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terça-feira, 27 de abril de 2010

"Banalidades"

Lucro da BP cresce 137% no primeiro trimestre

Ah pois é! E estamos a viver a pior crise mundial de que há memória.

6 comentários:

Anónimo disse...

Parafraseando o Pirolito, "pois"

De facto, havia muitas mais banalidades deste tipo para publicar no largo.

A mim só me faz confusão esta de nos quererem convençer que vivemos um crise imensa e nunca saltaram tanto à vista estas obscesnidades. Será que andavamos todos distraídos?
Será que nunca tinhamos reparado que alguns gestores, recebiam, mais num ano que um trabalhador médio não consegue em 40 anos.

Que os bancos (segundo dizem) os responsáveis por esta crise, continuam a ter biliões de lucros.

Ná! Eu cá para mim acho que andavamos todos a dormir.

O problema vai ser quando se cumprir a profecia:
"A morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem.

Esta citação foi inspirada no discurso do recem convertido Leninista. Pedro Aguiar Branco, no seu discurso na assembleia da Republica no ultimo 25 de Abril.

Anónimo disse...

Pois! Tudo isto é escandaloso achamos nós, e bem. Mas já pensaram que de facto todos nós, gostamos todos de ir no nosso carrinho para o trabalho mesmo que o nosso vizinho vá para o mesmo sítio e à mesma hora? Que estamos desertinhos para o Benfica ser campeão para irmos todos para as rotundas dar voltas com o nosso carrito a despejar o depósito e encher o papo aos "tais"? E outras situações que eu não vou aqui enumerar, porque senão nunca mais acabava, e com certeza cada um dos calhandreiros (sem ofensa), que por aqui passa, se lembrará também.
Eu assumo a minha quota parte de culpa, embora tenha consciência de que é uma luta de David contra Golias.
Agora que o tempo já convida, vamos lá deixar o carrito na garagem e desenferrujar a bicicleta. E as pernas.

Anónimo disse...

MEMÓRIAS DO PORTUGAL RESPEITADO

Corria o ano da graça de 1962. A Embaixada de Portugal em Washington recebe pela mala diplomática um cheque de 3 milhões de dólares (em termos actuais algo parecido com € 50 milhões) com instruções para o encaminhar ao State Department para pagamento da primeira tranche do empréstimo feito pelos EUA a Portugal, ao abrigo do Plano Marshall.

O embaixador incumbiu-me – ao tempo era eu primeiro secretário da Embaixada – dessa missão.

Aberto o expediente, estabeleci contacto telefónico com a desk portuguesa, pedi para ser recebido e, solicitado, disse ao que ia. O colega americano ficou algo perturbado e, contra o costume, pediu tempo para responder. Recebeu-me nessa tarde, no final do expediente. Disse-me que certamente havia um mal entendido da parte do governo português. Nada havia ficado estabelecido quanto ao pagamento do empréstimo e não seria aquele o momento adequado para criar precedentes ou estabelecer doutrina na matéria. Aconselhou a devolver o cheque a Lisboa, sugerindo que o mesmo fosse depositado numa conta a abrir para o efeito num Banco português, até que algo fosse decidido sobre o destino a dar a tal dinheiro. De qualquer maneira, o dinheiro ficaria em Portugal. Não estava previsto o seu regresso aos EUA.

Transmiti imediatamente esta posição a Lisboa, pensando que a notícia seria bem recebida, sobretudo num altura em que o Tesouro Português estava a braços com os custos da guerra em África. Pensei mal. A resposta veio imediata e chispava lume. Não posso garantir a esta distância a exactidão dos termos mas era algo do tipo: "Pague já e exija recibo". Voltei à desk e comuniquei a posição de Lisboa.

Lançada estava a confusão no Foggy Bottom: - não havia precedentes, nunca ninguém tinha pago empréstimos do Plano Marshall; muitos consideravam que empréstimo, no caso, era mera descrição; nem o State Department, nem qualquer outro órgão federal, estava autorizado a receber verbas provenientes de amortizações deste tipo. O colega americano ainda balbuciou uma sugestão de alteração da posição de Lisboa mas fiz-lhe ver que não era alternativa a considerar. A decisão do governo português era irrevogável.

Reuniram-se então os cérebros da task force que estabelecia as práticas a seguir em casos sem precedentes e concluíram que o Secretário de Estado - ao tempo Dean Rusk - teria que pedir autorização ao Congresso para receber o pagamento português. E assim foi feito. Quando o pedido chegou ao Congresso atingiu implicitamente as mesas dos correspondentes dos meios de comunicação e fez manchete nos principais jornais. "Portugal, o país mais pequeno da Europa, faz questão de pagar o empréstimo do Plano Marshall"; "Salazar não quer ficar a dever ao tio Sam" e outros títulos do mesmo teor anunciavam aos leitores americanos que na Europa havia um país – Portugal – que respeitava os seus compromissos.

Anos mais tarde conheci o Dr. Aureliano Felismino, Director-Geral perpétuo da Contabilidade Pública durante o salazarismo (e autor de umas famosas circulares conhecidas ao tempo por "Ordenações Felismínicas" as quais produziam mais efeito do que os decretos do governo). Aproveitei para lhe perguntar por que razão fizemos tanta questão de pagar o empréstimo que mais ninguém pagou. Respondeu-me empertigado: - "Um país pequeno só tem uma maneira de se fazer respeitar – é nada dever a quem quer que seja".

Lembrei-me desta gente e destas máximas quando há dias vi na televisão o nosso Presidente da República a ser enxovalhado pública e grosseiramente pelo seu congénere checo a propósito de dívidas acumuladas.

Eu ainda me lembro de tais coisas, mas a grande maioria dos Portugueses de hoje nem esse consolo tem.

Estoril, 18 de Abril de 2010
Luís Soares de Oliveira

Rogério G.V. Pereira disse...

Caro Folha Seca, se atender-mos a que a BP tem o seu core business na venda de produtos cuja base são fornecimentos da Galp, não há dúvida que o jogar especulativo com as variações do preço do petróleo dá para sacar muito dinheiro...

Caro Sr. Luís Soares de Oliveira, desse ano da graça de 1962, só me lembro de três coisas: a crise académica; o inicio da luta armada nas colónias; as dificuldades financeiras dos portugueses vencidas à custa da emigração... (vou confirmar, mas parece-me que foi nesse ano que se reiniciou o processo mais violento de saída do país)

Rogério G.V. Pereira disse...

Fui à PORDATA e confirmo que 1962 foi de facto o ano em que a emigração, sendo já elevada e na ordem das 33 mil pessoas, dispara no final desse ano para valores em crescendo até a um pico que chega em 1966 aos 120 mil emigrantes. Consulte se necessário
http://www.pordata.pt/azap_runtime/?n=4
Conclusão: Salazar muito honrado paga dívidas à custa de quê?

folha seca disse...

Caro Sr.Luís Soares de Oliveira.

Obrigado pelo seu comentário.
Em 1962 eu era uma criança de 7 anos. Apesar da tenra idade tenho recordações dessa época. Especialmente da miséria em que viviamos. Recordo que o meu Pai trabalhava no vidro e tinha que cultivar vários pedaços de terra(emprestados) para a atenuar as carências com que viviamos. Eu próprio em 1965 (10 anos) fui trabalhar para o vidro, indo engrossar as fileiras de crianças que se tiveram que tornar homens prematuramente.
Desses tempos não me parece que tenhamos que ter orgulho. Mas cada qual tem os seus.
Dos tempos presentes, tambem não tenho grande orgulho, mas sim confiança em que a parte sã da nossa sociedade, ponha termo aos "abusos" e "aproveitamentos" que por aí se vêm.

Mas há uma coisa. Hoje podemos prostestar e dar a nossa opinião. Em 1962 o dar uma simples opinião, podia fazer com que se fosse parar (no minímo) à prisão. E como deve saber foram muitos os milhares de Portugueses a quem isso aconteceu.
Apesar das angustias, desilusões e incertezas, tenho mais orgulho no Portugal de hoje, do que no portugal Salazarento.
Cumprimentos