Detenhamo-nos numa das primeira medidas deste executivo que, com a complacência de uma oposição com argumentos mas sem convicções, passou em frente, fazendo lembrar aqueles árbitros de futebol que no início do jogo começam por não sancionar faltas mais graves e que, depois de terem perdido o controlo disciplinar da partida, por faltas menores, começam a mostrar cartões a torto e a direito, com absoluta falta de critério. Mas vamos aos argumentos.
Se é verdade que, em tese, qualquer baixa de impostos num país com a nossa carga fiscal e sobretudo com a falta de eficiência e de eficácia com que os dinheiros públicos são geridos, é sempre bem vinda, convenhamos que na actual crise e face ao leque de contribuintes existentes no concelho, a baixa de 1% no IRS, não podendo transformar-se numa medida de discriminação positiva, apenas favorece as famílias de maiores recursos. Fica-se assim sem se perceber a bondade desta medida e quais os argumentos na origem da sua adopção. Talvez o aumento da competitividade entre autarquias no sentido da atracção de novos munícipes? Não parece razoável. O cumprimento de uma promessa eleitoral? Por si só não será argumento, mas poderá ser a razão imediata da sua adopção.
Percorridas as 91 medidas do programa eleitoral até há pouco disponível na internet (mas que em boa hora guardámos em “memória virtual” não fosse o diabo tecê-las), a baixa de 1% no IRS não aparece em lado nenhum. Então qual a origem desta medida cujo alcance social não se entende? Afinal, a medida já tinha sido anunciada há algum tempo e provém do directório socialista do distrito, “inspirada” nas políticas revitalização económica defendidas pelo presidente da comissão europeia, Durão Barroso. Como a maior parte de nós não passam de simples mexilhões à mercê da tareia das ondas ou de distraídos robalotes que sobrevivem na babujem da rebentação, nunca iremos perceber o que vai nas cabeças pensantes dos peixes de águas profundas, os chernes e os tubarões que afinal de contas mandam em nós e no nosso destino, perante a nossa incompreensão, mas com o “nosso” voto. Enfim, está explicado.
Mas já que estamos em maré de promessas eleitorais, vale a pena lembrar o novo executivo de uma daquelas promessas cujo tempo não serve de desculpa para o seu incumprimento. Na medida 12 do programa eleitoral do PS, relativa à área da educação, é dito:
12. Contratação imediata, mediante concurso público, de 45 funcionárias (auxiliares de acção educativa) para suprir as faltas existentes e garantir o acompanhamento a todo o tempo dos alunos da educação pré escolar e do 1º ciclo do ensino básico, seja nos intervalos escolares, refeições, ou actividades de enriquecimento curricular.
Se bem se recordam do desabafo de uma mãe aqui no nosso Largo, antes do início das aulas, esta sim, esta seria uma medida de importante alcance educativo e social, prometida com o rótulo de “imediata”.
Tomar medidas é importante, assim como é importante cumprir promessas eleitorais ou justificar porque se deixam “cair” algumas dessas promessas. Mas não menos importante é a comunicação que a autarquia deve manter com a população no sentido de justificar e de dar visibilidade ao seu trabalho e à coerência do seu rumo. E neste particular, a começar pelo site da própria câmara, importante instrumento de comunicação, nada parece ter mudado, antes pelo contrário.
Podem dizer-nos que afinal tudo isto não passa apenas de sinais. Pois, é verdade. Mas são sinais e os sinais servem para… sinalizar. Para o bem e para o mal.
18 comentários:
Pois é ...
O bom senso exigiria ao executivo, ou melhor ainda, ao executivo e aos orgão distritais e/ou concelhios do PS que esclarecessem a população.
Parece que ficaram deslumbrados com o poder e nem sequer sentem qualquer obrigação de esclarecer os seus eleitores.
Como não têm argumentos válidos optaram pelo silencio e parece que se estão literalmente a CAGAR para as criticas. Parece grosseiro mas não consegui encontrar um termo mais adedquado.
Por exemplo: Defecar, evacuar.
Mas acho que cagar também é fiche.
Já que nem o Presidente da Câmara nem o PS dizem nada, talvez o Folha Seca ou o ai ai pudessem dar uma ajuda para o pessoal do Largo perceber a razão da coisa.
Estão tão caladinhos ...
Dou os meus parabéns à comissão de moradores por já terem começado a escabichar o programa eleitoral vencedor e pela insistencia no tema da inexplicável decisão de descida do IRS.
É um facto que esta ultima situação terá implicações desnecessárias na redução da receita no orçamento da Câmara.
Se por acaso (eu não acredito) fizeram contas e concluiram poder prescindir desses valores no próximo orçamento, teriam tido uma oportunidade soberana de, por exemplo, reforçar as verbas de apoio a instituições de apoio social ou até propor à segurança social uma ajuda extrordinária para acabar com aquela "taxa de reserva" de 10 euros que os mais desfavorecidos têm de pagar a alguns oportunistas autorizados para poderem garantir consulta no Centro de Saúde.
Sobre a divergencia da execução camarária com o programa eleitoral, é um mau hábito que continua a vigorar.
Sinto que toda a oposição está numa posição de expectativa e não assumir a proactividade necessária.
Como a minha política é o trabalho, não me apetece dizer nada hoje.
Até mais, e resto de bom-fim-de-semana.
Fui ao tal dito cujo site e nada.
http://www.porumamarinhagrande.net/index.html
Já desapareceu!
O que vale é que o pessoal que manda no Largo é prevenido e guardou a coisa para ir escabichando.
Grandes malandros!
Estão mais atentos do que a oposição. Oposição?
Mas existe oposição?
Como têm medo de ser acusados de não deixar governar deixam passar barbaridades como esta do IRS?
Com dizem no anúncio
EU É QUE NÃO SOU PARVO!
Que raio ninguém tem nada para dizer em favor da grande decisão politica de revitalização económica que foi a descida do IRS.
Já discutiram tudo na AM ou estão com vergonha e não sabem como justificar?
Uns propuseram e outros deixaram passar.
Tá-se bem!
Que giro!
Todos os bitaites no mesmo sentido e não há contraditório.
Não é muito frequente.
Porque será?
Minha cara, qual é o seu contraditório?
Minha cara, qual é o seu contraditório?
Todos os bitaites anteriores questionam as razões de tal medida e a posição da oposição e ninguém contrdiz ou justifica.
Por um bitaite anterior seu percebi que não está de acordo com a medida tomada e está preocupado.
Acha normal a abstenção da CDU e do PSD que permitiu a viabilização de tal medida que nem sequer consta no programa do PS?
Meus caros
A campanha já acabou! Lembram-se?
Agora é tempo de trabalhar. Deixem-se de lamúrias e façam alguma coisa, ou pelo menos não atrapalhem com brejeirices.
Ao que sei os programas são de 4 anos... e os sinais... são sinais.
Se calhar era melhor e mais justo ter agravado o IMI, a Derrama e o IRS, não era?
Tão espertos que nós somos...
Vão mas é trabalhar, como diz o outro!
Carao anónimo das 09:30,
Quanto a uma coisa estamos de acordo. A Campanha eleitoral terminou. Por isso, as medidas a tomar devem ser racionais e convergir para a melhoria da qualidade de vida da nossa terra. Se os actuais orgãos autárquicos o fizerem concerteza que serão reeleitos daqui a 4 anos.
Acha que a redução do IRS contribui para esse designio? A mim parece-me que não. Além disso é um péssimo sinal.
Tem todo o direito a discordar dos bitaites anteriores e até nos poderia ter esclarecido. Mas não o fez. Preferiu a provocação inconsistente.
Permita-me que lhe diga que o seu comentário é completamente absurdo.
Nele parece estar reflectido uma preocupante ausencia de capacidade de discussão, de análise objectiva dos problemas e de discussão de novas soluções.
Só espero que não tenha vindo de ninguém com responsabilidades politicas e de governação do nosso concelho.
Vamos ao contraditório!!!
Confesso que não estava para intervir neste assunto, até porque o post publicado pelo FLC é extremamente elucidativo e confesso, quase impossível de contrariar.Mas como às vezes dá-me uma de me armar em "advogado do diabo" e como a procissão ainda "vai no adro" no que respeita a actos da nova gerência autarquica,que pelos "sinais" vai ter muita porrada para levar, vou só tentar olhar para a outra face da moeda em discussão.
Todos os contribuintes que são taxados em sede de IRS contribuiem com uma determinada parte dessa taxa para os Municipios onde têm a sua sede fiscal. Independentemente da taxa que lhe é aplicada, uma percentagem fixa vai directa para os cofres do Municipio. Esta percentagem pode ser alterada por decisão dos orgãos autarquicos (não sei se tambem para mais).Ora contesta-se que na redução aplicada só um pequeno numero de municipes com maiores rendimentos vai benefeciar com esta redução,certo? Eu estou de acordo com os contestatários desta medida e aceito os argumentos. Mas ninguem se lembra que estes mesmos municipes (durante todo o tempo em que este regime fiscal funcionou) pagaram mais do que os outros? Ou voltamos aos tempos em que ganhar (digo ganhar) mais do que os outros só serve para pagar mais impostos? quando se trata de beneficiar já não vale?
Uma das próximas medidas (e esta sim, inscrita no programa eleitoral do PS) vai ser a do cheque-filho e aí vai ser o "bonito" porque se há muitas famílias que necessitam desse apoio, outras há que não... vamos então ver.
Sei que não me livro de levar umas "porradas" depois deste bitaite. Mas pronto, sejam meiguinhos que ando um bocado sensível.
Permita-me o atrevimento, mas vou tentar traduzir o que o Folha Seca quis dizer.
"Eu até não estou de acordo com a descida do IRS mas ... pensado bem até é justo que o pessoal que ganha mais tenha agora um aliviozinho.
O cheque-filho, embora no programa do PS, se for para todos ... também não percebo bem."
É elucidativo da confusão que isto causa nos socialistas mais esclarecidos.
Eu não percebo nada disto de menos IRS ou mais IRS. Pelo que aqui vou lendo, parece-me que esta diferença de 1%,não altera a vida dos marinhenses.
Sinceramente, não discuto, porque não sei. Agora há um problema que afecta os marinhenses, e muito, e não o vejo a incomodar, senão aqueles que o sofrem directamente na pele, que é ter de viver sem salário,uns porque trabalham e não recebem, e outros nem sequer têm trabalho. Assim, peço ao LFC, que lance aqui este debate, pois parece-me de muito mais importância.
Os ricos que paguem a crise!
Descidas no IRS só para os pobres!
Onde é que eu ja ouvi isto?
Ouviu nas pessoas que estão realmente interessadas nos desempregados ou nos que ganham o salário mínimo. É claro que a direita quer é tgv's e metros de superfície...
Ouviu naqueles que nos seu cadernos eleitorais foram honestos e pagaram por isso, em contraposição com a demagogia da direita e de novos interesses políticos. Enfim, assim seja...
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