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sexta-feira, 23 de abril de 2010
Abril outra vez
A propósito de uma observação de um bitateiro anónimo que comentou o meu penúltimo post, onde publiquei um vídeo de um espectáculo realizado em 1977 (há 33 anos) em que vários cantores são vistos e ouvidos a cantar uma das emblemáticas canções de Abril, cujo refrão foi importado do Chile (o povo unido jamais será vencido) que vivia ainda (ou estava a acabar de viver) uma das mais sanguinárias ditaduras existentes nesses tempos e que infelizmente algumas ainda subsistem e outras se instalaram à posterior. Ou seja 36 anos depois de conquistarmos a (nossa) liberdade, “vimos ouvimos e lemos” noticias que nos fazem lembrar, não a todos os leitores do largo, felizmente porque já lá vão 36 anos e muitos provavelmente ainda não tinham nascido, a feroz ditadura que muitos de nós vivemos e sofremos.
É evidente que nem tudo correu bem. Está claro que não vivemos tempos de grandes euforias revolucionárias. Os dias que vivemos trazem-nos grandes angústias e incertezas. Os desempregados, os que viram baixar drasticamente o seu nível de vida, podem eventualmente pensar que isto tem algo a ver com o 25 de Abril e responsabilizar o Movimento dos capitães que souberam interpretar o sentimento do povo Português. Para os mais jovens é facilmente compreensível o seu desalento porque nasceram num período em que as coisas eram muito mais fáceis. Para os mais velhos só por esquecimento se pode dizer que “isto está pior”, naturalmente que ressalvo a existência dos”beneficiados” do regime deposto em 25 de Abril de 1974.
Mas há uma coisa! Podemos dizer o que pensamos sem ter que nos esconder. Podemos escolher os representantes nos órgãos do poder e mais! Até mesmo quando nos enganamos, podemos contribuir para depor até aqueles que ajudamos a eleger.
Como tudo o que temos, a democracia é para usar.
Eu vou dar-lhe uso amanhã à noite, mais uma vez, vou estar na Praça Stephens a gritar bem alto: ABRIL PRESENTE! AGORA E SEMPRE!
É evidente que nem tudo correu bem. Está claro que não vivemos tempos de grandes euforias revolucionárias. Os dias que vivemos trazem-nos grandes angústias e incertezas. Os desempregados, os que viram baixar drasticamente o seu nível de vida, podem eventualmente pensar que isto tem algo a ver com o 25 de Abril e responsabilizar o Movimento dos capitães que souberam interpretar o sentimento do povo Português. Para os mais jovens é facilmente compreensível o seu desalento porque nasceram num período em que as coisas eram muito mais fáceis. Para os mais velhos só por esquecimento se pode dizer que “isto está pior”, naturalmente que ressalvo a existência dos”beneficiados” do regime deposto em 25 de Abril de 1974.
Mas há uma coisa! Podemos dizer o que pensamos sem ter que nos esconder. Podemos escolher os representantes nos órgãos do poder e mais! Até mesmo quando nos enganamos, podemos contribuir para depor até aqueles que ajudamos a eleger.
Como tudo o que temos, a democracia é para usar.
Eu vou dar-lhe uso amanhã à noite, mais uma vez, vou estar na Praça Stephens a gritar bem alto: ABRIL PRESENTE! AGORA E SEMPRE!
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12 comentários:
Também sou dos que penso que Abril mereceu a pena,apesar de não estar realizado.
Há pouco vinha de carro a ouvir a antena 1 e fiquei emocionado com uma lágrima ao canto do olho,ao ouvir jovens a falar do 25 de Abril.
Da ditadura,da opressão dos povos das colónias,da repressão do Estado Novo com a Pide à cabeça,e de milhares de democratas que foram presos,torturados e muitos mortos.Da liberdade que hoje temos e que antes lutavamos por ela.Dos capitães de Abril que interpretando um sentimento profundo do Povo Português nos restituiram a liberdade.
Claro que o 25 de Abril é o seu romantismo sonhador rápidamente se esfumou.
Mas disso agora não quero falar .Das dificuldades que hoje os trabalhadores e o povo sente e vive.
Das espingardas que os militares de Abril,transformaram em cravos vermelhos.
Da enorme alegria que o povo Marinhense sentiu ao ver que também ele tinha ajudado nesta nobre gigantesta tarefa de erguer a democracia.
Mas,não posso deixar de protestar veementemente pelo facto de o progama do 25 de Abril,que a Camara preparou não estar à altura dos pregaminhos desta terra de liberdade.E mais disseram-me agora,não vi com os meus olhos,mas se for verdade é mau de mais,é que os cravos expostos na varanda da Camara,não são vermelhos,mas cor de rosa.
Não posso acreditar que não se respeite a tradição histórica e cultural do 25 de Abril.
QUE ABRIL VIVA SEMPRE.
Caro anónimo
Depois de ler o seu bitaite, cujo conteudo me agradou. Fiquei preocupado na questão da cor dos cravos. Dado que sou um dos previligiados que tenho uma 2ª habitação e não fui ao centro, hoje. fiz alguns telefonemas e não obtive uma resposta concreta, a mais próxima e indirectamente foi a de um conhecido artista plástico que terá transmitido a ideia de que os cravos não seriam bem vermelhos, mas? Espero que seja só uma questão de interpretação dos "pantones" espero eu.
O afastamento do Programa do MFA (cumprir os três Ds - Democracia, Descolonização e Desenvolvimento) é cada vez mais uma miragem
Agora até os cravos são côr-de-rosa?
Que mais nos irá acontecer?
... e quanto à liberdade, quem a tem chama-lhe sua.
Abraço e que viva, ao menos, o espírito do 25 de Abril.
A verdade é que a dita "geração de abril" que desde então tomou o poder e não o larga nem por nada (e se larga é para filhos , netos e enteados -uma dinastia republicana na verdade) criou o caldo economico, politico e social igualzinho ao que esteve na base do sucesso dum Sr chamado Oliveira Salazar...esperemos pois que estes "herois" que são sempre grandes gestores, grandes advogados, grandes economistas, grandes qq coisa, tenham a a humildade de reconhecer que FALHARAM!!!A situação economica que estes senhores nos vão deixar quando estiverem calmamente gozar as suas reformas milionárias (e que nos, pos 25 Abril, nunca iremos ter) só e equiparavel a de 1922!!!!!
Nunca tinha intervido neste forum mas depois de ler tantas hipocrisias acerca do 25 de Abril vou dizer o que me vai na alma.
A geração que reinvindica a sua credibilidade por ter de uma forma ou de outra "feito" o 25 de Abril deverá reconhecer que depois da meritória revolução que lhes trouxe a liberdade de expressão nada mais fizeram.
São os responsáveis pela calamitosa situação do país. Não foram capaz de aproveitar a liberdade para preparar o país para o futuro.
Foi tudo a roubar! Agora ainda com mais força!
E não vale a pena andarem a acusar-se uns aos outros. São todos responsáveis! Os que governaram mal e os que não deixaram nem deixam governar.
Como jovem sinto-me envergonhado pela forma irresponsável como geriram os destinos do país e pela situação calamitosa em que nos encontramos.
No ensino, na justiça, nas contas públicas, na segurança, na economia, etc!
A única coisa que fizeram foi estradas, casas a mais e darmos com a sensação que somos ricos, quando afinal continuamos os mais pobres da europa.
Essa dos cravos rosa ou vermelhos na varanda da Câmara, é mesmo assunto de quem não tem argumentos fortes e sólidos para comentar.
Quando a discussão tem este nível está tudo dito.
Caros: anónimo das 10:46 e jovem desampontado.
Não é muito habitual os autores dos posts publicados no Largo, responderem aos bitaites que entretanto vão sendo escritos. No entanto como tive a "ousadia" de trazer para aqui a discussão sobre o 25 de Abril, sinto-me na obrigação de dizer mais qualquer coisa, não para responder taco a taco, mas pura e simplesmente tentar prolongar a discussão.
Antes de mais quero dizer que tambem sou daqueles que acha que falta muito para que Abril seja cumprido.Penso até que em alguns aspectos há coisas que vistas duma forma isolada, até "pioraram"
Sabemos que muita gente se serviu em proveito próprio da liberdade conquistada então.
Mas culpar os militares de Abri e a geração de Abril, pelos oportunismos que ao longo destas 3 décadas e meia, se verificaram é um erro.
Podia não restar mais nada, a não ser a liberdade de aqui e ali podermos expressar livremente a nossa opinião, já era uma conquista. Mas para quem não se lembra, por amnésia ou por não estar cá ainda: o fim da guerra colonial, o direito a eleger e a ser eleito, a liberdade de imprensa o fim da censura, a liberdade sindical, o direito à manifestação, o direito de militar em qualquer partido político...etc.etc...
Banalidades, sim, mas apenas para quem não sabe o que é viver, sem delas poder usufruír.
tenho consciência de que há alguma gente que muito bem soube aproveitar estas e outras conquistas em proveito próprio. Mas para isso é que sou daqueles que não desisto de lutar pela pureza dos ideais de Abril. Ingenuidade, dirão alguns. Hipocrisia dirão outros. Enfim liberdade de opinião, digo eu.
VIVA O 25 DE ABRIL
De facto aquele bitaite do Jovem deve fazer-nos pensar.
Infelizmente para nós ele tem toda a razão.
Eu acrescentava ainda mais uma das hipocrisias:
Não descolonizámos, demos o poder a outros colonos.
Com excepção de Cabo Verde os povos das ex-colónias vivem bastante pior do que antes. Contudo, os novos colonos não criaram riqueza e são mais ricos do que os anteriores.
Tal como cá, os grandes capitalistas monopolistas foram substituidos pelos Mexias, pelos Varas, pelas Medeiros, pelos Coelhos, pelos Ferreira do Amaral, pelos Pina Moura, pelos Constâncios (Vitores), etc, etc.
Os monopólios dos Melos e Champalimauds foram substuidos pela Brisa, EDP e outras "parcerias" (dizem eles) público/privadas.
Depois queremos empregos e tratamos mal os pequenos e médios empresários.
Se calhar é por estas e por outras que os cravos estão a mudar de côr.
Os jovens e muita outra boa gente precisa de ir mais ao fundo do problema para lhe encontrar a verdadeira resposta.
Há um ditado que diz:
"Uns comem os figos e a outros rebenta-lhes a boca".
Os primeiros são os herdeiros do espírito e manha salazarentos, que estão a comer os figos que os outros - os da boca rebentada - colheram da figueira, muitas vezes com o sacrifício das suas próprias vidas.
http://dd2007.parti-socialiste.fr/2010/04/23/fontenay-politique-socialiste-portugal-portugais-commemoration-de-la-revolution-des-oeillets-revolucao-dos-cravos/
Ao Anónimo das 03.02,
São as vistas curtas (que não deixam ver a realidade) que nos têm definhado.
Pensava eu que tudo de mal que nos acontece já não era de salazaristas. Sim, esse ditador deixou-nos fora do mundo.
Mas já lá vai muito tempo!
Tivemos tempo e apoios mais do que suficientes para recuperar.
Acha que têm sido os salazaristas a comer os figos ou têm sido os pseudo democratas (alguns deles sob a capa de revolucionários) que surgiram depois da revolução?
Estamos a criar as condições para o aparecimento de um novo ditador.
Lembram-se como estava o país quando Salazar tomou o poder?
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