O Mestre abeirou-se de mim e entre dentes ciciou – Sabes, vou fazer um filme sobre a tua terra.
Buélo, ante a imprevista revelação, questionei-o curioso – Um documentário? Sobre o vidro? A indústria?
Sorriu, afagou o queixo e num tom de assentimento satisfez-me o almejo – Não, sobre a cidade. Gosto de planos longos e lentos, quase dormentes.
- Mas os actores… o guião… não são grande coisa – avisei.
- Não importa, o que me interessa é a fotografia, a imutabilidade da imagem. Como se o tempo não fosse factor de absolutamente nada. Imagina um rio que não corre para lado nenhum, ao ritmo dum relógio sem ponteiros, marcado por um calendário sem dias.
O Mestre não me surpreendia, antes confirmava os meus piores receios que iam muito para além da sua visão erudita e iconoclasta.
- E já tem título?
Cerrou os olhos e, levantando a mão num suave movimento da esquerda para a direita, como se de escrita se tratasse, foi deixando suspenso no ar, entre o indicador e o polegar ligeiramente afastados na vertical, o epigrafo escolhido - “Marinha Quieta”. Gostas?
- Não.
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sábado, 8 de março de 2008
SEMIÓTICA
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4 comentários:
Nem eu. Também não gosto... nada! Mas o mais chato é ter de admitir que o Mestre tem razão quando aponta esse título como o mais curial, o mais apropriado! E não é que há verdades que doi muito admiti-las?
Realmente a imagem é de uma nitidez absoluta. O grande problema deste "faz que anda mas não se move", é que não estamos só perante uma situação de incompeteência. A dirigir-nos temos uns moços, por ventura cheios de boa vontade, mas sem ideias, sem rasgo, sem ousadia, que se escondem por detrás das dúvidas e dos regulamentos para nada fazerem, desculpando-se com o eprigo de perda de mandato por tudo e por nada. É um "bando dos quatro" em versão sec. XXI, que nada resolvendo por medo de tomat decisões políticas, vão provocando problemas na economia concelhia e, mais grave, acabam por ser responsáveis pelo encerramento de empresas, algumas da área do vidro, que existem há mais de 50 anos, criaram a sua marca, estão no mercado e querem lutar para manter viva a tradição secular de transformar o vidro em arte.
Estes macaquinhos amestrados, um deles e agora principal responsável político por decisões que não tem coragem para tomar, foi daqueles que dirigia um sindicato e recebeu dinheiro da Câmara PS ( o que é ilegal) para manter os fornos da M.P. Roldão acesos, até que a última esperança os apagasse.
Tinha coragem para insultar e apedrejar os autarcas de então, mas agora, travestido de Vice-Presidente, falta-lhe em coragem o que lhe sobrava de arruaça.
100% apoiado anónimo 3:23
apoiado
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