O projecto pedagógico e artístico Tocándar, nascido na Marinha Grande em 2000, vai ficar sem casa no fim do mês, revelou o presidente da direcção, que ontem recebeu um ofício da autarquia marinhense a "ordenar" que o " grupo abandone as instalações que tem ocupado no Edifício da Resinagem até ao dia 30 de Setembro".
Paulo Tojeira diz-se indignado por não ter "havido qualquer tipo de diálogo" entre a direcção do grupo e a Câmara Municipal que "dá apenas 15 dias para abandonarmos as instalações e não deu qualquer alternativa".
"Diz o bom senso que em situações que envolvam muitos jovens num projecto cultural, que as entidades devem conversar", diz o presidente da direcção, sublinhando que "não se tomam decisões destas às três pancadas".
O presidente da direcção explicou que através de um ofício o município marinhnse "ordena que o grupo abandone as instalações que tem ocupado no edifício da Resinagem até ao dia 30 de Setembro", quando o protocolo de cedência do espaço determina que o aviso tem de ser "feito com dois meses de antecedência".
Novos projectos na forja
Dizendo-se "surpreendido" com a carta, que ainda pensou tratar-se de "um apoio e não da ordem de despejo", Paulo Tojeira referiu que a associação ocupa há cerca de um ano o edifício da Resinagem (em pleno centro histórico da cidade) na sequência da entrada em obras da escola secundária onde desenvolvia a actividade, que inclui espectáculos em palco, arruadas, oficinas de percussão, gigantones e cabeçudos, caretos e gaiteiros.
"Estamos também a lançar um projecto de pauliteiros. Temos mais de 700 pessoas inscritas nas diversas actividades", acrescentou.
O responsável diz entender as obras de requalificação que vão ser efectuadas no edifício, mas afirma que "não é assim que se fazem as coisas", e que se trata de "uma atitude incorrecta de pessoas que são eleitas e pagas com o dinheiro dos contribuintes". Paulo Tojeira diz que já tem "miúdos a chorar a pensar que o projecto vai acabar", mas garante que tal não vai acontecer e que a direcção já está à procura de alternativas até porque, recorda, "esta já é a segunda vez que somos postos na rua".
A primeira, recordou, aconteceu na Escola Secundária Eng. Acácio Calazans Duarte, onde o projecto foi desenvolvido, nas Oficinas do Projecto A-Ventura, depois de a anterior direcção não ter providenciado um espaço para o grupo.
O presidente da direcção do Tocándar assegura que "nunca existiram problemas com os anteriores executivos" e que com este até se dão todos bem, pelo que recusa pensar em questões político-partidárias, considerando que "se fosse uma coisa dessas era altamente condenável".
Ainda assim Paulo Tojeira classifica o 'despejo' como "uma machadada" na cultura da Marinha Grande, e que "é chegada a altura de se valorizar mais o trabalho voluntário em nome da cultura", porque, frisa, "não temos que a andar a pedir esmolas".
O presidente da direcção do Tocándar acusa a autarquia de ser de "uma insensibilidade extrema", mas diz que "o fundamental é não deixar morrer o projecto", pelo que a direcção vai reunir para "criar alternativas".
"Tocándar é um projecto que nos merece apoio", diz presidente
O presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, leu, à agência Lusa, o restante conteúdo da missiva enviada à associação, onde justifica a necessidade de desocupação do espaço devido à aprovação da candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) da requalificação do edifício.
As obras deverão ter início até ao final do ano.
Álvaro Pereira, que assegurou desconhecer o protocolo celebrado entre a autarquia e o Tocándar, acrescentou que as divisões municipais que estavam no edifício "já procederam ou estão a proceder" também à desocupação.
O autarca considerou que "não é na comunicação social que se resolvem estes problemas", frisando que a associação, que recebe anualmente um subsídio e se servia de instalações da Câmara gratuitamente, estava a ser "beneficiada" e que, face ao ofício, poderia "procurar" o município para encontrar soluções.
"O Tocándar é um projecto que nos merece apoio", assegurou ainda Álvaro Pereira, sublinhando que a autarquia "preserva a cultura marinhense" e, neste âmbito, não recebe lições de ninguém.
(surripiado do Diário de Leiria)
8 comentários:
2 Questões
1- Creio ser inconcebível que a Camara Municipal não tenha respeitado o protocolo assinado com o anterior executivo. Esteja-se ou não de acordo, os compromissos assumidos são para cumprir. Se algo está errado há que resolver pela via do diálogo.
Mas mesmo que o prazo fosse cumprido é inadmissivel que a autarquia não ajudasse a encontrar uma solução, das certamente várias possíveis, para que aqueles 700 jovens tivessem um local adequado para poderem continuar a ocupar os seus tempos livres, duma forma saudável.
2- Se a expressão usada foi "a autarquia preserva a cultura Marinhense e nesse âmbito, não recebe lições de ninguem". Vai por mau caminho, ao demonstrar um pedantismo, que não estava no programa eleitoral em que votámos.
Há muito que aprender, a cultura é mesmo isso, um acto de aprendizagem constante e não é preciso saír dos Passos do Concelho para, consultando os arquivos, ver o que e como se fez, para preservar a cultura.
Talvez uma nova visita pelas colectividade do Concelho, como foi feito na campanha eleitoral, levasse os nossos autarcas a perceber, o quanto podem aprender e quantas lições podem receber.
Meus queridos,
Será que esta gente (todos)ainda não tenham aprendido que os problemas se resolvem conversando?
Talvez dê para perceber que algumas pessoas mesmo tendo sucesso escolar não aprende, ou melhor ainda, continuam burros.
A questão, bem lá no fundo, é que para muita gente, a juventude não é a melhor coisa deste mundo...
Sugiro a quem se incomoda com estas coisas, o melhor conhecimento da experiência venezuelana "El Sistema".
Ver aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=276oR_tEmbs
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A Educação é para nós fundamental, colocando os nossos jovens com acesso privilegiados a meios complementares de aprendizagem, além de uma actividade cultural e desportiva relevante, tendo em muitos casos como parceiros as Associações, que são para nós um verdadeiro orgulho. O Concelho da Marinha Grande, será olhado novamente com respeito e admiração por todos.
Transformaremos as utopias e os sonhos em realidade, num constante processo de diálogo e gestão participativa com as populações.
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O Sr. presidente não estava de férias? Era melhor que lá tivesse ficado... o homem diz nem conhecer o protocolo assinado! Já perdi a pachorra, são trapalhadas atrás de trapalhadas.
Não sabem o que andam a fazer.Tanta incompetencia junta e mais tem acessores para tudo e mais algum coisa.Vergonha das vergonhas para quem de diz socialista-
Isto é mesmo um tiro no pé de quem está desatento e não vê a má fé e o terreno armadilhado.
Alguém acredita que esta Câmara não queira apoiar uma organização cultural e social tão importante como os Tocandar?
Mesmo que assim não fosse, tão relevante como é para o Concelho, alguém acredita que esta Câmara quizesse criar publicas complicações ao Dr. Tojeira?
Querem fazer-nos Tó Tós, ou quê?
De:
Paulo Tojeira - Tocándar
Para:
Fazendo de nós tótos ou não...
ou
A Verdade Chateia disse...
Sim é verdade que o Edifício da Resinagem vai para obras. Sim é verdade que o Tocándar também quer o centro da cidade bonito e é preciso obras, independentemente da nossa (e da minha em particular) opinião em relação às obras e aos destinos finais. Sim é verdade que o Tocándar recebeu um ofício da CMMGrande a dar 15 dias para a retirada de todo o material. Sim é verdade que a CMMGrande já tinha contactado um empreiteiro (que está nas obras da Escola Calazans Duarte) para proceder à retirada de todo o material, mas que não o conseguiu fazer devido ao bom senso da Direcção da escola que me chamou e eu impedi tal acto!!
Sim é verdade que a escola poderá acolher uma parte do projecto. Não é verdade que a CMMGrande tenha durante este ano prestado qualquer apoio financeiro ao projecto Tocándar, mas usufruiu (e bem) do trabalho do Tocándar, que foi criado para trabalhar e estar ao serviço da comunidade.
O que alguns parece desconhecerem é que existe um Protocolo assinado pelo presidente da câmara (o anterior) que obriga a CMMG a avisar com DOIS MESES DE ANTECEDÊNCIA que vai iniciar as obras, para que se possa arranjar alternativa!!
Por isso, não está em causa a saída do local!!! O que está em causa é a arrogância dos 15 dias e a falta de cumprimento de um Protocolo assinado pelas duas partes!! O que está em causa é esta contínuada e reincidente tendência das lideranças marinhenses para atacarem permanentemente os elos mais fracos (será que são???)!! O que está em causa é o facto de diversos eleitos pagos para exercerem cargos públicos insistirem em fazer a vida negra a um punhado de gente que trabalha voluntáriamente para o bem dos nossos jovens e da cultura da nossa terra e do país e para a afirmação da nossa cultura!
Espero que a luz da cultura nos ilumine e que o bom senso triunfe.
é o que tenho andado a tentar há alguns anos...
E sei que vamos vencer!
Visitem-nos e conheçam-nos em www.tocandar.com
Abraços
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