Do lado do PC logo a ameaça foi identificada como mais uma subtracção de direitos ao povo, mais uma investida do governo Sócrates contra a prestação de cuidados de saúde às populações, com base numa lógica puramente economicista. A resposta foi óbvia, logo o PC identificou nesta ameaça uma oportunidade para afrontar o governo socialista e, a reboque, o PS local (e vice-versa), fazendo um conjunto de exigências de reforço da qualidade e extensão dos serviços prestados, excluindo liminarmente qualquer possibilidade de encerramento do SAP, identificando-o sempre (de forma nada inocente) como um serviço de urgência. A fachada foi uma pseudo-comissão de utentes que representaria as suas reivindicações, acima de qualquer interesse partidário. Muitos caíram na esparrela.
Do lado do PS foram também identificadas a ameaça e a oportunidade. Após um primeiro momento de alguma incerteza relativamente às reais intenções do governo Sócrates, o PS reconheceu a ameaça traduzida no ataque desferido pelo PC contra as suas estruturas locais, as quais se percebeu estarem “amarradas” a uma decisão nunca assumida pelo governo e por isso difícil de gerir localmente. A oportunidade também surgiu como óbvia, afirmar intransigentemente a defensa dos utentes, não aceitando o encerramento sem contrapartidas tendo em vista melhorar os serviços de saúde prestados à população.
Passado todo este tempo os desenvolvimentos que nos chegam são nenhuns, não há notícias. O ministro caiu e atrás de si parecem ter caído os encerramentos que provocavam agitação social, nada oportuna a um ano e meio de eleições. A comissão de utentes eclipsou-se parecendo satisfeita com o simples facto do SAP não ter (ainda) encerrado. Contudo, um conjunto importante de perguntas fica por responder. Face à falta de informação que nos é prestada (a nós utentes), vale a pena insistir:
- será que o SAP da Marinha deixou de funcionar como um mero prolongamento das consultas diárias por falta de capacidade de respostas no período normal de atendimento?
- será que todos os utentes da Marinha já têm médico de família?
- será que já é possível marcar consulta sem se ter de ir de madrugada para a porta do Centro de Saúde?
- será que as condições de atendimento de urgência foram melhoradas, apesar de não ser esse o papel do SAP?
- será que o período de atendimento aos utentes (consultas diárias) vai ser alargado?
- será que foram introduzidas no Centro de Saúde reformas tendentes às melhoria dos seus serviços?
- será que vão ser introduzidas novas valências no Centro de Saúde?
- o que é que os utentes do Centro de Saúde da Marinha Grande ganharam com este “processo”?
Passado todo este tempo não se percebe como uma questão tão importante rapidamente pareça ter sido retirada da agenda política local e caído no esquecimento. Há por isso uma pergunta que se impõe: será que PC e PS alguma vez estiveram genuinamente interessados em resolver a questão de fundo, ou tudo não terá passado de um circunstancial conjunto de ameaças e oportunidades de mera táctica partidária? Ou muito me engano ou vamos uma vez mais ficar sem respostas. Pelo menos até à próxima campanha eleitoral…
3 comentários:
A comissão de utentes foi uma fachada para pura agitação social. Aqui, tal como em outros pontos do país, as forças políticas que estavam por trás de todas estas comissões de utentes apenas se preocuparam em passar a mensagem de que o Governo queria tirar os centros de saúde às populações. Face a isto, é de compreender que essas mesmas populações se revoltem contra esse facto.
Mas uma vez que o único propósito da oposição em Portugal (seja ela feita por qualquer partido) é fazer cair ministros ou Governos e não fazer a crítica construtiva, uma vez derrubado o ministro, tudo ficou bem. Como esta Ministra da Saúde não actua, simplesmente tenta criar a ilusão que o faz, não há contestação.
E assim tudo continua bem no nosso pequeno Portugal...
Os Partidos Políticos estão a matar a democracia. E os médicos são dos principais reponsáveis pela morte do Sistema Nacional de Saúde. O melhor era juntá-los todos e fazer um estado independente onde se prejudicassem mutuamente.
Na verdade quem acusa os Médicos de responsaveis, sopode memso precisar do tratamento deles.....
Lamentavel!
Deploravel!
e mostra do Facilitismo e a técnica da fractura de grupos Profissionais, teoria desenvovida pelo "nosso" 1ª......
Como se pode acusar os Médicos, do quer que seja do sistema Nacional de Saúde, se o mesmo cumpre e rege-se por normas, leis, directivas e instruções Ministeriais?
Como podem os Médicos serem responsaveis dos orçamentos reduzidos?
Como podem os Médicos serem resposnabilizados dos Edificios serem mal concepciondos e naõ darem resposta às necessidades para ofim que se destinam?
Na verdade, é muito mais interessante levar "velhinho" para CUBA, que pagar metade do valor dessa deslocação a medicos em Portugal!
Falemos das listas de espera.....
São reduzidas por trabalho efectuado no horário normal? NÃO! ou sej quer dizer que o numero de Médicos é insuficiente para as necessidades do País.....
Resta utilizar a frase de alguém que é respeitado e Idolaterado:
- E OS BURROS SÃO OS MÉDICOS?
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