da descarga à GNR.
Segundo aquele morador na freguesia de Milagres, concelho de Leiria, ontem de manhã, a água apresentava "cheiro, cor escura e muita espuma, que são efluentes característicos de suiniculturas", à semelhança, aliás, do que afirma encontrar naquela zona há cerca de um mês.
"Há cerca de três semanas, que todos os dias são lançados efluentes para a ribeira", afirmou, justificando a ausência de alertas pela adopção de uma "atitude preventiva" junto da associação de suinicultores.
"Tenho tido uma conduta diferente, mais no campo preventivo. Quando detecto alguma descarga, no lugar de denunciar, alerto a associação, mas a verdade é que estão a lançar quantidades consideráveis", referiu ao Diário de Leiria, lamentando o "estado lastimoso" em que a ribeira dos Milagres se encontra.
Nesse sentido, Rui Crespo afirmou que vai passar a ter "uma postura mais denunciante", porque "se os empresários não sentirem pressão vão lançando efluentes", já que não há outro destino a dar". "Lançar para a ribeira é mais fácil e barato, porque não é controlado", frisou. Rui Crespo mostra-se céptico com a resolução de um problema que se arrasta há décadas, considerando que "não há fim à vista" no processo de despoluição da Bacia do Lis, mas mantendo "esperança" que o novo executivo camarário de Leiria tenha uma "atitude mais interventiva".
"Somos quase fiscais da ribeira, mas se não fosse assim aquele afluente era um autêntico esgoto", salientou.
Câmara promove encontro sobre processo de despoluição
O novo executivo camarário de Leiria esteve reunido com a Simlis - Saneamento Integrado dos Municípios do Lis - e a Recilis, empresa encarregue de gerir o processo de despoluição da Bacia do Lis, para "o acerto de questões que vinham inviabilizando a concretização do projecto", que passa pela construção da Estação de Tratamento de Efluentes Suinícolas (ETES) na freguesia de Amor.
Contactado pelo Diário de Leiria, o presidente da câmara, Raul Castro, mostra-se satisfeito pelo "espírito de boa colaboração que tem presidido no relacionamento entre todas as entidades intervenientes" e que "tem permitido melhorar as condições actuais da ribeira dos Milagres e dos campos do Lis". Segundo o autarca, o processo de Avaliação de Impacte Ambiental da ETES encontra-se na fase de RECAPE (relatório da conformidade ambiental do projecto de execução com a declaração de impacte ambiental), sendo a fase subsequente a construção da obra.
Quanto às descargas ilegais que, afirma, "enegrecem todo o processo", Raul Castro destaca a "preciosa colaboração de todas as entidades envolvidas", em particular "o papel da Brigada do Ambiente da GNR, que tem desenvolvido um trabalho relevante, que tem permitido detectar alguns dos prevaricadores".
(surripiado do Diário de Leiria)
Nota da Comissão de Moradores:
e qual é a posição da CMMG sobre este assunto? É bom não esquecer que as constantes descargas na Ribeira dos Milagres, para além de óbvios crimes públicos, praticados impunemente de forma sistemática, representam um preocupante foco de poluição do Liz, com graves implicações na qualidade de vida das populações e das águas balneares do nosso concelho.
5 comentários:
Até quando…?
Desde 1973 que as suiniculturas ao longo do leito da ribeira dos milagres nos presenteiam com efluentes provenientes da sua actividade. Há 34 anos que
a ribeira e o povo da freguesia de Milagres, Leiria, se revoltam contra a poluição.
Contrariando a definição normal de água – líquido insípido, inodoro e
incolor – o que corre na ribeira dos milagres é um colóide cinzento, de aspecto opaco, textura pastosa, coberto de espuma. Nele vagueiam resíduos de vária ordem como se de peixes se tratasse.
O estado da água é provocado pelas descargas irresponsáveis das
suiniculturas poluentes. Sempre que ocorre uma descarga, efluentes ricos em matéria orgânica, contendo igualmente produtos químicos, são enviados para a
água da ribeira que adquire um aspecto insalubre. A matéria orgânica degradase libertando azoto. Este composto é o nutriente principal de um grupo de plantas – as nitrófilas. Estas plantas competem com as espécies naturais das margens da ribeira assistindo-se a uma perda da biodiversidade local. Para esta concorrência contribuem também as espécies exóticas invasoras que se
observam no local como as canas ou as acácias.
Estas condições provocam uma ausência total de fauna sendo que apenas as bactérias conseguem sobreviver.
Milhares de pessoas morrem de sede todos os dias… Temos o direito de
fazer isto?
Não haverá uma maneira de inverter o sentido do caudal da Ribeira dos Milagres, para ver se, definitivamente, se afogavam os pocilgueiros na m**da que para ela despejam?
Essa seria a forma de lhes acabar com a suja existência e o tacanho sentido de civismo que possuem!...
A situação é mais grave do que aqui se lê ou escreve.
Basta fazer o caminho da foz até Leiria (não esquecer afluentes e valas) para se ver e apreciar o que não devia existir em pleno Sec XXI.
Está tudo à vista, só não vê, quem não quer.
Existem queixas, existem provas, existem culpados, ainda não vi ninguém preso, quando prenderem o primeiro acabam-se as descargas!
Isto é tudo a brincar, depois querem turismo de qualidade na Praia da Vieira?
Não esquecer as correntes marítimas norte-sul (S. Pedro fica a Sul da Vieira).
Toda a poluição despejada criminosamente do Rio Lis (não falando de outras)vem parar ao nosso Concelho, somos a fossa do Distrito de Leiria.
"Lá vem o Lis, saltitante e inquieto, a brincar com as areias doiradas do seu leito: lá vem o Lis, qual gaiato fresco e rabino, com as suas águas veleiras, a regar os mileirais verdejantes e as hortas e pomares floridos..."
Ao ler mais esta notícia, vieram- -me à mente as palavras de Vergílio Guerra Pedrosa.
É a minha utopia desejar que o Lis volte a ser a fonte de inspiração pelas melhores razões.
:-(
Bonito comentário pena é que não se possa fazer nada, ou pior não se queira fazer nada.
Para alguns aplica-se a lei sem contemplações para outros não acontece nada.
Em relação ao Dr.JPP, pareceme que anda por aqui muita dor de cotuvelo todos queriam lá estar mas só alguns lá chegaram não façam avaliações antes do tempo.
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